Ana Clara Bortolan e a inspiradora história das raízes de seu empoderamento feminino

“Admiro e respeito todas as mulheres de minha família. É suspeito dizer, mas nossa história vem de raízes de mulheres muito fortes...”

Ana Clara Bortolan
Atua na área da Fotografia
e como Analista de
Administração

Celebrando a edição especial das mulheres, convidei Ana Clara Bortolan, mulher cis lésbica, como forma de visibilizar uma vivência linda de uma integrante da comunidade LGBTQIAPN+ cosmopolense e, de pronto, ela, que também é uma amiga pessoal, topou.
Nascida em Limeira (SP) na data de 10 de outubro de 1993, reside em Cosmópolis desde 1995. Atua na área da Fotografia e como Analista de Administração. Também tem formação em Gastronomia. Está solteira e seus principais hobbies são cozinhar, assistir a filmes e séries, assim como a prática de atividade física diária. Sobre suas vivências e sexualidade, ela conta:
“Ainda criança,lembro-me de sentir um carinho especial por uma colega de escola. Era diferente das outras amiguinhas, mas eu não entendia exatamente o que era. Já na fase da adolescência, quando as paqueras passaram a fazer parte da rotina de todas, minhas amigas pareciam viver romances de Hollywood e eu não havia sequer beijado alguém. Quando beijei, foi um menino, e identifiquei de cara que não senti nada de hollywoodiano, nada mágico, como me contavam”.
“Um exemplo forte de pessoa em minha vida é minha irmã mais velha que, naquela época, se reconhecia como bissexual. Temos seis anos de diferença de idade. Ela caminhou por alguns caminhos que tangenciavam a pauta da sexualidade antes de mim, então, com ela, junto de você mesmo, Juh, aprendi que as coisas não se resumem ou limitam a uma regra exclusiva. Assim, decidi beijar uma garota para ver como era ou como me sentiria. Testar os dois caminhos, sabe? Quando o primeiro beijo em uma amiga aconteceu, finalmente entendi, não só o sentimento hollywoodiano, mas também tudo que sentia desde a coleguinha lá da infância”.
Pergunto à Ana Clara se houve algum conflito interno ao se perceber enquanto uma mulher cis lésbica e ela diz: “Não houve qualquer conflito. Eu já conhecia a diversidade da sexualidade antes de entender que fazia parte dela também. Foi tudo muito natural.Já adulta, perguntei para meu grupo de amigas, todas cis e heterossexuais, se elas estranhavam eu ser a única cis lésbica do grupo e foi unânime o amor, respeito e carinho: elas nunca me viram de outra forma e também não limitam o amor delas por mim à minha sexualidade, que é só uma característica dentre todas que as fazem me amar”. Sobre isso, ela acrescenta: “Tenho sorte. Não posso dizer que sofri preconceito nos meus ciclos de amizades, profissionais e familiares. De maneira geral, nunca tive problemas em me assumir em qualquer situação, mas pondero que essa ‘saída do armário’ não diz só sobre quem sai. Por mais bem resolvida que eu seja, em relacionamentos passados, por exemplo, já me envolvi com pessoas que passavam pela fase de autodescoberta e tudo que esse processo, simples para mim, difícil para elas, lhes implicava. Isso foi algo que acabou me afetando bastante”.
Quando o assunto é família, Ana Clara Bortolan é enfática: “Admiro e respeito todas as mulheres de minha família. É suspeito dizer, mas nossa história vem de raízes de mulheres muito fortes. Isso influenciou diretamente em minha criação. Uma vez, num domingo tomando café, ouvindo sobre o passado, notei que todos os feitos importantes vieram de alguma mulher. Isso é algo que me enche de orgulho”.

Juh Brilliant
Escritor, pedagogo e fotógrafo
@juh_brilliant

O tema é bem importante pra ela.É nítido. Ela continua: “Minha avó paterna perdeu a mãe quando ainda era criança, e precisou cuidar de sua irmã mais nova. Quando perdemos nossa mãe, eu era a irmã mais nova, mas nós nos ajudamos e muita parte da minha força vem daí. Consigo ver, refletindo sobre isso tudo, que sou rodeada de mulheres admiráveis desde sempre – e até hoje, como minha personal trainer – em um exemplo -, uma das minhas pessoas favoritas, também por ter o feminino como base pros seus ensinamentos, o que me fortalece enquanto mulher. Sou muito grata mesmo”.

Para concluir, peço que ela dê um conselho para as meninas e mulheres que lerem a coluna deste mês: “O conselho que posso deixar aqui é para confiar em si e em quem te ama e te quer bem sempre. Recebemos ajuda o tempo todo às vezes, mas não notamos, e isso nos faz quem somos”.
Hoje, não escolheria outra pessoa pra dividir a história com vocês que leem minha coluna mensal, pois ela e toda sua história também me enchem de orgulho. Dicas de Ana Clara Bortolan:
Perfis a se seguir para ontem sobre sexualidade e acolhimento: @sosperineo e @ellorahaonne.
Filme: Meninos Não Choram (Apple TV+).
Série: The L Word (Amazon Prime Video).