Desde o primeiro contato, a mãe desempenha um papel crucial na vida de uma pessoa, moldando sua personalidade e influenciando seu bem-estar emocional ao longo da vida
A mãe é a primeira pessoa que o ser humano tem contato na vida. A partir desse ponto é possível pensar a importância desse Ser na existência de uma pessoa, seja essa mãe presente ou ausente. Não necessariamente a mãe precisa ser uma mulher, pois a mãe pode ser entendida como uma função, a função materna, aquela que recebe, acolhe, ampara, acarinha, cuida desde as primeiras horas de vida das necessidades fisiológicas e emocionais. Por isso até um homem pode exercer essa função, também alguém que não a tenha gerado, como mães adotivas e cuidadoras em lares institucionais (orfanatos).
Para a maioria dos bebês será a mãe a responsável pela sua sobrevivência. No reino animal, o “filhote” do ser humano é o único com total dependência do cuidado materno por alguns anos. O recém-nascido encontra-se na condição de desamparo quando chega ao mundo, daí o porquê do estabelecimento dessa relação de dependência com sua mãe.
Essa convivência inicial é fundamental na construção do sujeito na sua vida, é capaz de moldar a personalidade. Acredita-se que logo no primeiro ano de vida se criará uma estrutura básica que o acompanhará pela vida adulta. Esse modelo básico estabelecerá como essa pessoa irá se relacionar consigo próprio e com os outros durante sua vida. A mãe está relacionada com o aprendizado dos sentimentos e emoções, por isso fontes teóricas pontuam sobre a responsabilidade materna na construção da saúde mental dos filhos.
Sim, é claro que a saúde mental e o desenvolvimento físico e cognitivo das crianças sofrem outras influências como ambiental, físicas/genéticas, sociais, e outras experiências vividas, entretanto o apoio e cuidado parental é uma das condições psicossociais fundamental para o crescimento de uma pessoa, e particularmente nessa matéria, estamos ressaltando a importância da mãe. Não se trata de uma generalização e uma culpabilização da mãe, e sim a demonstração do quão complexo é a construção de um ser humano e o quanto as relações afetam.
Pesquisas demonstram que interações positivas com a mãe nos primeiros 16 anos de vida estão associadas a benefícios como permanecer mais tempo em estudo na escola, melhor foco e memória, melhor satisfação na relação conjugal na idade adulta. Assim como o apoio parental (pai e mãe) precoce diminui chances do desenvolvimento de problemas psicológicos e físicos ao longo da vida até mesmo na velhice. Relações problemáticas com a mãe também podem refletir no desenvolvimento psicoemocional ao longo da vida.
Ser mãe implica em diversas mudanças na vida dessa mulher e, consequentemente, o seu estado emocional também pode sofrer transformações. Muitas vezes, quando essa mãe não está bem, desregulada emocionalmente, é bem provável que ela também não conseguirá regular o emocional da sua criança. Infelizmente, fala-se pouco sobre a saúde mental materna, e a mensagem que fica implícita é que uma mãe tem que dar conta. Em cada 10 mulheres, 7 não falam ou minimizam as dificuldades e os sintomas da sua saúde mental em crise. A mãe pode estar em estresse crônico, em exaustão diante das demandas que acompanham a maternidade. É fundamental tratar do bem-estar dessa mulher. A maternidade é para a vida toda e a sua saúde mental é o aspecto mais importante que influenciará no crescimento saudável da criança.