Mesmo com a sensação de alívio que as chuvas deste ano proporcionaram para o estado de São Paulo, inclusive, para os municípios, como a cidade de Cosmópolis, as medidas de racionamento e, principalmente, a conscientização de economia da água, devem ser algo constante para os cidadãos.
Segundo o Secretário de Saneamento Básico, Vital Caló, a crise ainda não passou. “A nossa situação, atualmente, apesar de um pouco mais confortável, ainda é muito preocupante. Nós ainda estamos vivendo uma crise hídrica.”
Atualmente, o serviço de telemetria disponibilizado pelo PCJ (Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí) monitorou o Rio Jaguari com 12,10 metros cúbicos por segundo. Isso significa que nós estamos sem restrições até o momento. A base desse cálculo é definida com o valor acima de três e abaixo de cinco metros por segundo, que é uma situação de alerta grave. Apesar de 12,10 m ser um valor bem acima disso, em caso de uma redução muito grande e que entre nos parâmetros abaixo de cinco e acima de três, independente dos rios Jaguari e Pirapitingui estarem ‘bufando’ de água, novas medidas e normas da Agência Nacional de Águas (ANA) e do DAE serão determinadas para o racionamento.
Algumas medidas estão sendo tomadas a fim de evitar consequências drásticas em caso de novas temporadas de estiagens na cidade de Cosmópolis. A empresa Usina Ester iniciou uma obra que aumenta em aproximadamente 70 cm a barragem do ‘Paredão’ da represa local. Uma iniciativa que aumentará consideravelmente a capacidade de armazenamento de água e que é equivalente a aproximadamente três meses do consumo que a empresa utilizaria na safra.
Além das obras na barragem do Paredão da Usina Ester, o secretário Vital declara: “A situação atual das cidades que são abastecidas pelo Rio Jaguari, hoje, está sem restrição. Porém, isso não quer dizer que estamos sem racionamento, muito pelo contrário, nós vamos até intensificar a fiscalização. Infelizmente, não dá mais para vivermos sem fiscalizar o desperdício da água na cidade, nós estamos tomando precauções contra a perda, fazendo algumas obras na cidade para melhorar a distribuição, como fizemos no bairro Bela Vista IV e na Vila Cosmo. Estamos fazendo tudo isso para melhorar a distribuição, mas, na questão da fiscalização, nós não abrimos mais mão de agir, até porque nós não temos capacidade instalada para suprir o desperdício da população”.
Ainda segundo o secretário, em fevereiro de 2013, uma época de bastante calor, a medida necessária inicialmente foi começar a jogar aproximadamente 30% de água a mais no limite de abastecimento da cidade e, mesmo assim, não estava sendo suficiente. A partir do momento que foi imposta a fiscalização, a redução do consumo foi até maior que os 30%, tendo grande participação na economia de água no município. “Então, hoje, com a fiscalização evitando o desperdício, nós conseguiremos passar por essa crise sem a necessidade de medidas mais drásticas para a população”, acredita Vital.
As previsões do Consórcio PCJ anunciam um novo período de estiagem para o ano de 2015. Para o secretário, será uma época difícil. “Agora, nós vamos entrar no período de estiagem e a história muda novamente. As previsões que acompanhamos junto ao PCJ, pela questão de São Paulo, do Cantareira, mostram que vai ser uma época difícil, precisaremos ter um controle bem mais rígido nessas questões, até porque toda essa chuva não foi suficiente para elevar novamente os rios nas médias normais e históricas dos abastecimentos”.
As notificações seguidas de multas ainda vigoram na cidade de Cosmópolis. Porém, a multa é algo muito secundário, já que o objetivo é a real conscientização dos moradores. “Nós nem temos fiscais suficientes para fiscalizar uma cidade inteira, é muito complicado, não é essa a intenção. A fiscalização não se faz por isso, por multas, o importante é a conscientização, até porque não dá para estar presente em tudo o tempo todo”, declara o secretário, que também afirma que as notificações diminuíram em 70% nos últimos meses.
As medidas também serão diferentes neste ano em caso de um possível racionamento. Não será mais realizado o famoso ‘rodízio’, onde apenas parte da cidade é abastecida diariamente e vice-versa. O trabalho de racionamento será realizado através da diminuição de pressão da água. O motivo é a questão de parar o bombeamento que acaba trazendo muito prejuízo pelo rompimento de redes. As mesmas oscilavam e, quando voltavam, não suportavam. Vital explica: “Com água na rede, porém, com pressão baixa, acabamos com o problema e também economizamos”.