Laxante pode impedir absorção de nutrientes pelo intestino

Grande parte da população brasileira sofre de problemas intestinais, e percebe isso, principalmente, na hora de ir ao banheiro. Dificuldades de evacuação levam muitos a tomarem os laxantes, conhecidos por facilitarem a evacuação das fezes. Existem até pessoas que, preocupadas com a estética, tomam laxante em excesso e sem prescrição médica para emagrecer.

A Nutricionista Daniela Menardo explica o que é a prisão de ventre, os processos do intestino e o que o uso do laxante pode causar em nosso organismo.

“A prisão de ventre (constipação) acontece quando os movimentos do intestino tornam-se difíceis ou menos frequentes, e você passa a ter fezes muito ressecadas, que exigem um esforço muito grande na hora de evacuar, comumente associado a uma sensação de cólica e desconforto.
Devemos ter em mente que um intestino saudável é aquele que está íntegro para absorver vitaminas e minerais, e eliminar as toxinas e os resíduos que o organismo não precisa mais. Nosso organismo é formado por células que, por sua vez são compostas de nutrientes. Tudo que comemos é absorvido no intestino, todas as vitaminas e minerais. Portanto, se o intestino não está saudável, não absorvemos os nutrientes de forma adequada, prejudicando o sistema imunológico, nossas funções hormonais e o sistema nervoso. Dessa forma, um intestino ruim pode agravar ou até ocasionar problemas físicos e emocionais, como as doenças neurológicas. A má absorção intestinal pode diminuir a produção dos neurotransmissores (como serotonina, por exemplo) já que a produção dos mesmos depende de diversos nutrientes vindo da alimentação”.

Laxantes
Os laxantes são substâncias que têm por finalidade aumentar o número de evacuações. São indicados quando a terapia nutricional oral não é eficiente nos casos de constipação crônica e no uso em longo prazo de medicamentos como narcóticos e analgésicos. O uso de laxantes está indicado ainda para prevenir o sangramento nas hemorróidas e para evitar o esforço evacuatório nos casos de infarto do miocárdio.
O uso de laxantes de maneira indiscriminada é um perigo para a saúde, pois eles causam lesões na parede intestinal e levam à má absorção de nutrientes. A consequência mais grave é a perda da função intestinal; o intestino para de funcionar e a pessoa começa a ficar viciada no uso desse medicamento, sendo necessário cada vez mais aumentar a dose para fazer um efeito, chega um momento que o medicamento não terá mais efeito algum.
Mesmo em relação aos laxantes naturais, Daniela afirma que eles também fazem mal e prejudicam o intestino.

Daniela Belinatti Menardo de Oliveira - Nutricionista Esportiva e Funcional CRN 10334 Fone:3872-3008/ 3872-3121

Daniela Belinatti Menardo de Oliveira – Nutricionista Esportiva e Funcional
CRN 10334
Fone:3872-3008/ 3872-3121

O que fazer?
“Podemos usar alguns fitoterápicos para alívio, mas isso não resolve. Temos que aumentar o consumo de fibras, beber 2 litros de água por dia, comer muitas frutas, sementes, lactobacilos para recolonizarem a flora intestinal, couve, mamão, abacaxi, ameixa e castanhas.
Porém, nem sempre somente melhorar a alimentação fará seu intestino funcionar melhor. Na maioria das vezes, temos que associá-la ao uso de prebióticos e probióticos para melhorar a flora intestinal.
Prebióticos e probióticos: são alimentos funcionais que promovem a função benéfica no crescimento, desenvolvimento, manutenção e outras funções normais do organismo humano. Podemos encontrá-los em alguns alimentos, porém, a melhor forma de utilizá-los é através do lactobacilos comprados em farmácias ou em lojas de suplementação e produtos naturais, na forma de pó ou cápsulas.
Os probióticos promovem a defesa do nosso organismo (sistema imunológico) e absorção de nutrientes (vitaminas do complexo B, cálcio e ferro), melhoram o controle do colesterol e auxiliam na redução do risco de câncer. Já os probióticos são alimentos digeríveis que estimulam o crescimento de colônias de bactérias benéficas, os lactobacilos. Assim, os lactobacilos conseguem se manter vivos e cumprir sua função na flora intestinal. Os prebióticos contribuem para normalizar a motilidade intestinal, consistência das fezes, prevenindo, assim, a diarreia e a constipação intestinal, propiciando uma microflora saudável, eliminando excesso de glicose e colesterol, além do triglicérides. Podemos encontrá-los em frutas e legumes, assim como banana verde, batata yacon, entre outros.

Alguns alimentos colaboram para a saúde intestinal, como: água, fibras alimentares encontradas nas frutas com casca e legumes, assim como no farelo de trigo, grãos integrais (grão de bico, quinua, amaranto, lentilha, arroz integral, massas integrais) e verduras. Já as fibras solúveis, que são representadas pela pectina, gomas e mucilagens, como a fibra de maçã, também são de grande valia para o funcionamento intestinal. Todos eles melhoram o trânsito intestinal e contribuem para um intestino saudável.
Por outro lado, alguns alimentos, como caseína (proteína do leite), o glúten (proteína do trigo), cevada, malte, soja e centeio são altamente alergênicos e prejudicam a flora intestinal, porém, devemos ficar atentos, pois, estudos e práticas clínicas mostram que essa resposta é muito individual”.

Equívocos
“Um erro bem comum é o de avaliar o intestino simplesmente pelo fato de evacuar ou não. O intestino deve ser avaliado pelo trânsito intestinal, formato das fezes, se há ou não gases e estufamento abdominal, presença ou não de dores ou pontadas no trato gastrointestinal, presença ou não de odor fético proveniente dos gases, cor e tamanho das fezes, cabelos, pele e unhas saudáveis, sensação ou não de bem estar, enfim, são vários sintomas que podemos diagnosticar para saber como está a saúde intestinal.
Outro erro que atrapalha grandemente o intestino é o de beber líquido junto com a refeição, pois impede a ótima absorção dos nutrientes.
E, por último, e não menos importante, o erro de não comer frutas e vegetais frescos. O uso de produtos industrializados em excesso, como produtos de caixinhas, saquinhos, em pó ou compactados e carnes processadas (embutidos), que são ricos em substâncias tóxicas que prejudicam todo esse funcionamento do organismo, inclusive, o intestino”.