Após acidente, mãe perde a memória e precisa se reconectar com maternidade

Karolyne conta que “não me lembrava de nada... acredito que voltei uns 5 anos atrás, me lembrava que eu namorava o meu marido e achava que as crianças eram só filhos dele”

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estima em 45 mil mortos anuais e R$ 50 bilhões de custo econômico o resultado dos acidentes de trânsito no Brasil. Em 2017, esses acidentes representaram a principal causa de mortes de crianças entre 5 e 14 anos no país. Karolyne Marques Souza, de 24 anos, é mãe de dois filhos, Davi e Felipe. Felizmente, a cosmopolense não se tornou mais um número após o acidente que passou, mas, acabou tendo sua memória prejudicada.
A Cosmopolense conta que estava voltando da casa de sua mãe no dia em que o acidente aconteceu. “O carro derrapou porque estavam asfaltando novamente a via. Eu perdi o controle da direção, o carro desceu um barranco e bateu em uma árvore. Meu esposo estava no banco do passageiro e quebrou a clavícula. Eu tive traumatismo craniano e perfuração no pulmão. Já com as crianças, não aconteceu nada”, conta.
Após o acidente, Karolyne ficou 23 dias em coma. Ela explica que perdeu muitas memórias. “Foi um tempo muito difícil, fiquei em coma 23 dias e, em um mês, voltei para casa. Não me lembrava de quase nada, mas minha mãe e meu marido falavam bastante comigo, o que foi fundamental neste processo. Assim que eu voltei, comecei a me recordar de algumas coisas.
Atualmente, me lembro de muitas coisas; tenho dificuldades em pouquíssimas atividades hoje em dia. Assim que voltei do coma, não me lembrava de nada… acredito que voltei uns 5 anos atrás, me lembrava que eu namorava o meu marido e achava que as crianças eram só filhos dele. Eles não me falavam que eu estava repetindo, que já tinha falado. Com o tempo, comecei a perceber e pedi pra eles me falarem quando eu repetia; comecei a ficar mais calada porque eu pensava que já tinha falado, mas não demorou muito para eu começar a lembrar de tudo”.
Aroldo Paulo de Andrade, marido de Karolyne, conta como foram os dias com a esposa enquanto ela não retomava a memória. “Minha sogra ligava para ela por chamada. Conseguimos ver no semblante dela que ela não se lembrava da mãe, dos nossos filhos e também de alguns familiares… No começo, evitamos contar para ela que no dia do acidente era ela quem estava dirigindo. Ela poderia se sentir culpada… Conversamos muito até ela entender que não teve culpa do que aconteceu”, conta Aroldo.