Jovem conta que sofreu agressão dos pais e tio da ex-namorada por não aceitarem a relação das duas
A assistente administrativa Helen Mariane Miranda, de 22 anos, moradora do Jardim de Fáveri, conta que sofreu agressão física e emocional na semana passada, na noite de quarta-feira (16).
Foi registrado um Boletim de Ocorrência (AB6363-1/2021)na Delegacia da cidade, de lesão corporal e danos. Segundo a vítima, a agressão ocorreu na Rua Baronesa Geraldo de Rezende, no Centro da cidade, pelo fato dos familiares da ex-namorada não a aceitarem.
Um buzinaço marcou a tarde de sábado (19), quando “meus amigos tiveram a ideia. Nunca imaginei que iria tomar a proporção que tomou. Fiquei sabendo na hora, não me avisaram nada. Só me falaram que iriam sair tal hora e, quando cheguei, descobri que era uma carreata. Foi muito emocionante, chorei bastante. Isso comove!”
Acompanhe o depoimento de Helen:
“Eu conheci minha ex-namorada há uns dois anos. Namoramos durante mais ou menos um ano e nove meses. Quando completamos um ano e pouquinho, a mãe dela descobriu nossa relação. Nós só escondíamos deles; o restante da cidade já sabia que nós estávamos juntas. Não fazíamos questão de esconder; era mais pra eles…
Até então, eu era super querida na casa dela, eles me tratavam como uma filha de verdade. Até por isso que, quando tudo aconteceu, eu não levantei um dedo para me defender, pelo respeito que eu sempre tive por eles. Eu frequentava direto a casa deles. Era uma relação muito boa que eu tinha com eles.
A partir do momento que eles descobriram, tudo mudou… Eu passei a ser a pior pessoa da vida, eles não aceitavam, proibiram a minha namorada de sair… Por muitas das vezes, conversamos por e-mail porque eles tiravam celular, computador, não deixavam a menina fazer nada. Ficou muito difícil a comunicação entre nós.
Depois que eles descobriram, nós ainda mantivemos um relacionamento, mais escondido.
Um pouco antes do Natal, nós terminamos, mas, ficamos de tal forma que não conseguíamos parar de nos ver, saíamos juntas frequentemente, mas, tinha semana que não conversávamos; outras conversávamos… Nesse período, ela acabou engravidando. Isso comprometeu nossa relação. Mas, de um tempo para cá, ela estava bem disposta a voltar comigo, mas, estava tudo muito confuso e nós resolvemos conversar.
Eu a chamei para vir na minha casa. Tinha a intenção de fazê-la entender que eu precisava de um tempo. Conversamos, mas, ela tinha horário para voltar para casa. Eu pedi o carro do meu padrasto para minha mãe para eu levá-la embora. No meio do caminho, ela teve uma crise de ansiedade, não conseguia respirar… Parei o carro, pedi para ela sair do carro para melhorar e eu sugeri que a gente desse uma volta na cidade para que ela melhorasse e não chegasse naquela situação na casa dela.
Quando eu estava chegando na casa dela, parei na esquina. Ela mora próximo do Centro da cidade e parei um pouco antes para não ter o risco da família dela ver.
No momento em que eu parei o carro na esquina, o pai dela passou com o carro de frente e nos viu. Ela já ficou com muito medo e desceu. Eu fiquei no carro. O pai dela veio até o carro e eu me justifiquei, falando que nós estávamos somente conversando. Ele não deu atenção, nem ligou…
Ele parou o carro no sentido contrário do meu, um subindo e outro descendo. Minha ex-namorada ficou entre os carros. O carro do meu padrasto está com o freio de mão falhando. No momento do nervoso, não puxei totalmente o freio de mão. Como eu fiquei com o pé na embreagem e o carro estava em ponto morto, o carro foi descendo bem devagar… Ela me avisou que o carro estava descendo e o retrovisor do meu carro foi meio que fechando ela. Ela acabou quebrando o retrovisor do carro com o corpo, mas o carro estava super devagar… Eu tinha a sensação que o carro do pai dela estava subindo e não o meu que estava descendo; não tinha noção que o freio de mão do meu carro não estava puxado totalmente. Estou me defendendo disso porque eles dizem que eu quebrei o retrovisor do carro na barriga dela.
O pai dela saiu e disse: ‘agora você vai ver’ para a minha ex-namorada. Ele saiu rápido com o carro e deu a volta no quarteirão. Ela ficou desesperada, muito mal, nervosa. Ela me pediu para ir falar com eles, para ajudá-la. Eu ainda questionei ‘vou falar o que, não tem o que falar. Explica a verdade para eles. Não estamos juntas; só estávamos conversando’. Ela me pediu para não deixá-la sozinha, para ajudá-la.
Ela foi no sentido para a casa dela e eu fui dentro do carro, bem devagarzinho. Eu virei na rua dela, ela na frente, fora do carro e eu atrás. Eu parei ainda bem distante da casa dela. Fiquei só olhando ela entrar. Quando ela chegou na rua dela, a mãe já estava para fora, mas eu não lembro quem mais estava lá fora. Lembro da mãe chamando o tio (irmão da mãe) dela, que me agrediu. Tenho essa lembrança da mãe gritando o nome do irmão dela pedindo pra ele sair, mas não lembro direito quem estava lá.
Eu estava dentro do carro e vi a mãe dela grudar no cabelo dela com violência. Pelo fato da minha ex-namorada estar grávida e por ser uma pessoa que me preocupa ainda, eu desliguei o carro, levantei e fiquei na porta do carro, me defendendo. Falei para ela que não estava acontecendo nada, que não era o que ela estava pensando. Afirmei que nós não estávamos juntas.
Mesmo assim, ela veio para cima de mim. Eu não tive instinto de ligar o carro e ir embora porque nunca imaginei que fosse chegar à proporção que chegou. Ela veio na minha direção e, quando percebi, o pai dela já estava vindo com um tijolo para acertar no carro. Ele deu a primeira tijolada e eu tentei segurar com a mão; foi o primeiro ferimento que está na foto.
Depois disso, não lembro de mais nada certinho porque foi nessa hora que tudo começou. Ele tacou o primeiro tijolo, depois veio outro. Ela puxava meu cabelo, começou a me bater… O tio dela também puxava muito forte o meu cabelo, me batia. Teve um momento que puxaram meu cabelo e eu caí. Um deles pisou na minha cara e o outro no meu pescoço.
Eles pediam pra eu nunca mais procurar a minha ex-namorada. Eu tentava falar que não era eu quem estava procurando, que não tínhamos mais nada, mas, eu não conseguia falar. Foi bem complicado. Ficou naquela agressão, eles depredando o meu carro… Teve um momento em que eu olhei e vi o carro todo quebrado e nem tentei mais me proteger. Deixei nas mãos de Deus… já não acreditava naquilo que estava acontecendo. O tio dela pegou o mesmo tijolo que deu no carro e tacou nas minhas costas… por várias vezes, eu caí no chão. Acredito que fiquei apanhando em torno de 2 a 3 minutos… ao mesmo tempo em que parece que foi rápido, parece eu demorou uma eternidade.
Um vizinho estava para fora e foi ele quem separou a confusão. Ele pediu pra eu ir embora e nunca mais voltar lá. Eu falei para me soltar que eu queria ir embora. Eles me soltaram, eu montei no carro e fui embora pra casa. Não sei nem como cheguei em casa; achei que fosse morrer de verdade. No caminho, tive vontade de bater o carro e acabar de vez com tudo.
Foi tudo muito bem complicado… Tinha uma pessoa que segurava minha ex-namorada durante todo o tempo da agressão.
Eu poderia ter ficado quieta, mas, não vou deixar assim. Tenho momentos de crise de ansiedade, fico bem mal. Mas não vou deixar quieto. Muitas pessoas morrem por causa disso. Eu não morri por Deus. Tive muita sorte; pelo tanto que eu apanhei, estou bem fisicamente, mas, o psicológico nunca vai voltar à mesma coisa”.
Segundo Helen, o veículo tem seguro.
Nossa redação procurou os acusados da agressão. Nossa equipe foi até a casa deles, mas, até o fechamento desta edição, ninguém havia sido localizado. Deixamos aqui espaço aberto para defesa.