Uma operação do Ministério Público Estadual cumpriu diversos mandados de Prisão e de Busca e Apreensão em toda a região, na manhã de quarta-feira (11). A Operação ‘Vidocq’ contou com o apoio de equipes do BAEP (Batalhão de Ações Especiais de Polícia), de Campinas.
As prisões aconteceram nas cidades de Campinas, Paulínia, Hortolândia, Cosmópolis e Artur Nogueira.
No total, 19 pessoas foram presas, sendo duas em Cosmópolis, acusadas de envolvimento com a quadrilha. Um dos presos é um Investigador da Polícia Civil, e o outro, um Guarda Municipal que estava cedido para a Delegacia.
Ao todo, foram expedidos 17 mandados de Prisão Temporária, 22 de busca e apreensão. Um dos alvos da operação não foi preso.
Também foram expedidos Mandados de Apreensão de 16 veículos, sendo localizados 14 deles.
Duas pessoas foram presas em flagrante. Elas estavam vestidas com a farda da Polícia Militar Rodoviária (PMR). Os dois homens não eram alvos da operação.
Jandir Moura Torres Neto, promotor do GAECO, falou sobre as prisões durante entrevista coletiva. “Essa operação decorre de uma investigação do Ministério Público do Estado de São Paulo, por meio do GAECO de Campinas, que visa apurar uma organização criminosa que era destinada à prática de crimes de Roubo Circunstanciado e de Furto Qualificado de cargas na região de Campinas”, disse o promotor.
Como característica, os integrantes do grupo criminoso utilizavam fardamentos de Policiais Militares como forma de facilitar a abordagem dos motoristas.
O Promotor do GAECO também explicou que as prisões expedidas são temporárias. Ele deixou claro que “como se tratam de prisões temporárias, elas se destinam e servem para a investigação criminal. Então, algumas informações relacionadas à investigação criminal, a gente não vai poder divulgar”.
Participação dos Policiais
Sobre a prisão dos Policiais, o Dr. Torres, do GAECO, disse que “durante a investigação, foi possível constatar, ao menos pelos indícios que apareceram durante a investigação, que o grupo era composto por agentes públicos”.
Ainda sobre a participação desses policiais nos crimes, o promotor esclareceu que “não há nenhum indicativo na investigação, de qualquer desses agentes públicos participando da prática de crimes de roubo ou de furtos realizados pela quadrilha. A participação deles é de outra ordem, que, por enquanto, não vou poder esclarecer”.
Dr. Torres falou sobre a surpresa ao descobrir a participação de agentes públicos na ação. “São agentes que, em tese, são investidos de uma parte do poder público justamente para combater esse tipo de conduta”.
Início das investigações
A investigação dos Promotores começou no fim do ano passado.
De acordo com o GAECO, aproximadamente, 20 eventos criminosos foram praticados pela organização criminosa.
“Especialmente na região de Paulínia, Cosmópolis e Artur Nogueira, é muito frequente a prática de roubos de carga. Especialmente porque tem combustível, tem transporte de carga de alto valor, como na nossa investigação”, disse Dr. Torres.
Furtos e roubos
Os roubos aconteciam a partir da abordagem das vítimas por um falso Policial. Usando fardamento da Polícia Rodoviária ou da Polícia Militar, os motoristas eram abordados.
A abordagem, às vezes, acontecia para uma falsa ‘blitz’. Em alguns casos, no entanto, o falso Policial, fardado, pedia carona e abordava a vítima.
Também está sendo apurada a participação de alguns motoristas, que entregavam a carga para a organização criminosa e depois registravam a ocorrência como roubo.
“Em alguns casos, que precisam ser melhor investigados, havia a participação dos motoristas. O motorista entregava a carga para o grupo e registrava a ocorrência. Aparentemente, esse tipo de crime tem a informação do tipo de carga”, explicou o promotor.
Ação controlada
A força tarefa também fez uso de ações controladas, que consistem em uma estratégia de investigação para a obtenção de provas concretas sobre a atuação do grupo. “Inclusive, mediante autorização judicial, para a realização de ação controlada, em alguns casos. Eu estou falando que a gente monitorou alguns eventos. Mas por que não prendeu em flagrante? Porque a gente tinha autorização para realizar a ação controlada”, explicou o promotor.
Bens apreendidos
Entre os bens apreendidos estão caminhões e carros, em um total de 14 veículos.
Sobre esses bens, Dr. Torres explicou que “os veículos apreendidos foram identificados como ou porque foram utilizados durante as ações criminosas ou porque foram utilizados por membros do grupo para facilitar a ação da organização criminosa, como: para levar os membros para reuniões, para levar os membros de um lugar para outro ou, porque, eventualmente, tenham sido frutos da aquisição em decorrência dos produtos dos crimes realizados pelo grupo criminoso”.
A investigação da atuação do grupo criminoso continua. A partir do material que foi apreendido durante a operação será possível esclarecer melhor como era a atuação da organização criminosa.
O Policial Civil que foi preso foi encaminhado para o Presídio da Polícia Civil na capital paulista. Já o Guarda Municipal vai cumprir a Prisão Temporária em Campinas. Ambos são de Cosmópolis.