Anemia infantil e suas principais características

Anemia é uma doença caracterizada pela deficiência no número de células vermelhas no sangue e é, também, por uma deficiência eventual da proteína principal das hemácias, a hemoglobina, que dá a coloração avermelhada ao sangue. As crianças estão em um dos grupos de mais vulnerabilidade dessa doença.
“Há diversas causas para anemia, mas, na população pediátrica, as que chamam mais a atenção, principalmente, são algumas formas de anemia hereditária e também as anemias que chamamos de ‘adquiridas’. Especialmente, destacamos as que são por carência de ferro”, explica o Pediatra André Arruda.

Anemia hereditária
“As anemias familiares, muitas vezes, são anemias ligadas a uma herança genética. Essa herança, normalmente, é manifestada como doença quando herdada de pai ou mãe no gene alterado, que codifica essas células, gerando uma proteína anômala, fazendo com que fiquem deficitárias, ou quando você recebe a herança genética de um dos pais, você apresenta uma pequena anemia no exame, porém, sem nenhuma repercussão clínica, sem outros sinais da doença, o que chamamos de ‘traço’”, explica o pediatra.
“Essas anemias são detectáveis logo no ‘teste do pezinho’; uma importância crucial na coleta do teste do pezinho é que, entre as doenças pesquisadas, anemias familiares podem ser detectadas precocemente”, alerta.
Para os traços que não foram herdados dos pais, existe um aconselhamento para que, na fase adulta, verifique com o cônjuge se ele é portador do gene, para que, na hora do planejamento para ter um filho, a criança não desenvolva a doença.

Anemia Adquirida
“Basicamente, nós temos como principal a ‘Anemia Ferropriva’, que é causada pela carência de ferro.
Essa anemia se dá por uma forma fisiológica esperada, nos primeiros meses de vida, devido ao crescimento acelerado da criança e também porque, mesmo uma criança corretamente alimentada e amamentada, não é possível que ela recolha todo ferro necessário para o seu crescimento. Então, tem, realmente, na faixa etária entre quatro para os cinco meses de vida, uma tendência maior de desenvolver uma pequena anemia que chamamos de ‘fisiológica’.
É uma medida bastante comum na pediatria a reposição precoce de ferro, aonde, para os prematuros, começamos a partir do segundo mês, e para as crianças nascidas no tempo correto, a partir do sexto mês.
Entretanto, estamos preconizando a reposição de ferro, mesmo nas crianças que nasceram no tempo correto, a partir do terceiro mês de vida. Essa reposição, na verdade, é uma forma de oferecer à criança a possibilidade de fazer um estoque adequado de ferro, ou seja, não tratamos uma doença, estamos prevenindo-a. Por conta disso, não temos que usar o ferro em doses de manutenção, de controle, mas uma dose de tratamento.
Por fim, quando a criança chega por volta de um ano, ela pode, sim, por uma série de fatores alimentares e também algumas doenças, gerar uma carência de ferro maior. Por exemplo, crianças que ingerem alimentos pobres em ferro, assim como também crianças expostas precocemente ao leite integral, o de caixinha, antes de um ano de vida.
Esse excesso de cálcio presente no leite de vaca compete no intestino pelos mesmos receptores de ferro. Então, é muito comum em crianças que utilizam esse tipo de leite, – que não é o correto, até mesmo em seus rótulos está escrito que não é aconselhável para menores de um ano -, apresentarem uma carência de ferro, mesmo que comam com relativa frequência e em boa quantidade porque o cálcio passa a competir com esse ferro”, completa.
“Nós temos também, como causas importantes de anemia, o adoecimento. Crianças que adoecem frequentemente de infecções respiratórias, gastrointestinais, passam mais dias doentes e se alimentam pior nesses dias, o que pode, na somatória ao longo do tempo, gerar uma carência. Crianças que são portadoras de alergia alimentar, ou até mesmo doença de refluxo, também podem, em longo prazo – claro, falando em casos acentuados, casos mais graves -, desenvolver uma perda crônica de células sanguíneas, com sangramentos ocultos, que, ao longo do tempo, podem cooperar, também, para uma carência de ferro”, detalha o pediatra.

Alimentos que contêm ferro:
– Feijão.
– Folhas mais escuras, brócolis e rúculas.
– Lentilha.
– Fontes de vitamina C, que ajudam na absorção de ferro.

“Existem diferentes sais de ferro nos mercados e isso pode ser trocado pelo médico de acordo com a resposta que cada um apresentar. A coloração das fezes quase sempre muda, fica com tom mais escuro. É necessário, também, fazer a higienização da boca com água filtrada e uma escova limpa a fim de evitar o acúmulo de ferro na boca. Basicamente, é solicitado que as crianças tenham variedade alimentar,

Dr. André Luiz Mathias Arruda
Pediatra
CRM 118967

façam acompanhamento regular com o pediatra e que façam, nos primeiros meses de vida, a suplementação de ferro, como nós falamos anteriormente”, esclarece.
Segundo o pediatra, os principais efeitos colaterais da ingestão de ferro são as alterações, sobretudo, no hábito intestinal. “Para alguns indivíduos, pode ocasionar prisão de ventre e, em outros, pode facilitar as evacuações. Em geral, os efeitos tendem a se acomodar e o paciente se adaptar.
Basicamente, o ferro é uma substância importantíssima, não só no sistema imunológico, mas também no desenvolvimento cerebral e cognitivo das crianças. Então, uma anemia carencial, no primeiro ano ou nos primeiros dois anos, pode prejudicar bastante, não só no sistema imunológico, mas também pode apresentar déficits cognitivos de desenvolvimento das suas capacidades de raciocínio, porque o cérebro precisa de ferro para suas funções principais.
É necessário o acompanhamento clínico com um pediatra e, através de exames clínicos e laboratoriais, identificar as causas”, conclui.