Eu estava fazendo compras na loja de alimentos naturais do bairro em que resido e havia me afastado do meu carrinho para procurar uma sacola plástica. Em vez de encontrá-la, topei com um homem que parecia ser um morador de rua.
– A senhora poderia, por favor, me ajudar a comprar comida? – ele disse.
Um turbilhão de pensamentos veio à minha mente: “Eu não tenho muito dinheiro aqui. Porém, posso andar com ele pela loja e pagar a comida dele quando eu fizer um cheque para pagar as minhas compras. Não. Estou sozinha. E se ele me seguir até o meu carro lá fora? E se ele tentar entrar no meu carro? Essas e outras considerações passaram pela minha cabeça.
– O que foi que você disse? – perguntei a ele, enrolando para ter mais tempo de pensar em uma resposta.
– A senhora poderia me ajudar a comprar comida?
Depois do que pareceu uma eternidade, eu simplesmente disse:
– Não, desculpe.
– Obrigado de qualquer forma – ele respondeu com um sorriso.
Imediatamente, fui tomada pelo remorso. E para piorar as coisas, em todas as seções de alimentos que fui depois disso, lá estava ele na minha frente: um espinho na minha carne. As compras dele eram poucas, mas ele comprava com sabedoria: dois pêssegos, uma caixa de granola, creme dental, uma refeição orgânica congelada, um sanduíche natural, etc.
Também notei que antes de escolher qualquer item, ele pedia ajuda a um funcionário da loja. “Ah, não! Ele não estava pedindo dinheiro.” Na primeira vez que me viu, eu estava indo na direção dele sem o meu carrinho. “Ele achou que eu trabalhava na loja e estava literalmente pedindo a minha ajuda com as suas compras!”
O remorso atormentou meu coração enquanto eu pagava a conta, saía da loja e voltava para casa. Pude ouvir Deus me dizer pessoalmente: “Porventura, não é este o jejum que escolhi: […] que repartas o teu pão com o faminto?”
(Is 58:6, 7, ARA). Em seguida, Jesus sussurou para mim: “Digo-lhes a verdade: o que vocês deixaram de fazer a alguns destes mais pequeninos, também a Mim deixaram de fazê-lo” (Mt 25:45).
– Você achou que era melhor agir com cautela – meu marido respondeu quando contei a ele o que havia acontecido. – Então, pare de se criticar.
Mas, depois desse episódio tenho me perguntado: desde quando Cristo agiu com cautela?
Lyndelle Brower Chiomenti
Meditação Diária
CPB Casa Publicadora
Igreja Adventista