Através de maratonas de corridas, o amor une um casal…

“Ele não perdeu tempo e já me enviou uma mensagem puxando papo. Pouco tempo depois, já estávamos correndo juntos”

Ser um casal pode significar mais que somente amor, é companheirismo, fidelidade, amizade e saber dividir todos os momentos da vida com alguém especial. Este ideal pode ser considerado um lema para a vida de Gabriela Sachi Berti e Marcelo Wey Berti, que se conheceram através de uma paixão por esporte de Gabriela.
“O início da nossa amizade aconteceu de um modo ao mesmo tempo planejado e surpreendente. Nós já tínhamos ouvido falar a respeito um do outro, mas nunca tínhamos sequer conversado. Por um acaso, nós também éramos amigos no Instagram, e por causa disso, o Marcelo acabou visitando minhas fotos e gostando bastante de mim (risos).
E qualquer pessoa que visite meu perfil no Instagram vai descobrir que eu gosto muito de correr. E o Marcelo não pensou duas vezes: ‘Vou começar a correr e postar fotos de corrida, quem sabe isso não chama a atenção dela e começamos a conversar’. Pensando nisso, um dia, ele postou uma foto do tênis dele com os dizeres: ‘Correr é preciso’.
E para surpresa do Marcelo, eu, toda inocente, sem saber de nada, acabei comentando a foto dele. Ele não perdeu tempo e já me enviou uma mensagem puxando papo. Pouco tempo depois, estávamos correndo juntos, fazendo provas juntos e saindo juntos. Foi tudo bem rápido e intenso, mas muito divertido também. Nós sempre rimos muito juntos. A nossa amizade se fortaleceu rapidamente e, para nossa surpresa, nós nos demos muito bem”, começa Gabriela.
Antes de tudo isso, Marcelo já tinha se casado e, infelizmente, sua mulher havia falecido, deixando dois filhos. Gabriela conta que foi difícil a adaptação com as crianças, mas, não impossível, e no fim tudo deu certo.
“Como todo começo de namoro é difícil, o nosso não foi diferente, ainda mais por ser uma situação atípica. Todo casal de namorados, no início, demora para aprender o que fazer para agradar o outro. Eu me lembro da primeira vez que o Marcelo resolveu fazer uma surpresa para mim, antes de começarmos a namorar. Eu estava em um treinamento de contabilidade fiscal que duraria três dias. Desde o início, estava pensando em sair do evento e ir correr. E claro, acabamos combinando que faríamos isso juntos. O que eu não esperava é que, no último dia de treinamento, eu estaria exausta e sem disposição para correr. Em função disso, sugeri que, ao invés de correr, saíssemos juntos. Aproveitando a ‘deixa’, o Marcelo se ofereceu para fazer um churrasco na casa dele. E eu topei, crente que seria um evento social cheio de outras pessoas.
Para minha surpresa, quando cheguei na casa dele, eu descobri que o churrasco era pra mim, e somente eu tinha sido convidada. E ele, todo prestativo, comprou picanha especial, linguiça especial e o melhor pão de alho que ele achou. Também comprou minhas bebidas e sobremesas favoritas. Era um verdadeiro banquete. Só tinha um problema: Eu não gosto de churrasco (risos). E ele não tinha a menor ideia que a única coisa que eu como bem em churrasco era pão de alho (risos).
No início de um relacionamento é comum que esse tipo de coisa aconteça, e é claro, isso acaba gerando a necessidade de se realizar adaptações. Agora, imagina essas adaptações com mais duas crianças! Não foi fácil mesmo. Várias vezes, no namoro, nós saímos os quatro para brincar com as crianças na praça, comer churros, cachorro quente e outras coisas que as crianças curtiam.
Essas foram adaptações necessárias no nosso namoro que são bastante incomuns. E para minha surpresa, eu acabei gostando bastante de fazer aqueles programas em “família”. Minha irmã Maria, que tem 11 anos, acabava se juntando a nós e fazíamos uma boa bagunça juntos. Posso garantir que não foi fácil passar por essas adaptações, mas foi bem legal.
Tem sido um privilégio ser a “mãe” do coração para eles. É uma relação de doação e adoção. Eu os adotei como meus filhos e eles me adotaram como mãe do coração. Deus tem sido maravilhoso e temos tido o privilégio de desfrutar do Seu amor e da Sua bondade conosco.
Eu tive minha vida literalmente virada de pernas para o ar, mas, hoje, me sinto completa. Aprendi quais são realmente as prioridades, aprendi que são necessários tempo, disposição e muito amor. E eu sou abençoada por ter ganho uma família. A aceitação das crianças foi muito rápida e natural, não houve questionamentos negativos de nenhuma das famílias.
Pelo contrário, minha família sempre me apoiou e esteve ao meu lado o tempo todo. Eles também receberam o Marcelo e as crianças de braços abertos. Meus pais até curtiram a ideia de se tornarem avós. A família do Marcelo me recebeu muito bem e eu acabei ganhando duas amigas no processo, a Marília e a Marina, irmãs do Marcelo”, explica Gabriela.
Marcelo, após cinco meses de namoro, amava e confiava tanto em Gabriela que decidiu se casar, e o pedido não foi nada normal. “O pedido de casamento foi muito engraçado. Primeiro, para tentar fazer desse evento uma surpresa para a Gabi, inventei que iríamos a um aniversário de uma amiga. Mas, a história estava tão mal contada que ela logo descobriu que eu estava tentando fazer uma surpresa. Ela não sabia que surpresa seria essa… E quando saímos em direção a São Paulo, ela percebeu que a surpresa não seria em Campinas, e logo ela entendeu que eu estava planejando levá-la a um bar que ela adoraria conhecer, o Olívio Bar. Ou seja, em poucos minutos, ela descobriu o meu plano. O que não sabia, e ela inocente não percebeu, era que eu estava fazendo tudo aquilo para pedi-la em casamento.
Assim que chegamos ao lugar, o gerente da casa veio nos receber e me tratando pelo nome falou: ‘Sr. Marcelo, por favor, sua mesa está reservada’. E ela morreu de rir com aquilo, porque não esperava que eu fosse reservar uma mesa só para me apresentar o restaurante. Além disso, ela percebeu que eu estava carregando comigo uma sacola com um presente, mas nem prestou atenção no que poderia ser. Até que, de repente, eu saí do meu lugar, me ajoelhei na frente dela e falei: ‘Gabi, você quer correr a maratona da vida comigo?’ E enquanto eu falava isso, tirei da sacola de presente um relógio especial para esportes”, conta Marcelo.
E Gabriela complementa: “Meus olhos encheram de lágrimas, mas eu não conseguia decidir o que era mais legal naquele momento: era o pedido ou era o relógio? (risos). E percebendo que eu não respondia, ele perguntou novamente. E aí, eu entendi o que estava acontecendo e aceitei o pedido dele. Mas, ele não parou por aí. Depois que saímos do restaurante, já no carro, ele encosta dizendo que precisa acertar o GPS para sairmos de SP.
Com o carro parado, ele acende a luz interna, coloca minha música favorita e fala: ‘Um pedido de casamento não é um pedido de casamento se não tiver um anel’. E naquele momento, eu já comecei a chorar. Pegando uma caixa que estava debaixo do meu banco, ele abriu, me mostrou um anel lindo e disse: ‘Você quer casar comigo?’ E como você diz não para um pedido desses? (risos). Eu aceitei e não me arrependo, porque é muito bom poder casar e passar o resto da vida com meu melhor amigo”, finaliza Gabriela.
O casamento do casal esportista foi oficializado no cartório de Cosmópolis no dia 26/05/2018. Hoje, eles vivem intensamente felizes com as duas crianças e pretendem ainda correr várias maratonas juntos.