Acervo Cosmopolense: criador fala sobre página de memórias da cidade

Atualmente, são mais de 600 mil fotos e documentos sobre a história da cidade digitalizados

Adriano da Rocha, criador e mantenedor da página do Facebook e Instagram, Acervo Cosmopolense, é um tanto quanto jovem pelo trabalho que faz, o que é admirável pela quantidade de material antigo sobre a cidade que é divulgado por ele. Em entrevista, ele fala sobre sua paixão pela cidade.
“O tema Cosmópolis sempre esteve presente na minha vida, sendo uma das primeiras palavras que aprendi a escrever, ensinadas pelos meus pais. Aprendi a ler e escrever com cinco anos, então, há muito tempo, é destaque constante nas minhas publicações. Cosmópolis é raiz profunda na minha vida, essência mesmo, com umbigo (cordão umbilical) enterrado no Vila Nova, seguindo uma antiga tradição local. Em todos os meus dias, minha pauta é Cosmópolis; há mais de 30 anos, é a palavra mais constante nos meus textos.

Versão digital
Neste mês de novembro, o Acervo Cosmopolense completa 16 anos da sua versão digital, criada como um presente do passado no aniversário de Cosmópolis, dia 30/11. A criação surgiu de uma iniciativa minha e do meu pai, saudoso Juvenil da Rocha, um salvaguardo para as consultas virtuais dos nossos acervos aos cosmopolenses. Somente um acervo será preservado, realmente, quando outras pessoas de forma livre tiverem acesso ao seu conteúdo – com esse pensamento, criávamos os perfis na internet.

Mais de 600 mil fotos e documentos digitalizados
Atualmente, são mais de 600 mil fotos e documentos digitalizados, a maioria disponibilizada nas redes do Acervo, contemplando outros inumeráveis itens da memorabilidade cosmopolense.
Houve itens que adquirimos em leilões virtuais internacionais e nacionais, como fotos, cartões e publicações arrematadas na França, Alemanha, Suíça, Itália, Estados Unidos, e outros países. Dentre os itens mais recentes, obtivemos um cartão postal datado de 1895, registrado pelo renomado fotógrafo Guilherme Gaensly, adquirido de um colecionador da Argentina, e importantes livros da família Nogueira.

Paixão pela nossa história
Somente quem ama realmente Cosmópolis, sem interesses políticos e financeiros, compreende essa paixão pela nossa história, realizando um trabalho com investimentos pessoais, sem apoio nenhum nos custeios. O maior apoio, o qual não tem preço que pague, é dos nossos leitores, por meio dos comentários, compartilhamentos, doações de fotos e itens históricos. Um incentivo extremamente importante para prosseguir com nossos trabalhos, trazendo ânimo e perseverança em continuar.

‘Compadre Ancermo’
Em 1995, precedente à criação digital do Acervo, antes da internet, criamos um quadro no ‘Rancho da Saudade’, famoso programa do Compadre Ancermo (o qual interpretei durante 20 anos em emissoras da região e capital), intitulado ‘Cidade de Cosmópolis’. Neste quadro, entrevistávamos personagens da cidade, como ex-prefeitos, vereadores, comerciantes, religiosos, aos mais populares cosmopolenses, mostrando outras perspectivas da nossa história. Essas entrevistas garantiam relatos sobre a verdadeira história de Cosmópolis, contadas pelas narrativas do povo, sobretudo dos personagens esquecidos devido suas posições sociais, testemunhas que realmente construíram nossa cidade.
Destas testemunhas, a mais fidedigna e importante nas narrativas, com certeza, foi meu pai. Cresci ouvindo suas histórias, causos e acontecimentos sobre Cosmópolis, muitas passagens vividas por ele, familiares ou amigos. Relatos que ouviu e presenciou nos seus mais de 65 anos de trabalho nos balcões das lojas, oitava geração de comerciantes da cidade, dedicando uma vida inteira para servir os cosmopolenses. O meu pai tinha um amor excepcional pela cidade, quem conheceu o ‘Seu Rocha’ sabe muito bem, impressionavam suas histórias, despertando o mesmo sentimento em quem ouvia. Paixão, na verdade, amor de gerações pela sua terra.

Família Rocha
A minha genealogia mistura-se com o surgimento de Cosmópolis e região, marcada com a chegada do Bandeirante Jaguaretê e Capitão Barreto Leme, fundadores de Campinas, os quais possuem ascendência com os Rochas, sendo a família formada de tropeiros e desbravadores bandeirantes. Somos os primeiros paulistas a fixar moradia aqui, ainda no século 17, abrindo matas na ‘picada’ de carros de bois e facões, lavrando chão e formando as terras que originariam nossa cidade, estando entre as primeiras famílias a comprarem lotes da ‘Villa Cosmópolis’.
Estudando essa genealogia, nascimentos, casamentos e registros, Cosmópolis é sempre assinalada nos mais de 400 anos de história familiar na região. Somente nas ascendências paterna e materna do meu avô, Antônio da Rocha, surgem os parentescos com a Baronesa Maria Barboza de Oliveira Rezende (esposa e prima do Barão Geraldo), Ruy Barboza, Cesar Ladeira (famoso locutor campineiro), João Manuel de Almeida Barboza (fundador da Fazenda Funil), entre outros importante e populares personagens da nossa história regional e local. Como disse, Cosmópolis é raiz profunda na minha vida.

Centro de Memória
No início deste ano de 2022, recebi um convite pessoal do prefeito Junior Felisbino e do secretário de comunicação Renato Simões de Almeida, para reativar o Centro de Memória de Cosmópolis. Um trabalho muito complexo e extenuante, devido a situação do espaço destinado aos acervos públicos, não suportando a gigantesca quantia de materiais. Conseguimos reestruturar o pequeno espaço, garantindo a preservação do inestimável acervo público. Ainda em processo de obras, o Centro e arquivos serão transferidos para outro prédio, realmente histórico, onde será um futuro complexo cultural e museu, resguardando nossas memórias e identidade como cosmopolenses”.