A fé que move o turismo religioso no país

No sábado (13), o ônibus conduzindo guias de turismo especializados em roteiros religiosos era mais um dos que chegam diariamente na pequena cidade de Santa Cruz (RN), no sertão potiguar. O grupo fez uma visita técnica ao município localizado a 120 quilômetros de Natal, que recebe diariamente romeiros, excursionistas e turistas que desejam conhecer a estátua de Santa Rita de Cássia no alto de um morro. A prefeitura já contabiliza, em média, mil visitas por dia e os registros ultrapassam 350 mil por ano.
O turismo religioso alterou a rotina e a economia da cidade nas margens secas do rio Trairi e cortada pela BR-226, que liga a capital à região do Seridó. De ponto de passagem, Santa Cruz virou destino de curiosos por conta da estátua de 56 metros de altura e de devotos da santa das causas impossíveis.
De sábado até 22 de maio – dia da padroeira – quando são esperados mais de 300 ônibus, a cidade vive seu momento mais festivo. Já na abertura da festa, os guias puderam comprovar em Santa Cruz como a fé pode transformar cidades, a exemplo de outros grandes centros do turismo religioso. Hotéis e restaurantes lotados, bem como o comércio de artigos religiosos e artesanato, entre outros serviços, fazem girar a economia local.
Atento à movimentação turística, o empresário Demontier Borges abriu um restaurante ao lado da antiga padaria. Ele chega a servir até duas mil refeições nos dias de maior movimento. Por causa da demanda, o padeiro já decidiu que vai ampliar os negócios com foco no atendimento aos visitantes.
Em São Paulo, a Basílica Nacional de Aparecida, maior santuário mariano do mundo, é um exemplo de como o turismo transforma a economia de um destino. São 12 milhões de visitas por ano. Tudo começou aos poucos, há 300 anos, quando pescadores encontraram a imagem de Nossa Senhora Aparecida no Rio Paraíba do Sul. Atualmente, o turismo movimenta 80% da economia local e de municípios vizinhos, como Cachoeira Paulista e Guaratinguetá. As duas cidades recebem, respectivamente, 1,2 milhão e 600 mil visitantes por ano, em função da Canção Nova e do santuário de Frei Galvão, primeiro santo brasileiro.
Um levantamento da Expotour Católica, com os 15 maiores destinos de turismo religioso do Brasil, apenas do segmento cristão, revelou uma movimentação anual de 35 milhões de visitantes. “Temos mais de 300 destinos com oferta de turismo religioso, calendário de eventos e produtos prontos para comercialização” disse Manoel Sidnésio, organizador da exposição anual que ajuda a consolidar o segmento e revelar novos destinos.
Para ele, o potencial econômico do turismo religioso, inclusive não cristão, ainda é pouco explorado. Santa Cruz é um exemplo embrionário de Juazeiro do Norte (CE) no passado. Hoje, a cidade do Cariri cearense é um polo comercial, industrial, universitário e hospitalar que tem no turismo religioso um grande aliado do desenvolvimento regional.
INFRAESTRUTURA – O Ministério do Turismo apoia os destinos com investimentos em infraestrutura, promoção e qualificação. A construção de um teleférico, em Santa Cruz, ligando a matriz, no centro da cidade, ao alto de Santa Rita de Cássia vai facilitar a mobilidade e atrair ainda mais visitantes. As estações de embarque e desembarque já estão prontas e a etapa móvel do teleférico de 1,5 km está em fase de licitação. A previsão de investimento da Pasta na obra é de R$ 13 milhões.
A cidade também acaba de ganhar outro atrativo para os visitantes, o Museu Rural. Instalado em uma fazenda de casarão secular, o atrativo reúne mais de três mil peças sobre os costumes, o trabalho doméstico e a vida no campo. No local, o turista desfruta do Parque da Borborema, um conjunto de atrativos voltados para o turismo rural e de aventura em sintonia com a preservação da natureza.

Ministério do Turismo