A gravidez é uma experiência muito importante na vida de qualquer mulher e traz consigo benefícios e também desconfortos para o corpo da gestante. Por isso, é muito importante e vantajoso para a mulher praticar atividades físicas durante o período gestacional, e, melhor ainda, se a mulher já for adepta das atividades físicas antes mesmo de engravidar.
Segundo a educadora física Carolina Eiras, a atividade física ajuda a manter o bem-estar físico e mental durante os nove meses, diminuindo o estresse, favorecendo o ganho adequado de peso no pré-natal (o que diminui a incidência de doenças), além de fortalecer a musculatura e propiciar alongamento e relaxamento, extremamente necessários para a adaptação da coluna e as modificações geradas pelo aumento do volume abdominal. “Melhora a capacidade respiratória, diminuindo a falta de ar e envia mais oxigênio para o bebê. Diminui o inchaço das pernas e pés, melhorando a capacidade cardíaca, facilitando o trabalho de parto e a sua recuperação”, explica.
Apesar de ser extremamente benéfico para a futura mãe e também para o bebê, realizar atividades físicas durante a gravidez exige alguns cuidados e, muitas vezes, algumas restrições. “Nos primeiros três meses de gravidez, não é recomendado nenhum tipo de atividade física. Somente a partir do quarto mês, os exercícios estão liberados, mas com algumas recomendações. Antes do início dos exercícios, a gestante deve passar por consulta de pré-natal para ser avaliada pelo obstetra. Após a realização dos exames, ele poderá liberar ou não a prática de exercícios. Não havendo problemas, os exercícios podem ser continuados até o parto, embora seja necessário reduzir a intensidade aos poucos”, orienta a educadora física.
Os exercícios favorecem muito a saúde do bebê porque melhoram a circulação sanguínea. O que, por consequência, favorece o transporte de nutrientes e de oxigênio, que vão até ele por meio da placenta e do cordão umbilical. A atividade física libera endorfinas, isto é, substâncias que promovem o bem-estar. Elas, por sua vez, podem atravessar a barreira placentária.
Os exercícios devem variar de acordo com cada fase da gravidez, o que vai ocorrer geralmente de acordo com as limitações da gestante. “A variação ocorre de acordo com as limitações da gestante. Ao apresentar qualquer mal-estar, é preciso parar imediatamente os exercícios e o médico deverá ser consultado. Com a evolução da gravidez, a intensidade deve ser reduzida de forma gradual, variando e adequando posições”, explica Carolina.
O profissional que está acompanhando a gestante acaba trocando os exercícios com o passar do tempo, já que a barriga vai crescer. Para que haja uma gravidez saudável e, acima de tudo, segura, é aconselhável que as atividades sejam feitas moderadamente e sob orientação de um educador físico, inclusive, para as mulheres que já praticavam algo. “É fundamental a gestante não querer ganhar condicionamento físico durante a gestação. Portanto, se a mulher não está habituada, não é hora de tentar recuperar o tempo perdido se esforçando demais”, orienta a educadora física.
As mulheres que já praticavam exercícios físicos antes de engravidarem têm um benefício bem maior, isso porque o corpo já está acostumado com os exercícios e estará mais preparado para as mudanças que ocorrerão no corpo durante a gravidez. Além disso, há alguns exercícios estreitamente proibidos para gestantes, como esportes de contato, como futebol, vôlei e basquete, por conta do risco de choques contra a barriga. As grávidas também devem evitar andar de bicicleta, porque a alteração do centro de gravidade, ocorrida durante a gestação, pode causar quedas. Na lista de proibições constam ainda andar a cavalo e de patins e mergulhar.
Porém, as grávidas podem escolher dentro das possibilidades qual/quais exercícios desejam praticar. “Gestantes saudáveis, com liberação médica, devem escolher atividades físicas que privilegiem o fortalecimento muscular e que, principalmente, sejam prazerosas. A gestação já é um momento de muitas ansiedades, por isso é importante praticar um exercício que ajude a relaxar e aliviar as tensões.
Podemos dizer que o mais adequado para cada mulher seja continuar o que ela faz com as adaptações para suas fases gestacionais. Já para as mulheres sedentárias, a recomendação é iniciar por exercícios mais leves, de preferência acompanhada por profissionais qualificados. As atividades físicas mais indicadas são aquelas que garantem um menor impacto para as articulações (hidroginástica, natação, pilates, caminhada, musculação, alongamento)”, explica Carolina.
A prática de exercícios pode trazer muitas vantagens, desde o alívio de desconfortos musculares e articulares até a diminuição das dores do parto. A atividade física na gravidez não é só bem-vinda, mas também é necessária. Quando a mulher treina durante a gestação, ela melhora sua resistência muscular e se prepara para um parto mais tranquilo. “A lógica é a mesma de um atleta praticando para uma competição. Quanto mais preparar seu corpo, mais chances ele cria de não ter complicações no grande dia. O padrão cardiorrespiratório ajuda muito a melhorar o trabalho de parto, uma vez que ela vai gastar muita energia, assim como os exercícios que trabalham a flexibilidade e força muscular no assoalho pélvico e na musculatura abdominal. Isso porque a musculatura é muito utilizada no parto. Além disso, pessoas que se exercitam frequentemente têm mais liberação de endorfina, o que diminui a dor, então, essas mulheres vão sofrer menos.
O mesmo acontece no pós parto porque a mulher que já era praticante de atividades físicas ou passou a praticar na gestação, se sentirá bem mais disposta e retornará à atividade física e à rotina habitual bem mais rápido do que uma mulher que não fez exercícios na gravidez”, finaliza Carolina.