Os pais devem ficar atentos à dificuldade de atenção, angústia, agressividade, irritabilidade, isolamento e cansaço
Neste período de pandemia, a USP realizou uma pesquisa em que 7 mil crianças e jovens (de 5 a 17 anos) foram entrevistados. Foi constatado que 1 em cada 3 apresentaram sintomas de ansiedade e depressão. O isolamento social pode ser o responsável pelo agravamento desses casos, já que a maioria das tarefas fica restrita e até mesmo proibida.
As crianças tiveram que se adaptar ao novo, buscando entender o comportamento de todos dentro de casa, já que todos tiveram que se reinventar. A princípio, não ir a escola pareceu algo muito bom, mas, depois, virou um tédio pela falta do que fazer e é aí que começaram a surgir os problemas. Outros problemas também são percebidos pelos pequenos, como os financeiros, os conjugais, entre outros.
As crianças necessitam da “sensação de normalidade” e o que pode melhorar o humor das crianças é interagir com outras crianças, ainda que em quantidade reduzida. A criança não tem facilidade verbal de expressar suas dores e conflitos e elas também acabam percebendo o medo e a insegurança dos pais. A criança expressa muito mais em movimentos corporais, por isso, necessita tanto do brincar, correr, pular. Muitas vezes, dar apenas uma volta no quarteirão pode fazer a diferença para a criança.
O confinamento acaba por afetar os momentos de atividades e de socialização. Com isso, pode haver uma desordem emocional e até, futuramente, uma dificuldade de se relacionar.
Os pais devem ficar atentos à dificuldade de atenção, angústia, agressividade, irritabilidade, isolamento e cansaço. Alterações de apetite (excesso ou recusa) e sono (aumento ou diminuição), dores de cabeça e estômago podem ser sinais de alerta em se tratando de depressão infantil. Os primeiros sinais de que a criança pode estar com depressão são físicos e muitos pais podem até confundir os sintomas com “manhas”.
Quando observar que algo não vai bem no humor dos filhos, buscar ajuda para intervir antes que a depressão infantil já tenha se instalado. A escola também pode ajudar no diagnóstico, e os primeiros sinais podem ser o baixo rendimento escolar e a dificuldade em realizar tarefas devido à falta de concentração.
Atualmente, as aulas retornaram, mas apenas parcialmente em relação à quantidade de alunos presentes na sala de aula. Então, uma grande maioria ainda continua em casa.
Para auxiliar, neste momento, é fundamental que se tenha um espaço para que se possa distrair com brincadeiras. Um ambiente lúdico em casa em que brinquedos e brincadeiras podem fazer a diferença. O brincar pode possibilitar às crianças um desenvolvimento saudável, tanto físico quanto mental. Desenvolve a coordenação e habilidades socioemocionais que ajudam a lidar com as emoções. Brincar com os animais de estimação, brincar de cozinhar com os adultos, os pais resgatarem as brincadeiras do seu tempo, sessão pipoca com filmes escolhidos por todos. Para os adolescentes, existem vários jogos. É importante a socialização, interação e momentos de diversão entre todos da família. Pais que estabelecem laços mais afetivos com os filhos estimulam o seu desenvolvimento psicossocial, e isso é considerado preventivo contra a depressão infantil.
O tratamento para a depressão infantil é um processo em que os pais, os professores, o médico e o psicólogo estarão envolvidos. A psicoterapia é imprescindível, pois, em muitos casos mais leves, esta é suficiente para curá-la. Já para casos mais graves será necessário associar o tratamento medicamentoso. Enfim, saber dessas informações sobre a depressão infantil pode ajudar na saúde das crianças.
Maristela T. Lopes Ramos
Psicóloga
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