A perda de um grande amor e a quebra de uma realidade

Cercar-se de pessoas que fazem bem é um dos caminhos para enfrentar o início de uma nova fase

Metaforicamente é utilizado o desenho de um coração para simbolizar o amor. Nos aplicativos de mensagens existem até os famosos emojis que inclusive têm o símbolo de um coração partido quando se quer expressar uma decepção, dor, perda ou fim de uma relação amorosa.
Na medicina existe uma disfunção física com esse termo e na psicologia também. Trata-se da “Síndrome do Coração Partido”, que é causada por um estresse intenso e seus sintomas podem ser idênticos aos de um princípio de infarto. A pessoa pode apresentar dor no peito, queda de pressão, tontura e desmaio. A diferença é que no infarto as artérias se fecham e não voltam a funcionar e nessa Síndrome não ocorre essa obstrução de artérias. Os sintomas acontecem por uma alta descarga de adrenalina e outros hormônios do estresse emocional que sobrecarregam o coração. A Síndrome foi relatada pela primeira vez no Japão em 1990, mas atualmente existem relatos em várias partes do mundo, inclusive no Brasil.
Acredita-se que algumas pessoas, diante da perda de um grande amor, seja por uma separação/divórcio ou pela morte física dessa pessoa, possam desenvolver esse conjunto de sintomas da Síndrome.
Quando morre um grande amor, nasce uma grande dor. Esse período é nomeado como luto, que é marcado por algumas fases em que é necessário passar por elas, pois se trata de um processo que o nosso psicológico precisa para elaborar a perda. São elas: a negação, raiva, barganha, depressão e enfim a aceitação.

Não tem como mensurar essa dor, ou quanto tempo irá durar cada fase, pois cada pessoa terá a sua maneira de enfrentá-la. Algumas pessoas podem manter a aparência de que estão aguentando a dificuldade, e outras podem totalmente se entregar a tristeza refletindo em todas as áreas de sua vida, como não ter forças para ir trabalhar ou mesmo não conseguir manter seus afazeres básicos diários, nem mesmo cuidar de si próprio. É imprevisível como se irá agir ao passar por essa situação. Importante não haver julgamentos se alguém demonstra sofrimento ou não diante do luto, cada um é que sabe de suas dores.

Maristela T. Lopes Ramos
Psicóloga
CRP 06/136159
Rua Santa Gertrudes, n°2063 – Bela Vista (19) 98171-8591

O que pode ajudar nesse momento é se permitir sentir a dor, ela é natural, pois não foi apenas uma pessoa que saiu da sua vida, e sim a morte de sonhos, conquistas idealizadas juntos e mudanças no presente que desestabilizam e no futuro que trazem incertezas e inseguranças. Perde-se também uma parte de si mesmo, é um espaço interior que fica vazio. Buscar ter por perto familiares e amigos que possam acolher e até dividir esse peso. Com o passar do tempo, considerar fazer mudanças na rotina, cuidar da saúde física e também da psicológica.
É claro que outras pessoas chegarão, outros amores passarão, mas esse que morreu será único, ainda mais se houve grande cumplicidade, reciprocidade, vínculo. Há de seguir-se em frente na vida, e o que ficara é aquela saudade boa, gostosa de sentir e lembrar aqueles momentos que se passaram juntos.
Enfim, “aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” (Antoine de Saint).

Por Maristela T. Lopes Ramos