A gestante, normalmente, deve tomar cuidado com muitos fatores: exposição ao sol, mudança na pele e no cabelo, por conta da alteração hormonal, e com a alimentação. Se ela extrapola, pode engordar em demasia, ou se comer pouco, pode ter implicações para o feto. Dependendo do que a mulher comer, pode desencadear ainda mais crises de vômito e ânsias, comuns na maioria das grávidas.
O ginecologista Dr. Nivaldo Baron informa que, no verão, os cuidados com a alimentação da gestante devem ser redobrados. “Principalmente na estação mais quente do ano, há perda de líquidos. A mulher, por si só, costuma tomar pouco líquido e, na gravidez, menos ainda. Todos nós deveríamos tomar, pelo menos, dois litros de água por dia. Se fizermos alguma atividade física que exija mais do corpo, precisaremos tomar mais ainda. Temos que criar este hábito de tomar água sempre. A gestante, em especial, precisa criar um mecanismo em que se lembre sempre de tomar o líquido – como, por exemplo, manter uma garrafa de água sempre por perto”, recomenda.
O especialista faz um lembrete: mais da metade do nosso corpo, de 60 a 65%, é composta de água. “A hidratação é fundamental para a pele, para os órgãos, para toda a parte intestinal e para o bebê. As perdas de líquido que temos com a respiração, transpiração, evacuação e diurese, precisam ser compensadas com mais água”, acrescenta.
Já com a alimentação sólida, o ginecologista explica que alguns componentes devem ser mais presentes do que outros. “A dieta da gestante deve ser hiperproteica, ou seja, rica em proteínas, equilibrada em carboidratos e pobre em gorduras. De preferência, as proteínas digeridas precisam ter uma digestibilidade melhor”, informa. “A grávida tem a presença do hormônio progesterona, que predomina durante toda gestação, que tem a finalidade de evitar as contrações do útero, justamente para não acontecer de ela perder o bebê. O músculo liso, assim como no tubo digestivo, no estômago e intestino, a motilidade destes órgãos cai bastante; ou seja, a digestão da grávida se torna muito lenta. A parte hormonal é um fator, e, com o evoluir da gravidez, a parte mecânica torna-se outra complicação. O útero cresce e acaba comprimindo essas estruturas, as vísceras, o estômago, o intestino delgado e o grosso, fazendo, dessa forma, com que seja ainda mais difícil a evacuação, o que se agrava ainda mais com a falta de líquidos”, explica o Dr. Nivaldo.
O especialista relata que algumas grávidas dizem lembrar-se de uma refeição por muitas horas, até dias. “Se a mulher comer muito pela manhã, ela ainda estará lembrando da refeição à noite. Isso ocorre porque, quando ela come alimentos de altas calorias em quantidades muito grandes, a digestão demora muito mais tempo que uma refeição regrada. A gestante deve ter uma dieta fracionada: comer pouco, várias vezes ao longo do dia, evitando fazer poucas refeições com grandes quantidades. Isso faz com que a digestão seja mais fácil, evita azia, queimação, náuseas e vômitos, que pioram com a alimentação volumosa”, explica.
A mulher precisa selecionar com cuidado o que irá comer ao longo do dia. “As proteínas da carne branca têm uma digestibilidade melhor do que as carnes vermelhas, como o frango e o peixe. Os carboidratos devem ser ingeridos em quantidades baixíssimas, o que evita o ganho de peso, que é fundamental”, adverte o especialista.
O peixe tem ainda mais vantagens, pois, tem menos hormônios que o frango e sua gordura é rica em Ômega 3.
As gorduras também precisam ser praticamente abolidas do cardápio das gestantes. “Gorduras das carnes vermelhas, frituras, doces e chocolate, além das próprias gorduras, têm muitas calorias. As proteínas do peixe, citado antes, são muito saudáveis, e têm a gordura chamada de Ômega 3, aliada ao corpo na proteção da saúde cardiovascular e cerebral”, explica o Ginecologista.
Outros alimentos que devem ser evitados são os industrializados. “Os enlatados, embutidos, defumados e os alimentos conservados em sal têm um fator cancerígeno muito grande para o estômago. Alimentos processados com corantes, conservantes, não são recomendados para ninguém, muito menos para as grávidas. Elas devem aumentar o consumo de verduras, legumes, frutas, grãos, alimentos integrais e das carnes magras”, recomenda o profissional.
A grávida deve engordar de 10 a 12 quilos, mas isso vai depender da massa corporal de cada mulher. “De um modo geral, ela deve permanecer neste nível. O que muitas não sabem é que, no primeiro trimestre de gravidez, a mulher engorda poucos quilos e muitas acham que podem extrapolar neste período e comer tudo o que puderem. O problema é que, nos meses que seguem, ela vai engordar muito mais; então, deve ficar atenta e manter sua dieta equilibrada”, finaliza.