Aspectos psicológicos e autoestima da mulher frente ao câncer de mama

No Brasil e no mundo, a incidência do câncer de mama vem aumentando e surgindo cada vez mais cedo na vida das mulheres. O tratamento envolve a mastectomia, a quimioterapia e a radioterapia, procedimentos invasivos e que, pelos seus efeitos físicos, podem comprometer em variados graus a autoestima, a imagem corporal e a identidade feminina da mulher portadora do diagnóstico, além de interferir diretamente na qualidade de vida da paciente e de seus familiares.
Estudos têm apontado que a primeira preocupação da mulher ao receber o diagnóstico de câncer de mama é a sobrevivência. Em seguida, surge a preocupação com o tratamento e seus efeitos físicos, ou seja, as inquietações se voltam para a desfiguração e suas consequências para a vida da mulher nos âmbitos social, emocional e sexual.

Marina Ceroni
Psicóloga
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As mudanças físicas causadas pelo câncer de mama são bastante perceptíveis, e uma delas é a possível retirada de uma ou das duas mamas. No Brasil, o aspecto físico é parte muito importante da nossa cultura, e, exclusivamente, a mama está relacionada com a identidade feminina. Assim, muitas mulheres sentem a perda desta identidade logo ao receberem o diagnóstico, e este sentimento se agrava ao longo do tratamento.
Além disto, outra mudança física acarretada pelo câncer é a perda dos cabelos, que é mais um forte indício de imagem feminina, e deve ser trabalhada com a paciente ao longo das sessões de quimioterapia e radioterapia.
Desta forma, o câncer de mama e seu tratamento interferem na identidade feminina, levando, geralmente, a sentimentos de baixa auto-estima, de inferioridade e medo de rejeição.
A autoestima é fundamental para o bom desempenho do tratamento e possibilita um melhor enfrentamento do diagnóstico e das mudanças que a paciente terá ao longo da sua vida. É importante que, neste momento, a mulher busque forças para seguir fazendo aquilo que gosta e que desperte prazer.
Desta forma, é de grande importância que todas as pacientes diagnosticadas com câncer de mama tenham um adequado suporte psicológico durante todas as fases do tratamento, desde o diagnóstico, até as intervenções medicamentosas que acarretam as mudanças físicas, e ainda, na retomada de sua vida após o tratamento.
Faz-se necessário o acompanhamento psicológico da família, principalmente, do cuidador mais próximo da paciente, pois, o mesmo também sofre por ter sua vida e rotina completamente modificadas. Além da preocupação com o estado de saúde da pessoa diagnosticada, o cuidador ou familiar também se sente sobrecarregado pelas responsabilidades frente à adesão ao tratamento da paciente com câncer.
A família é a principal fonte de apoio e motivação da paciente e, desta maneira, precisa estar estruturada para acompanhá-la durante todo o tratamento, e ainda, ser suporte emocional. A qualidade de vida das mulheres com câncer de mama também depende do apoio social e da possibilidade de atividades de lazer e ainda de voltar ao mercado de trabalho ou seus afazeres anteriores.
O acompanhamento com um psicólogo é extremamente importante para que a paciente crie estratégias de enfrentamento frente à doença, ou seja, consiga ser resiliente e passar pelos estágios do câncer de maneira positiva. Assim, por mais que a doença seja bastante agressora, o paciente acompanhado encontrará apoio frente ao sofrimento psicológico no qual estará exposto, e ainda, conseguirá enfrentar a doença e dar continuidade à sua vida após o tratamento.