“A cortesia é irmã da caridade, que apaga o ódio e fomenta o amor.” (São Francisco de Assis).
Há alguns dias fui abordado por uma pessoa que queria saber o que é necessário para fazer trabalho voluntário.
Respondi que, primeiro deve-se ter a vontade de “fazer o bem sem olhar a quem”; segundo, encontrar uma atividade que se identifique com o que se pretende fazer e; terceiro, ter disponibilidade de um pouco de tempo – algo que hoje em dia é muito precioso para todos nós – para doar a quem necessita.
Nas palavras do Dr. Marcus Rotta, cirurgião e fundador da AACC, “ainda hoje, muitas pessoas desconhecem as atividades desenvolvidas por um voluntário e os motivos para tornar-se um deles. Ser voluntário é ter o desejo de aplicar seus conhecimentos e habilidades especiais; participar de atividades que são importantes para a comunidade; ter um grande desejo de ajudar os outros; obter reconhecimento; sentir-se útil e necessário; ter interesse em aprender novas habilidades e participar de atividades agradáveis; corresponder à ajuda recebida anteriormente; aproveitar o tempo livre; diminuir a solidão e sentir que a própria vida tem um objetivo, um significado e alguma importância”.
Segundo dados fornecidos pela ONU – Organização das Nações Unidas – estima-se que, no Brasil, existem atualmente cerca de cento e vinte milhões de voluntários, atuando nas mais diversas atividades, um fenômeno originado pelo crescimento das desigualdades sociais e de novos conceitos de responsabilidade social corporativa e individual.
Dedicar-se a algum trabalho voluntário pode ser significativo para a carreira profissional. As empresas valorizam este aspecto devido à mudança que esta atividade causa em quem a desenvolve e pela experiência adquirida. “Imagine uma pessoa que nunca teve contato com a realidade das favelas, hospitais públicos ou com as dificuldades de doenças graves e deficiências físicas ou mentais. Quando ela passa a conviver com isto, a visão de mundo muda completamente, ela descobre um outro universo”, conta o coordenador do Centro de Estudos do Terceiro Setor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) de São Paulo, Luis Carlos Merege. Para ele, questionamentos nascidos desta descoberta provocam alterações também nos hábitos de consumo. “Muitos percebem que com sua renda mensal seria possível sustentar várias famílias”.
Para a consultora de Recursos Humanos do Grupo Foco, empresa especializada em organizar processos seletivos de diversas companhias, Camila Leal Bolzan Diniz, ser voluntário conta pontos a favor do candidato na entrevista de emprego. “Pessoas que prestam esse tipo de serviço, geralmente são pró-ativas, trabalham bem em equipe e tendem a ser mais flexíveis”, explica ela.
Mas Camila diz que embora as empresas prefiram os candidatos com trabalhos voluntários no curriculum, é preciso ter cuidado ao contar essas experiências na hora da seleção, pois há muitos oportunistas. “Muitas pessoas que sabem dessa preferência dos empregadores, dizem que são voluntárias, mas ao serem perguntadas sobre o trabalho, não sabem responder, pois consideram uma visita a um orfanato feita há anos, por exemplo, um ato de voluntariado”, conta Camila.
Para quem tem interesse no trabalho voluntário, uma boa alternativa são as ONGs (Organizações não-governamentais). Essas organizações atuam em várias áreas e têm demanda constante dos mais diversos profissionais. Não é difícil encontrar uma com um perfil que lhe interesse e que esteja fisicamente próxima de você.
É bom destacar que voluntariado é experiência espontânea, alegre, prazerosa, gratificante. O voluntário doa energia, tempo e talento mas ganha muitas coisas em troca: contato humano, convivência com pessoas diferentes, oportunidade de viver outras situações, aprender coisas novas, satisfação de se sentir útil.
Em que pese não fazerem parte do quadro de colaboradores, os voluntários têm uma regulamentação para exercerem suas atividades. A Lei 9.608/1998, sancionada pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso, denominada Lei do Serviço Voluntário, define que o trabalho voluntário não gera vínculo empregatício, pois é realizado em entidade pública ou privada, sem fins lucrativos, com objetivos sociais, sendo necessário, apenas, assinatura de termo de adesão.
Trabalho voluntário é uma atividade dignificante, pois desenvolve a consciência de cidadania através da multiplicação dos esforços.
Razões para fazermos trabalho voluntario, temos muitas, coisas que nos incomodam, como, por exemplo, as questões de desigualdade; é isto que nos mobiliza a participar de ações solidárias, caminho para um mundo melhor e mais justo.
Um forte abraço a todos.