A depressão e seus muitos sentidos e significados

Doença não se resume nesse aspecto estritamente químico, orgânico, biológico. Ela vai muito mais além…

Por: Natal Marsari Neto

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Natal Marsari Neto Psicólogo CRP: 06/61754 Centro de Desenvolvimento Pessoal de Cosmópolis Fone: (19) 3872 1279

Em março, farei meu segundo workshop deste ano para tratar do tema da depressão. Em parte, porque, neste ano, a depressão é o tema da campanha da Organização Mundial da Saúde e, através de uma oficina, temos a chance de refletir e aprender mais sobre o assunto. E também porque ao longo dos meus anos de trabalho com pessoas acometidas desse mal aprendi importantes lições que acredito poder contribuir muito para o entendimento e, sobretudo, para o enfrentamento e superação dessa doença.
O primeiro aspecto para o qual chamo a atenção está no nome desse artigo; os muitos sentidos e significados da depressão. Isto quer dizer o seguinte: muito embora a depressão possa ser classificada como qualquer outra doença, com um conjunto de sintomas e sinais que permitem a identificação e a realização de um diagnóstico, ela é, na verdade, muito mais do que isto.
Para fins médicos, para fins de tratamento medicamentoso, basta a realização de um bom diagnóstico para saber exatamente de qual tipo de depressão se trata para então poder medicar corretamente o paciente. Assim, temos vários tipos de depressão que um bom médico sabe bem distinguir qual é qual e desse modo tratar seu paciente.
Contudo, a depressão não se resume nesse aspecto estritamente químico, orgânico, biológico. A depressão vai muito mais além. Toda depressão possui uma dimensão psicológica importante, e é aqui que podemos falar de seus muitos sentidos e significados.
Por que muitos sentidos e significados? Simples. Pelo fato de ninguém ser igual a ninguém e ninguém ter a mesma história de outra pessoa. Desse modo, fica mais fácil compreender que muito embora a doença seja “a mesma”, as pessoas e suas histórias não o são e isso muda tudo no sentido de nos obrigar a uma leitura própria para cada situação.
Podemos dizer que a depressão é uma para cada pessoa. E não é só isso. A depressão é única também de acordo com o momento no qual se manifesta, ou seja, não possui um sentido único para cada pessoa em todos os momentos da vida dessa pessoa, mas sim, um sentido único para cada pessoa e para cada momento de vida da pessoa.
Isto quer dizer que uma pessoa de cinquenta anos pode ter tido ao longo de sua vida pelo menos três episódios de depressão. Para cada momento da vida, a “mesma” depressão possui um sentido e um significado próprio.
Por que acho importante chamar a atenção para esse aspecto da depressão? Bem, hoje em dia, tem sido muito comum muita gente falar de depressão como se fosse algo simples, banal, inclusive, pessoas na internet que prometem “curar” a depressão com fórmulas simples e mágicas.
Acredito que esse tipo de coisa pode confundir ainda mais as pessoas acerca da realidade e da seriedade do problema que temos que enfrentar. A depressão nunca foi e nunca será brincadeira, nem coisa para amadores. É uma doença seríssima que tem levado pessoas ao suicídio, ou à uma vida de muita infelicidade.
Portanto, falar da depressão é importante, e como não é possível abordar muita coisa de uma única vez, escolhi falar nesse workshop acerca do sentido e significado do problema para cada pessoa para ressaltar a importância e necessidade de distinguirmos o doente da doença. Uma coisa é a pessoa e outra coisa é sua enfermidade.
Compreender a singularidade de cada sujeito e sua subjetividade em cada momento de sua vida me parece um modo de traduzir um pouco a imensa riqueza e o grande potencial que cada ser humano traz dentro de si. Potência de viver, aprender, descobrir-se e, sobretudo, reinventar-se ao longo do caminho.