Os pés de amora crescem como ervas daninhas na costa oeste do Canadá. Germinam e crescem por toda parte e invadem tudo pelo caminho: campos, calçadas, estradas e praias. No outono, os vizinhos se unem para colher frutas para usar em casa.
Ao colher amoras com amigos certo ano, decidi não só pegar o suficiente para fazer geleia para mim e minha família, mas também para oferecer às irmãs que eu visitava como professora visitante. O melhor lugar para colher amoras em meu bairro ficava perto da escola primária, onde as vias e os campos são ladeados por espinheiros de dois metros e meio de altura. Eu já tinha colhido frutas lá na semana anterior e sabia que muitos outros tinham tido a mesma ideia, então era provável que não sobrasse muito.
Ao me preparar para pegar frutas de novo, pensei em tentar um lugar diferente. Da janela da cozinha, avistei um terreno baldio perto da rua. Quase ninguém passava por ali, e havia árvores frutíferas espalhadas por mais de um acre. Certamente, haveria grande quantidade de frutas num lugar pouco frequentado. Coloquei meus baldes no porta-malas do carro e segui para lá.
Em pouco tempo, eu estava com calor, arranhada e perplexa no meio daquele terreno cheio de espinheiros. As árvores eram estéreis, cheias de espinhos, sem o menor sinal de flores ou frutas. Eu achara exatamente três amoras naquele terreno inteiro e não entendia por quê. Mas, como meus potes de geleia ainda precisavam ser preenchidos, fui até a escola para ver se ainda havia frutos por lá.
Quando cheguei ao terreno da escola, achei até mais frutas do que eu precisava e muitas outras em fase de amadurecimento, ainda que muitas pessoas já tivessem passado por lá. Subitamente, me dei conta do que acontecera: as amoreiras produzem muito mais quando seus frutos são colhidos. Como as pessoas do bairro passavam por ali havia tantos anos, as amoreiras respondiam com uma nova safra ano após ano. Nos locais onde os pés de amora não tinham sido procurados, eles tinham permanecido secos e infrutíferos. Ao colhermos amoras naquele terreno ao longo dos anos, tínhamos criado abundância — havia mais frutos do que todos nós precisávamos coletivamente.
Essa experiência me fez pensar no modo de funcionamento dos dízimos e das ofertas de jejum. O Senhor nos prometeu que, se pagarmos o dízimo, vai “abrir as janelas do céu e (…) derramar sobre [nós] uma bênção tal, que não haja espaço suficiente para recebê-la” (3 Néfi 24:10). Se partilharmos o que temos por meio dos programas inspirados da Igreja, criaremos abundância material e espiritual para nossa família, para nossa comunidade e para nós mesmos.
Extraído da Revista A Liahona
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias