Banda do Funil completa 10 anos de carnaval de salão

João Carmona, integrante fundador da Banda do Funil, relembra a criação do grupo, que veio através de uma homenagem a um antigo conjunto que fazia sucesso nos carnavais de salão da Usina Ester

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Seus registros fotográficos dos 10 anos de carnaval (Foto: Gazeta / TV Jaguari)

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Joao Carmona vestindo a camiseta da Banda do Funil para o Carnaval de 2017 (Foto: Gazeta / TV Jaguari)

A GAZETA de COSMÓPOLIS entrevistou, nesta semana, um dos membros fundadores da Banda do Funil, ativa há 10 anos, agitando os carnavais de salão. Na entrevista, João Carmona, com 28 anos de experiência em carnavais, conta como foi a criação da banda, quem foram os principais responsáveis e das vivências que ele compartilhou durante todos esses anos de festa. Além disso, Carmona conta sua expectativa para o carnaval deste ano.

GAZETA de COSMÓPOLIS: Conte-nos sobre o começo da nova Banda do Funil.

João Carmona: Em 2007, nós tínhamos um pessoal que ficava na barraca do alemão, o bar. Nós sempre reuníamos uma galera, tomávamos cerveja e fazíamos um barulhinho. Foi aí que o ‘Bomba’ resolveu resgatar o carnaval da Usina. Como nós já tínhamos uma banda chamada ‘De improviso’, composta pelo Sergio, ‘Ticão’, Odair, ‘Chulipa’ e eu, o ‘Bomba’ decidiu nos chamar para tocar na primeira volta do carnaval. Na primeira vez, foram vendidos por volta de 300 convites.

GAZETA: É bastante gente… Como foi tocar para todo esse público?

Carmona: Nós já tínhamos experiência, eu mesmo já tenho 28 anos de carnaval e os demais também eram experientes. Na primeira vez, foram o Serginho, Odair, ‘Ticão’, Eu, o João Flores, que levou o som e cantou, e o ‘Canhoto’ no contrabaixo. Com o sucesso, o ‘Bomba’ resolveu fazer novamente, só que, na segunda vez, já foi maior; pelo menos, umas 400 pessoas com ingressos já reservados. Nesse, nós tocamos na mesma formação. No terceiro ano, já foi diferente. Quando fui procurado, a primeira coisa que ouvi foi que a proporção estava muito grande. O organizador já tinha dito que haviam procurado ingresso em setembro. Com isso, eles me disseram que eu deveria montar uma banda maior, algo maior. Sempre fomos profissionais, mas era uma banda pequena. Com o aumento da banda, houve também a alteração do nome. A ideia do nome foi do ‘Jabiraca’, que me propôs resgatar o nome ‘Banda do Funil’, uma banda de tradição aqui em Cosmópolis. Os novos integrantes foram o Heitor Guidote, de Artur Nogueira, já que ele conhecia um pessoal de bateria e eu conhecia um pessoal de sopro. Foi então que surgiu a parceria

Nos Carnavais, eram assim: na Usina, tocávamos de sexta-feira e passamos a tocar de segunda-feira também. Depois, ainda fazíamos os matinês no Cosmopolitano F. C.. Tocamos no fechamento do clube da Usina e, no ano seguinte, tocamos sábado, domingo, segunda e terça no Cosmopolitano. Este ano, vai ser essa programação novamente com a gente tocando.

GAZETA: Com 10 anos de Banda do Funil, o fôlego mudou?

Carmona: Vai cansando de lá pra cá, a idade vai chegando e vamos sentindo mais canseira…

GAZETA: O carnaval em Cosmópolis mudou muito? Carmona: Antigamente, todo mundo ia para o salão. Já chegamos a tocar para 2 mil pessoas na primeira banda que eu toquei, que chamava ‘Spectrus Continuos’. De lá pra cá, nunca mais parei. Teve uma vez, que o carnaval acabou aqui em Cosmópolis. Mas, aqui na cidade, temos tradição. A Banda do Funil acompanha essa tradição e, por isso, tocamos marchinhas, samba e samba enredo.

GAZETA: Quando você fala em tradição, você nota que as pessoas sentem falta do carnaval de antigamente?

Carmona: Notamos que o pessoal mais antigo relembra e gosta. Mas, a juventude não tem essa tradição e gosta de outros estilos. A banda revive o carnaval paulista tradicional.

GAZETA: Já pensaram em fazer carnaval para fora?

 Carmona: Já pensamos, mas, não tem muito carnaval de salão por aí. Sabemos que tem em Minas Gerais, inclusive, até tivemos um convite para tocar em Muzambinho, mas, já tínhamos fechado para tocar aqui em Cosmópolis.

GAZETA: Você já passou o carnaval fora do palco, do outro lado, vendo as bandas tocarem?

Carmona: Nunca, sempre em cima do palco. Já teve ano que comecei a tocar na quinta-feira e tocava todos os outros dias. Tem que ter pegada, a banda em si é bem ativa.

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João Carmona guarda o recorte da reprodução de uma foto do ‘Carnaval da Usina Ester em 1972′ (Foto: Gazeta / TV Jaguari)

GAZETA: Qual a memória mais forte que você tem do carnaval?

 Carmona: O da Usina sempre foi bom, dá muita saudade. O auge é sempre quando somos mais novos, já cheguei a tocar no Flamengo, de Americana, com a banda Parágrafos; com eles, eu toquei todos os dias, de quinta até terça.

GAZETA: E as músicas?

Carmona: Tenho todo o repertório na cabeça, são 160 marchas na cabeça e sem repetir.

GAZETA: Qual a maior diferença do carnaval de antigamente e o de hoje?

Carmona: Antes, víamos mais fantasias e blocos, isso incentivava mais. Sempre com salão lotado . Hoje é diferente…

GAZETA: Conte uma memória da Banda do Funil.

Carmona: Houve um carnaval que eu tive problema no pulmão. Foi assim, cantei o carnaval e saí porque estava com dor. Fui ao Hospital Madre Teodora, os médicos diagnosticaram cólica de rim e me internaram. Quando deu 20 horas, eu recebi alta e fui direto para o clube cantar o carnaval, cantei praticamente com um pulmão só. Assim que acabou a festa, tive muita febre, voltei para o hospital e fiquei internado durante 15 dias. Mas, ainda bem que estou bem agora!

GAZETA: Para este ano, qual a expectativa?

Carmona: Que encha o salão, músico gosta de casa cheia. Mas, indiferente, tocamos igual, independente de quantas pessoas estiverem lá. A expectativa é que, neste ano, o carnaval seja ainda maior