Em 2017, a E. E. Dr. Paulo de Almeida Nogueira, mais conhecido como Gepan, comemora 60 anos. Para homenagear a escola, o aposentado José Pedroso da Silva escreveu um texto contando a história da primeira turma até a formatura, em 1961. Confira abaixo o texto:
“Tudo começou a partir de 1954, com o lançamento da “Pedra Fundamental” para a construção do Ginásio Estadual Dr. Paulo de Almeida Nogueira – GEPAN (homenagem a um dos proprietários da Usina Ester) em Cosmópolis, no imóvel da Secretaria da Agricultura (Sericicultura) que, até essa época, era utilizado para plantação de amoreiras, cujas folhas serviam de alimentos para as lagartas conhecidas como bicho da seda, que depois de se alimentarem iam se envolvendo em fios construindo casulos. Esse fio era a matéria-prima das tecelagens para a confecção dos tecidos de seda.
Após a inauguração do Ginásio, em 1957, foi realizado o exame de admissão para um grupo de jovens que pretendia ingressar no Ginásio (1ª Turma). O início das aulas se deu a partir de fevereiro de 1958, com classe mista de trinta e sete alunos, nos horários das 11h às 17h, inclusive, aos sábados.
Tudo estranho, tudo novidade; os professores recém-formados, comportamentos diferentes daqueles que convivemos na época do Grupo Escolar com os professores no estilo conservador (Dorival com seu famoso apito, Aníbal, Paulo, Elisário, Onélia Kalil, Rosinha (irmã da Professora Maria Rossi Machado, 1ª Vereadora de Cosmópolis), Dona Branca, Odete, Carlota, Dona Santa, Diretor Seu Geraldo e o famoso Inspetor Waldemar Madsen).
Primeiro dia de aula: apresentação da Diretora dando boas vindas aos alunos e professores; em seguida, a Diretora solicitou que os alunos anotassem alguns itens importantes para o bom funcionamento da escola: 1) Comportamento disciplinar dos alunos, obedecer, principalmente, os horários de entrada e saída das aulas; 2)Faltas das aulas serão justificadas somente por comprovantes assinados pelos pais ou responsáveis; 3)Uso obrigatório de uniformes. Em comum acordo entre diretora, professores e alunos, foram escolhidas as cores dos uniformes – Meninas: saia azul, blusa branca, gravata vermelha, sapatos pretos e meias brancas (soquete); Meninos: calça cáqui (bege), camisa branca manga comprida, gravata preta, sapatos pretos e meias brancas.
Já uniformizados, os alunos saiam de suas casas, caminhavam orgulhosamente pelas ruas da cidade em direção ao Ginásio, sob os olhares das pessoas. Matérias disciplinares: Matemática (no grupo, era aritmética), Português, História (geral e do Brasil). Geografia, Ciências, Latim, Inglês, Francês, Desenho, Trabalhos Manuais, Canto Orfeônico, Religião e Educação Física.
A partir daí, começou a história do Gepan. Alunos e professores foram se conhecendo, se comunicando, tornando a sala de aula um ambiente aprazível, onde os alunos muito interessados tiveram um aprendizado que contribuiu, sem dúvida nenhuma, para sua formação profissional, moral e familiar. Foi a época da inocência. Os alunos foram companheiros, solidários, tanto é que, a cada dez anos, os colegas que se formaram na primeira turma (1961) se encontravam para comemorar e reviver os bons momentos compartilhados na época.
Relembraram das professoras Neusa Lapola, Lúcia Myrian Tralli, Maria Virgínia Elias, além de professoras, foram verdadeiras amigas. Relembraram o dia da escolha do emblema do Ginásio, cores e a belíssima frase (AD ASTERA PER ASPERA: “ÀS GRANDES ALTURAS POR DIFÍCEIS CAMINHOS”); relembraram do último ano (1961), ano da formatura.
Quanta correria, expectativa, ansiedade na cabeça dos futuros formandos. Relembraram da Formação da Comissão Organizadora da Festa de Formatura, da Cantina, do Concurso Rainha dos Estudantes, do Baile da Coroação, cujo valor arrecadado foi suficiente para realizar o primeiro Baile de Formatura de Cosmópolis nunca visto igual até o presente momento.
O Baile foi realizado nos Salões do Cosmopolitano Futebol Clube, no dia 16 de Dezembro de 1961, quarta-feira, às 22 horas, com o Conjunto “Biriba Boys”, de São José dos Campos, que se apresentava semanalmente na TV RECORD de São Paulo. Relembraram, também, dos serviços de “Buffet” do famoso Bié Mascaro, da Ornamentação feita pela Floricultura de Campinas, do Quadro de Honra feito pelo Dante Orlione.
Curiosidades
Para contratar o Conjunto Biriba Boys, cujo responsável era Sergio Weiss, funcionário do Banco do Brasil, este modesto colaborador e o saudoso e amigo José Honorato ligaram na residência do Sergio, às 20 horas. Depois de ouvirem que a única data disponível era dia 16, quarta-feira e o valor do Conjunto seria C$ 60.000,00 (Sessenta mil cruzeiros), correspondente, no valor de hoje, a R$ 180.000,00 (Cento e Oitenta mil reais), sem titubear, foi confirmada a vinda desse fabuloso Conjunto para a nosso Baile.
Vejam os senhores a confiabilidade e a credibilidade da época. Esses profissionais concordaram de se apresentar em Cosmópolis, mediante um simples telefonema, sem se conhecer e um valor astronômico; isso também aconteceu quando contratamos o mais famoso “Chef” da Sociedade Campineira “Bié Mascaro”, árabe, grandalhão – diante dele, eu, modesto colaborador suado, sem palavras, consegui dizer que seria realizado em Cosmópolis o primeiro Baile de Formatura. Bié Mascaro perguntou: quando vai acontecer. Respondi: dia 16 de Dezembro, quarta-feira, às 22 horas. Bié Mascaro olhou na minha cara, teve mais pena do que outra coisa, confirmou sua presença no Baile.
Fui também nas Lojas Cecato, de Campinas, conversei com o gerente, contei a mesma história e consegui o empréstimo das taças, pois, Bié Mascaro ofereceu, para cada formando, uma garrafa de champanhe. Todas as empresas que contratamos se apresentaram no dia 16 de Dezembro de 1961, em Cosmópolis, nos Salões de Festas do Cosmopolitano Futebol Clube.
Conjunto Biriba Boys, Bié Mascaro, Floricultura Campineira, as taças das Lojas Cecato. Todos eles acreditaram nos jovens cosmopolense que proporcionaram e presentearam a Sociedade cosmopolense com o maior Baile realizado até a presente data. Bastou apenas o chamado “Fio do Bigode”(confiabilidade). Grandes personalidades da sociedade cosmopolense: contabilistas, economistas, professores, diretores, médicos, jornalistas, empresários, prefeitos, vereadores e muitos outros saíram do Gepan, fizeram faculdades e contribuíram com o desenvolvimento e o progresso da cidade.
Não sei dizer qual é o segredo do Gepan. Esse prédio tão acanhado por fora, mas, quando atravessam aquela porta de entrada, as pessoas sentem um poder de transformação contagiado pelo aroma adocicado das amoras, cujo prédio do Gepan foi construído sobre as raízes da amoreir
Colaborador José Pedroso da Silva, formando da 1ª Turma do Gepan – 1961
as. Tanto é que Nilze Chiriato fez parte da 4ª Formatura do Gepan, fez magistério, pedagogia e se
guiu em busca dos seus sonhos.
De repente, aquele cheiro adocicado das amoras atraiu fortemente a Nilze, impregnando-a de tal forma que ela voltou como Diretora do Gepan, remodelou, reestruturou o prédio, com novas salas, tornando o ambiente ainda mais prazeroso. Todos os anos, a Escola Gepan é homenageada e escolhida como uma das melhores Escolas de Ensino da Região Metropolitana de Campinas. Hoje, Nilze Chiriato de Moraes é conhecida nos quatro cantos da cidade como a “Nilze do Gepan”. Coube à Diretora Nilze subir no lugar mais alto do Gepan, hastear a Bandeira com o emblema da Escola e exclamar: ‘AD ASTERA PER ASPERA; ÀS GRANDES ALTURAS, POR DIFÍCEIS CAMINHOS’”.
Por José Pedroso da Silva
