O início de novembro é marcado pela realização de uma das provas mais importantes na vida de um estudante, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Esta prova, além de definir a qualidade do ensino e capacidade do aluno, mostra-se um caminho para introdução em universidades públicas e privadas também.
A aplicação ocorrerá nos dois primeiros domingos do próximo mês (4 e 11 de novembro) e a proximidade pode deixar muitos inscritos apreensivos.
A preparação didática é de suma importância para os candidatos do exame, mas, o estado físico e psicológico nos dias anteriores à prova e no dia da aplicação mostra-se ainda mais necessário.
A professora de Linguagens Lucy Lee Bardou, que leciona para alunos de cursos preparatórios para o ENEM, afirma que o principal ponto a se evitar no dia do exame é a chegada com pouca antecedência ao local da prova, já que o temor de encontrar o portão fechado pode gerar uma grande carga emocional e, consequentemente, desconcentrar o candidato.
Estar descansado, bem alimentado e evitar o contato com pressões emocionais que possam levar à ansiedade são fundamentais para os dias anteriores ao exame. “Dormir bem, ouvir uma boa música ou assistir a um filme divertido ajuda muito na véspera da prova”, comenta Lucy Lee Bardou.
A professora ainda afirma que estudar na véspera é contraproducente, sendo que o máximo a ser feito para a didática é tirar dúvidas de conteúdos já estudados e assimilados.
“O ENEM seleciona e aprova os candidatos que estejam bem preparados para seguir na vida acadêmica. As questões abrangem o conteúdo do ensino médio, mas, exigem do candidato capacidade de reflexão, raciocínio lógico, que esteja bem informado sobre os acontecimentos globais e suas consequências para a sociedade. Os eixos cognitivos que norteiam a prova buscam saber como o candidato se relaciona com o mundo e as questões de relevância dentro do contexto em que vive. Diante disso, considero o ENEM um exame completo e abrangente, não difícil”, afirma.
Falta de preparação
Por diversos fatores, muitos jovens acabam não se preparando o suficiente para prestar a prova. Lucy Lee recomenda que, nestes casos, os candidatos evitem deixar questões em branco. “Há uma chance no ‘chute’, não que seja o melhor a fazer. O ideal é se preparar. Mas, é bom lembrar que há sempre alternativas que podem ser eliminadas pela lógica. Alternativas que generalizam muito o assunto são as que têm mais chances estarem erradas. Outro conselho é fazer uma leitura otimizada e dinâmica dos textos muito longos, dando muita atenção ao título e aos tópicos principais. Isso ajuda muito na hora de responder sobre um assunto que não se domina tanto assim”, aconselha.
Dicas de interpretação
De acordo com a professora de Linguagens, a eficiência na leitura e interpretação dos textos é um bom caminho para o sucesso no ENEM. O êxito dependerá da capacidade do aluno de interpretar enunciados, retirar dele a ideia principal e saber distinguir o foco e conceitos ali descritos pelo autor.
Um dos métodos mais utilizados no exame são as tirinhas, que, geralmente, trazem mensagens não verbais e com forte cunho crítico, entremeadas de humor e ironia. “Sua interpretação exige atenção e uma análise da mensagem implícitas nas expressões faciais dos personagens e nos múltiplos sentidos das expressões verbais por eles utilizadas, quando houver”.
Com relação à redação, é importante dar muita atenção ao conteúdo do que for redigir e demonstrar conhecimento do tema proposto, além da capacidade de argumentação e síntese. “Nunca, mas nunca mesmo, fuja do tema”, alerta.
Candidata cosmopolense
A jovem Ana Victoria Alves de Araújo (19) vem dedicando-se, ao longo deste ano, para a realização da prova, sendo esta a segunda vez que irá prestá-la. “A primeira vez que fiz o ENEM foi no ano passado e eu não estava preparada. Entretanto, não tinha intuito de entrar na faculdade logo de cara; queria me preparar mais este ano, já que meu desejo é entrar numa universidade pública”, afirma.
Ana foi aluna da rede pública durante toda a sua vida e afirma sempre ter se dedicado a fazer o melhor dentro da sala de aula. Em seu último ano do Ensino Médio, a jovem precisou conciliar a vida estudantil com trabalho, o que diminuiu o seu tempo para estudos direcionado ao ENEM e vestibulares. “Apesar
disso, me surpreendi com minhas notas. Eu acreditava que o ENEM era uma prova muito complicada e que o meu conhecimento não era o suficiente para realizá-la, mas, no final, fui muito bem. Tentei universidades pelo SISU (Sistema de Seleção Unificada) e até consegui a que queria, em Minas Gerais, mas, hoje, já não quero mais. Ter decidido isso me abriu espaço para refletir”, pondera.
Além do cursinho presencial, Ana, em momentos alternativos ao seu trabalho, estuda por meio de plataformas online, que afirma ajudar muito em seu aprendizado. Sua rotina, durante o fim de semana, é destinada aos estudos para o exame, algo que levou Ana Victoria a deixar como segundo plano festas e passeios com amigos.
A jovem almeja entrar na UNICAMP (Universidade de Campinas) para cursar Ciências Sociais ou Psicologia e, para isso, vem dedicando-se cada vez mais, mesmo às vésperas da prova. “Algumas pessoas preferem ir diminuindo o ritmo dos estudos conforme a data da prova vai chegando, mas, eu penso que tenho que me dedicar cada vez mais. Tem que valer a pena”, conclui.