“Passados não muitos dias, o filho mais moço, ajuntando tudo o que era seu, partiu para uma terra distante, e lá dissipou todos os seus bens, vivendo dissolutamente” Luc. 15:13.
Em 1979, cheguei a uma grande cidade mineira e, depois da pregação, um irmão convidou-me para almoçar em sua casa.
Durante o almoço, o irmão falou entusiasmado de seu único filho, um garoto loiro, de dezesseis anos, olhos azuis. A conversa girou em torno dos planos que tinha para o filho.
“Ele vai estudar medicina – disse – e, quando se formar, vou vender a fazenda e construir uma clínica para ele”. Quanta alegria, quanta esperança e expectativa! Era maravilhoso ver um quadro semelhante.
Um ano depois, voltei àquela cidade e, uma noite, logo após a pregação, aquele mesmo pai procurou-me desesperado.
– Pastor, o senhor precisa ir à minha casa e ajudar meu filho – disse aflito.
Fomos lá e, desta vez, o quadro era completamente diferente. O rapaz parecia um gato selvagem. Tinha o rosto cheio de espinhas e os olhos avermelhados. Um tique nervoso à altura dos olhos tornava seu aspecto mais deprimente.
Ficou apavorado quando me viu. Seria impossível reconhecê-lo se o pai não afirmasse que era o mesmo garoto loiro de olhos azuis que havia conhecido um ano atrás. Onde estava a pureza do olhar? Onde estava aquele rosto sereno de sorriso agradável?
Um ano! Apenas um ano! Em tão pouco tempo, as drogas tinham deformado aquela jovem vida.
“Passados não muitos dias”. Isto revela a rapidez com que o pecado estraga as coisas que toca. O ser humano começa a brincar “inocentemente” com o pecado e, pouco tempo depois, está atado da cabeça aos pés.
“Estou escrevendo esta carta para dizer que fui membro da igreja durante oito anos, mas, estou fora e não consigo retornar. Não tenho vontade de retornar, tenho vergonha. Por que, pastor? Por que é tão difícil retornar? Tenho vergonha de todos. Vivo escondendo-me dos irmãos. Estou perdido. Ajude-me, por favor!”
O clamor angustiante desta carta, lembra a atitude do filho que “passados não muitos dias” partiu para um país distante.
O ser humano tenta esquecer tudo que tem a ver com Deus. “Não me fale de Deus, nem dos irmãos, nem da igreja. Quero apagar tudo isso de minha vida. É um capítulo superado”.
Mas, Deus continua falando, chamando, suplicando. É difícil não sentir Sua voz convidando.
Cada detalhe da vida, o canto de um passarinho, o desabrochar de uma flor, o despontar do dia, o crepúsculo, um acidente, uma enfermidade, enfim, através de qualquer detalhe, Deus parece estar dizendo: Filho, onde está você? Eu o amo, volte aos Meus braços de amor”.
Mas, o homem continua correndo para uma terra longínqua. Cansado, sem forças, quase à beira da loucura; mas, continua correndo com medo de parar, porque não quer ouvir a voz de Deus. Esta é uma atitude perigosa que precisa ser analisada.
Às vezes, por essas coisas que a vida tem, vamos distanciando-nos de Deus, vamos indo lentamente para uma terra distante. Longe do Pai, longe da igreja, longe dos irmãos, longe até de nós mesmos.
Lá, na terra da angústia, do desespero, da solidão, ficamos sozinhos, perdidos e tristes. E clamamos a Deus em nosso coração, e Ele nos responde: “Ah! sim, querido filho. Eu nunca deixei de amar você, Meu Espírito sempre esteve com você. Venha, agora, aos Meus braços de amor.”
Alejandro Bullón
“Volte Para Casa, Filho” – cpb.com
Igreja Advetista do Sétimo Dia