Aos 101 anos, Arfeu Tergulino cultiva a união de sua família

“Seu Feo” cresceu sem a presença do pai. Ele sempre buscou dar à família o que nunca pode ter

Toda família possui uma figura que sempre irá ser a principal figura paterna daquele grupo. Ao passo em que as gerações vão se passando, e a família, consequentemente, vai aumentando, personagens como Arfeu Tergulino permanecem imortais, servindo sempre como exemplo aos mais jovens. Na matéria da edição de 07 de agosto de 2020, a Gazeta de Cosmópolis, publicou uma reportagem, escrita por Adriano da Rocha, falando sobre a história de um dos patriarcas da cidade. Nesta edição especial de Dia dos Pais, conheceremos um pouco mais sobre a relação do “Seu Feo”com a família.
Filho de imigrantes italianos, ele perdeu o pai, vítima de câncer, quando tinha apenas 7 anos de idade. Devido a isso, foi obrigado a crescer sem uma figura paterna, o que é muito importante no desenvolvimento de uma criança. Tendo uma infância muito sofrida, desprovida de saúde, educação e condições confortáveis de vida, ele teve que trabalhar desde cedo para ajudar sua família a sobreviver. “Depois que meu pai morreu, minha mãe sempre cuidou de mim, até o fim; mesmo doente, ela cuidou”, afirma.
Arfeu casou-se em 1944 com Julia Tergulino e formou sua família, tendo 3 filhos, Madalena, Teresinha e Orlando. Sua mulher teve que trabalhar durante a vida toda cortando cana na Usina Ester, para ajudar a sustentar os filhos, juntamente com o marido. A filha mais velha, Madalena, conta que seus pais sempre passaram “tudo do melhor” para ela e seus irmãos: educação, respeito, honestidade e trabalho. Para ela, a criação daquela época era muito mais dura do que hoje em dia, e que até hoje seu pai é bem rígido, produto de uma vida muito difícil, na qual foi obrigado desde cedo a criar “cascas”.
A impressão que os integrantes mais novos da família têm de Arfeu é que o patriarca dá muito valor em passar aos mais jovens da família valores aos quais ele não teve acesso quando mais novo. O principal deles é a educação. Analfabeto, ele não teve condição de ir à escola e, posteriormente, aprendeu apenas o necessário, como escrever seu próprio nome.
Recentemente, há um mês, Arfeu perdeu seu filho, Orlando, conhecido na cidade como Tiquinho. “Eu não aceitei a morte dele, ele faz muita falta pra mim, foi um braço direito que caiu de mim. Com ele, eu tinha tudo; o que eu precisava, ele corria atrás. Agora, eu estou sem palavras, não tenho condições… Ele faz muito falta mesmo”. Madalena diz que, assim como ela e sua irmã, seu irmão também era muito próximo do pai. Toda a família é muito unida e Orlando era um membro muito importante. E ainda mais por ser homem, ele era muito próximo e vivia junto do pai.
A lucidez de Arfeu é notória, e até mesmo incomum entre os que possuem sua idade, 101 anos. “Seu Feo” pode ser considerado como um verdadeiro homem de família, justamente por ser muito amoroso. A união dos familiares retrata hábitos tradicionais, antigos, presentes em famílias que preservam as tradições italianas, de afeto e carinho. Com certeza, hoje, ele serve como um exemplo aos que buscam ter uma família unida e sólida, sendo o principal responsável pela criação de um amor sincero e muito bonito.