A infância na rua

É desafiador em tempos tão diferentes falar da infância dos anos 80 e 90 às crianças de hoje

Você já observou algumas mudanças nas ruas de bairro nos últimos anos?

Consegue lembrar as muitas crianças correndo pelas ruas, seja atrás de bola, pipa ou pega-pega? Hoje, raramente, encontramos a criançada brincando. As brincadeiras na rua eram tradição nos anos 80 e 90 e marcaram a infância dessas gerações.

Gritos como “lá vou eu”, dados como alerta no esconde-esconde, ou “ovo choco está rachado, quem rachou foi a galinha”, jamais serão esquecidos por essa geração. Outra marca inesquecível são os números desenhados no chão para pular amarelinha. Bambolês também já tiveram seu tempo de glória. Pipa, queimada, futebol, pega-pega, corda, telefone sem fio, passa anel, taco, patins, carrinho de rolimã, bicicleta, bolinha de gude, telefone sem fio e até mesmo as bolhas de sabão permaneceram no topo das brincadeiras preferidas.

Essas brincadeiras incentivavam a atividade física, criatividade, interação social e ajudavam no desenvolvimento motor das crianças.

Juliana Schionato, Comerciante | Instagram: @Julianaschionato

Juliana Schionato,
Comerciante | Instagram: @Julianaschionato

O grande desafio ficava para as mães, que tinham a árdua missão de colocar as crianças para dentro de casa, para que pudessem tomar banho, jantar e dormir. Era comum pedir pro vizinho deixar beber água em sua casa com medo da mãe não deixar voltar pra rua e terminar a brincadeira.

Com o passar do tempo e o aumento da violência, as antigas brincadeiras se tornaram quase extintas e foram substituídas pelos eletrônicos. A tecnologia tornou-se atrativa, e os videogames e celulares se tornaram a melhor opção de lazer e diversão. No lugar de guerrinhas onde a munição eram mamonas, hoje temos TVs com telas enormes, jogos com gráficos perfeitos, um headset e uma cadeira confortável para passar horas sentado. Podemos destacar também a diversidade de séries disponíveis prontas para serem maratonadas.
Aliados à internet, os jogos formaram o elo perfeito entre brincadeiras e amizades online. E não podemos esquecer a propagação do cyberbullying, pseudos perfis em redes sociais e tantas outras armadilhas.

É desafiador em tempos tão diferentes falar da infância dos anos 80 e 90 às crianças de hoje e explicar que vivíamos sem celular e sem internet, e também vivíamos com os joelhos ralados e, mesmo assim, foram anos inesquecíveis.