AVC tem mais incidências no período de inverno

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) acontece em decorrência da interrupção do suprimento de sangue e, consequentemente, de nutrientes e oxigênio ao sistema nervoso central.
“Na maior parte dos casos, ocorre por ruptura de uma placa de ateromatose (colesterol) da parede dos vasos, no caso do AVC isquêmico, ou da ruptura do vaso especialmente por pico hipertensivo, no caso do AVC hemorrágico”, explica a cardiologista Elaine Coutinho.
De acordo com a especialista, em dias frios, especialmente em temperaturas inferiores a 14 graus, há um aumento na incidência de 10 a 18% de Infarto Agudo do Miocárdio e Acidente Vascular Cerebral (AVC).
“Quando sentimos frio, há a liberação de uma substância, um tipo de catecolamina, que tem a função de aumentar o metabolismo para produzir calor, e também contrai os vasos sanguíneos, em especial as artérias, para diminuir a dissipação do calor. Entretanto, essa contrição aumenta a pressão arterial aumentando a resistência de bombeamento do sangue pelo coração, tornando o paciente mais propício aos dois tipos de AVC mencionados”, esclarece.
O consumo de alimentos condimentados e gordurosos, no período de inverno, pode corroborar para alterações metabólicas que favorecem o problema.

Vítima de AVC
O artista plástico e educador da rede estadual, Bruno Benetel Neto (30), sofreu um AVC com apenas 14 anos. No ano de 2002, ele cursava o primeiro ano do Ensino Médio e possuía uma vida extremamente ativa, já que praticava Karatê, natação, academia e, como hobby, andava de bicicleta pela cidade.
“Tudo começou quando eu estava fazendo um trabalho na casa de um amigo. Naquele momento, eu estava sentindo uma dor de cabeça muito forte, no canto direito. Avisei meu colega, mas ele não se importou muito, até o momento que a dor aumentou e caí no chão. Eu não entendia nada, só sentia algo muito ruim e a dor só piorava”, conta Bruno.
O professor explica que, naquele instante, sentia uma mão estranha atrás de si, que, na verdade, era o seu próprio braço já sem movimentos. “Todos ali acharam a situação extremamente estranha, principalmente, quando eu já não conseguia falar, pois meu rosto estava torto e paralisado. Como estávamos sozinhos, me esforcei para dizer o número da minha mãe, que estava dando aula no momento. Sem entender nada, ela, imediatamente, se deslocou ao lugar. No meio tempo, o pai do meu amigo chegou e me levou para o hospital”.
Já no pronto socorro, Bruno conta que não souberam identificar sua condição. O AVC já havia paralisado a região esquerda de seu corpo, e as dores intensas tiravam sua lucidez. “Eu estava apagando, mas, as pessoas ao meu redor não permitiam. Estava tudo uma bagunça. Lá, ninguém podia fazer nada por mim, por isso, me encaminharam ao Hospital Irmãos Penteado, de Campinas. O percurso longo só piorou minha condição”, afirma.
O local do acidente era responsável pelos movimentos do lado esquerdo do corpo de Bruno, e, com a demora no atendimento, o derrame atingiu muitas partes de seu cérebro. Já na UTI, o professor conta que, à sua mãe, foram dadas duas soluções: medicação com um remédio em experimento pela UNICAMP (Universidade de Campinas), que teria sua eficácia duvidosa por estar em teste, ou tratamento pelo Hospital, que poderia resultar na piora da condição do jovem.
“Minha mãe, vendo meu estado grave, pediu pelo remédio da UNICAMP, que logo foi solicitado. Naquelas horas que passei, tudo era desesperador. Eu ansiava por ver minha mãe, já que estava sozinho sob a observação dos médicos e cheio de aparelhos. Quando, enfim, permitiram a entrada dela, nós dois chorávamos muito, o que poderia agravar a situação”, comenta.
Já sob efeito do medicamento, Bruno teve sua situação estabilizada e passou bem pelo acidente. “Nunca descobrimos o real motivo desse AVC, mesmo depois de todos os exames possíveis. Mas, sempre penso que fui sorteado pelo destino e que talvez isso estivesse escrito em minha linha da vida”, pondera.
Hoje, Bruno leva uma vida normal, porém, com algumas sequelas. Durante os 4 meses que permaneceu em tratamento no Hospital, realizou sessões de fisioterapia, que o ajudaram a recuperar grande parte dos movimentos. “Mas, infelizmente, não me recuperei por completo. Tenho hemiplegia esquerda, que resulta na dificuldade em me locomover e limitação nos movimentos do braço esquerdo. Entretanto, tudo isso já passou e vivo bem, com o apoio

Elaine Coutinho
Cardiologista
CRM 139570

moral da minha família e amigos. No momento, estou tirando a minha carteira de motorista especial e isso me deixa muito empolgado. É bom ter adaptações específicas para minha condição”, conclui.

Bruno Benetel Neto
Artista plástico e educador
Vítima de AVC