Adriana de Andrade Montes é exemplo de superação contra o Câncer de Mama em Cosmópolis

A campanha Outubro Rosa tem ganhado cada vez mais força a cada ano que passa e tem por objetivo a ideia de que desmistificar o câncer de mama é fundamental para combatê-lo. De acordo com dados oficiais do Instituto Nacional do Câncer (INCA), nos últimos anos, a taxa de mortalidade da doença caiu mais de 40%, e o diagnóstico precoce foi essencial para isso.
Em Cosmópolis, um caso recente de superação tem sido a motivação para muitas mulheres no município e no círculo social da professora Adriana de Andrade Montes que, aos 43 anos de idade, foi diagnosticada com a doença. Hoje, 13 meses depois e aos 44 anos de idade, sua história se tornou tema de palestras, de incentivo para quem enfrentou ou enfrenta a doença e de orientação para quem busca por mais conhecimento sobre o assunto. De acordo com Adriana, o câncer pode ser visto com ‘outros olhos’. “Quero que as pessoas saibam que o câncer não traz apenas sofrimento, mas um sentido completamente novo, novos significados, eu nasci de novo, não apenas renasci!”.
Conheça a história de Adriana:

Sintoma
“Eu estava deitada com meu marido e, quando ele foi levantar, acabou enconstando na minha mama direita. Percebi, então, que aquele simples movimento doeu mais do que deveria e foi quando eu me autoexaminei, senti o nódulo, achei estranho e corri para o médico. Nesta sequência, me deram encaminhamento para um exame de ultrassonografia. Eu sentia aquele nódulo doer cada vez mais e logo me foi pedida a biópsia. O aguardo de dez dias para saber o resultado foi muito angustiante”.

Exames
“Prestes a chegar o resultado, fui direto ao mastologista. Quando cheguei lá, eu ainda não tinha o resultado em mãos, mas, pela experiência, ao apalpar a minha mama, ele chegou a falar que não era uma característica boa. Foi muito angustiante, pois, até então, eu estava alheia ao câncer, não conhecia de perto, não é algo próximo da gente, não é algo que esperamos que aconteça”.

A descoberta
“O médico me chamou na sala e me disse que não era uma notícia que ele gostaria de dar, mas que o exame confirmava ser um câncer maligno do tipo triplo negativo. Aquilo pra mim foi uma sentença de morte. Pensei nos familiares que tive e que tiveram a doença e que, infelizmente, alguns não resistiram. E eu não tinha me atualizado, há trinta anos, a mulher morria de câncer de mama porque demorava muito para procurar um médico, as minhas tias morreram de câncer. Então, não sabia dos avanços da medicina e não tive consciência de que os pacientes, não só de câncer de mama, como outros tipos de câncer, quando tratados, têm muitas chances de recuperação”.

Aceitação
“É muito importante que as pessoas aprendam a reconhecer seu corpo e aceitar quando algo está errado. A importância de aceitar a doença vai além dos exames. Eu, por exemplo, não diagnostiquei no exame de rotina, nem no autoexame, eu diagnostiquei em um dia qualquer da minha vida que senti dor. Mas, eu senti e aceitei aquilo! Muitas vezes, a mulher sente no corpo dela e não aceita que é algo diferente e nem vai procurar um médico e é aí que a doença avança e pode ser fatal”.

Importância da prevenção
“A prevenção não diminui o número de mulheres com câncer de mama, a pessoa que tiver que ter a doença, vai ter. Não existe prevencão, existe diagnóstico precoce. Não há o que se fazer para nunca ter câncer de mama, mas, existe diagnóstico precoce para maior chance de tratamento. Assim, quanto mais cedo a descoberta, maior a chance de cura”.

Tratamento (1)
“Profissionais especializados tratam o paciente do câncer com muito carinho. Acontece que, quando uma pessoa descobre que está com a doença, ela passa acreditar que não tem direito de nada, ela acha que ficou doente e vai ser ‘estorvo’ na vida das pessoas e não podemos pensar assim.
Eu tive que começar pela quimioterapia e não pela cirurgia, porque o tipo de câncer que tive se desenvolve muito rápido, mas, também responde muito rápido à quimioterapia. Diante de todo esse abalo emocional, quem me acalmou, colocou minha vida no lugar, explicou tudo que eu iria passar no tratamento foi a minha psicóloga Fabiana Caron. Eu queria muito saber o que iria acontecer a cada momento do tratamento e quem supriu isso foi ela”.

Tratamento (2)
“Fiz as quatro quimioterapias vermelhas e são essas que fazem cair o cabelo. Não passei mal, mas sentia dor de estômago. Não sentia vontade de comer, mas nem vômito ou enjoo eu sentia. Senti a queda do cabelo que, no primeiro momento, parecia estar resolvido pra mim, tanto que eu tomei a decisão de não usar a touca (Existe uma touca especial que evita a queda do cabelo para pacientes oncológicos); eu precisava passar por todo o processo”.

Mudanças
“Hoje, minha convivência e meu círculo de amizades mudou muito. Convivo muito mais com mulheres que passaram ou estão passando pelo câncer. Até mesmo quem quer apenas se informar mais, vem me perguntar sobre o assunto. Tenho plena convicção que minha família e meu marido foram essenciais e me acolheram muito quando eu descobri a doença e isso mostra o quanto devo valorizá-los ainda mais”.

A Psicóloga
Fabiana Caron, aos 43 anos, é Psicóloga do Centro de Oncologia Campinas e já foi paciente contra o câncer de mama por duas vezes. Com conhecimento didático e a vivência no caso, ela comentou sobre a importância do tratamento psicológico aos pacientes com câncer. “Nós temos que acolher a dor do paciente oncológico em todos os sentidos, não somente na dor física, mas, com certeza, na psicológica. Atualmente, há uma boa demanda na medicação para controlar as dores e desconfortos físicos. Desta forma, a preocupação emocional é muito maior”.

Sobre a vaidade
“Eu tinha os cabelos enormes. No primeiro momento, com o medo da morte, eu nem pensei nos meus cabelos, imaginei que não iria poder fazer mais nada que eu gostasse. Só pensei que ficaria de cama, debilitada, passando muito mal e não foi nada disso. Eu até melhorei muito na ansiedade. Após as quimioterapias, senti a queda dos cabelos que, no primeiro momento, parecia estar resolvido para mim. Então, cortei os cabelos, deixei bem curtos, e até amei o corte. Mas, na segunda quimioterapia, eles começaram a cair mais drasticamente. Em uma quarta-feira, eu percebi que meus cabelos caíram muito, e não era algo do tipo que ‘eu estava penteando os cabelos, ou caíram na cama, não, era algo que eu estava conversando com você e meus cabelos caiam bastante, algo desagradável! Foi quando eu decidi raspar e fiquei muito triste. Mesmo assim, sempre era muito decidida nas minhas ações…”

Novo Visual
“Pensei que iria chorar, mas saí sem lenço do salão de beleza e com a sesanção de vento na careca. Curti a careca, fiz maquiagem e tudo que podia para me sentir bem, mas existe o emocional e ele pega muito a gente e, mais uma vez, precisei do apoio familiar, social e dos meus médicos. Logo pensei no que era bom novamente”.

Positividade
“Eu nunca gostei de falar das coisas ruins, eu sempre coloco as coisas boas para todos, nas redes sociais também, porque é isso que as pessoas precisam e procuram. Quando me chegaram coisas ruins, comentários ruins, opiniões ruins, eu me afastei e quis extrair somente o que era bom e isso me ajudou muito”.

Confirmação profissional
da psicóloga
“A positividade ajudou muito a Adriana. Que bom que ela escolheu outras respostas sem que fossem necessariamente as negativas. Sempre digo aos meus pacientes que nós temos esse poder de escolher em ficar com as coisas boas ou ruins, já que em tudo existem os dois lados. Às vezes, não podemos controlar a doença ou o tratamento, mas, o poder de escolher se vai absorver algo bom ou ruim para o nosso interior”.

Libertação
“Eu resgatei uma Adriana que não conhecia e descobri que nada vai voltar a ser como era antes, a Adriana de antes do câncer não volta nunca mais. Eu nasci depois do câncer, eu nem renasci, eu nasci de novo completamente. Hoje, eu sou o que sempre quis ser, exemplo de alguém, poder falar da minha vida, da minha história e saber que isso tem algum valor para as pessoas. O câncer me tirou da zona de conforto. Nós temos medo de mudar, e o câncer me incentivou a viver…”

Fabiana Caron finaliza
“Ver o processo da Adriana, de como ela chegou e de como ela está hoje, é bem gratificante porque essa é a proposta. Desenvolver esse enfrentamento para a doença e essa superação, saber que é possível vencer”.

Adriana de Andrade Montes tem palestrado sua história de vida e divulgado sua superação nas redes sociais. Um vídeo sobre a causa foi lançado pela cosmopolense e chegou a 2 mil visualizações em um dia. Veja em https://www.facebook.com/100001378410132/posts/1809078282481435