A copa acabou, viva o Brasil!

Que bom que o Brasil perdeu a copa, que bom! Mas antes que eu receba pedradas da internet, principalmente, pelos haters, escrevendo “que antipatriota você é”, “Por que você está comemorando o Brasil ter perdido?”, “Você deveria ir embora daqui”, por favor, calma, assista ao vídeo até o final e você vai entender por que eu começo o vídeo dizendo “que bom que o Brasil perdeu a copa”. Não, de maneira nenhuma, eu perdi meu patriotismo, meu orgulho pelo Brasil, de forma alguma. O problema você sabe qual é? O futebol é a paixão do brasileiro, mas é uma paixão exagerada. O problema, muitas vezes, com alguns gostos pessoais que nós temos, não é o gosto em si, mas em que local o colocamos.
Infelizmente, diferente dos alemães e outros países de primeiro mundo, o futebol para o brasileiro é quase um “Deus”, é quase um senhor. Eu sei que a Alemanha também investe em futebol, eu sei que também a Itália investe no futebol. Mas, não é só nisto. Você vê, a Alemanha investiu no futebol, mas olha as estradas da Alemanha. E não adianta ninguém me falar que a culpa é do governo, que futebol não tem nada a ver com o governo, porque tem sim.
Lembre-se, o futebol é uma equipe que fatura milhões por anos, a projeção dos times brasileiros é de um faturamento de trezentos milhões a quinhentos milhões por ano e sem pagar impostos. Sabe por quê? Futebol é considerado no Brasil uma empresa sem fins lucrativos. Como uma empresa pode ser sem fins lucrativos rendendo tantos lucros e com jogadores tendo salários tão astronômicos? Então, o problema não está no futebol em si.
Não é pecado jogar bola, não é pecado torcer por um time, mas talvez seja pecado colocá-lo na plataforma como se fosse um “Deus”. É este meu ponto, então repito para ficar bem claro: eu não sou contra o brasileiro gostar de futebol. Eu sou contra o brasileiro idolatrar o futebol. Eu não sou contra você gostar de uma bolinha no fim de semana. Eu sou contra você colocar isso como o Senhor da sua vida. Eu não sou contra vestir uma camisa verde e amarela e torcer pelo Brasil, para que ele ganhe. Eu sou contra fazer disso objeto de nossa vida, esquecendo do dever de casa.
Eu também torci pelo Brasil, mas não ao ponto de tornar o Brasil o Senhor da minha vida, no sentido de futebol, você entende.
Sabe, agora que o Brasil perdeu a copa, está na hora de começarmos a torcer de verdade por outro time de grandes jogadores que nós temos que não são famosos, são times com escalações bem simples. Está na hora de torcer pela dona Maria que pega metrô lotado todos os dias para talvez pagar as contas e sustentar sozinha uma casa; está na hora de torcer pela faxineira do prédio que luta todos os dias para limpar ali para levar comida para os seus filhos; está na hora de torcer pelo menino da periferia que, apesar de viver num ambiente cheio de drogas, não se corrompe e vai para a escola; está na hora de torcer por aquele cobrador de ônibus, aquele motorista que faz todo dia a sua tarefa; está na hora de torcer pelo universitário brasileiro que quer estudar para tornar o Brasil um lugar melhor. Está na hora do povo brasileiro torcer não por um grupo de jogadores milionários, mas pelos outros brasileiros que, como eles, estão enfrentando a dura dificuldade no nosso país.