Enquanto a autoestima se relaciona com a percepção de valor pessoal, o amor-próprio envolve ações de cuidado e respeito, ambos essenciais para o bem-estar emocional e a superação de desafios
Autoestima e amor-próprio são comumente utilizados para nomear o mesmo sentimento, mas, na verdade, eles são distintos.
A palavra autoestima, há muito tempo, foi descrita como “sentimento de si”, e faz sentido quando associada com uma expressão que se costuma usar na cultura brasileira: “fulano está se sentindo”, que é quando se percebe que uma pessoa tem uma elevada autoestima, “elas se sentem”, especial como a última bolacha do pacote, a última Coca-Cola do deserto. Ou seja, quanto mais potente e engrandecida uma pessoa se vê, maior tende a ser a sua autoestima. Às vezes, essa visão de uma estima alta é confundida e nomeada como egocentrismo, egoísmo, narcisismo, arrogância, e as pessoas acabam por evitar falar e demonstrar suas qualidades.
Há sim um excesso ou desequilíbrio da autoestima que pode ser uma maneira distorcida de enxergar a si mesmo, como alguns sintomas psicóticos como a megalomania, ou até decorrente de transtorno da personalidade.
Autoestima é uma autoavaliação ligada ao valor que se dá a si mesmo e é desenvolvida desde a infância no contato das relações com a família e todas as interações sociais que se vai tendo ao longo da vida. Essa forma de como as pessoas se avaliam é tão importante porque ela será capaz de definir o jeito que as pessoas encaram a vida e superam as adversidades, terá como resultado a noção crítica da aceitação e confiança que se tem de si.
Tem um papel essencial para a saúde física e mental, pois essa percepção de si pode vir de forma positiva ou negativa, em que sentimentos benéficos e prejudiciais podem ser gerados.
Será, então, que essa forma de perceber o próprio valor pode influenciar em como as pessoas tomam decisões ou fazem suas escolhas durante sua vida? Acredita-se que sim.
Diante de algo que se deseja, algo que precise escolher ou decidir, haverá uma contextualização da situação, um senso crítico que a consciência ou o consciente faz.
No caso da autoestima alta, a pessoa terá confiança no seu potencial para decidir e realizar o que tenha que ser feito, ou se nada der certo, ela vai conseguir passar por aquela situação difícil, lutando e superando. Ela vai no mínimo acreditar e tentar. No caso de uma baixa autoestima, o medo e a falta de confiança no próprio potencial podem paralisar a pessoa, e ela passa muitas vezes uma vida na “zona de aceitação/conforto”, não se compromete a desafios, e pode ficar sempre na lamentação de que as coisas não acontecem, que ela não teve boas chances. Pessoas com baixa estima tendem a supervalorizar os outros, o valor que teriam que ver em si está sempre nas outras pessoas.
Já no amor-próprio não basta ter apenas a percepção de um valor positivo para o EU, é preciso cuidado, amor e respeito. É necessária uma demonstração de cuidado com esse corpo físico, buscar um trabalho que reconheça o seu potencial, não se manter em relações tóxicas.
Sentir-se amado pode aumentar a autoestima, o problema é depender desse amor do outro, nesse ponto que o amor-próprio fala mais alto. Cortar da vida o que faz mal, praticar o que alegra, cuidar de si como cuidaria dos outros. Se na autoestima há uma boa relação com o EU interior, no amor-próprio é necessário se amar com ações físicas, emocionais e espirituais. Esse equilíbrio entre amor-próprio e autoestima pode prevenir distúrbios mentais como ansiedade, depressão, insônia e alterações de humor.