O mês de setembro é conhecido como ‘Setembro Amarelo’, uma campanha que acontece desde 2015 em todo o país e visa a conscientização e sensibilizar a população sobre a importância da prevenção do suicídio.
De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 32 pessoas se suicidam por dia no Brasil, ou uma a cada 45 minutos, o que faz do país o oitavo com mais suicídios do planeta. Mas, o problema é bem maior, por conta do silêncio da sociedade em torno do tema. Se em alguns dos países com maior incidência de suicídio a taxa está estável, no Brasil, ela tem crescido.
Para a psicóloga Maristela Ramos, a campanha consegue alertar e colabora para que muitas vidas sejam recuperadas, especialmente por meio do apoio psicológico para os que atentam contra a própria vida. “Estamos falando sobre o suicídio e este tema é de extrema importância devido ao seu impacto social, seja em termos numéricos, seja em relação a familiares, amigos ou conhecidos das pessoas que fazem uma tentativa ou ameaçam se matar”.
Maristela friza que, mesmo existindo a campanha, o suicídio é visto pela sociedade como tabu. “As pessoas não gostam e não querem ouvir, ou tão pouco falar sobre a morte. Dentro disso, uma morte voluntária remete a uma dificuldade ainda maior”.
Por não haver discussão entre amigos e familiares sobre o assunto, muitos acabam não vendo sinais de que uma pessoa próxima pode estar com ideias suicidas.
De acordo com a especialista, o comportamento engloba uma situação de pessoas que ameaçam tirar a própria vida, mas não a efetivam. Por outro lado, existem pessoas que conseguem levar às últimas consequências, a morte, e é bastante difícil e complexo compreender o motivo pelo qual o indivíduo decide cometer suicídio. “Outras pessoas em situações problemáticas similares não o fazem”.
Fatores
Existe um conjunto de fatores como, emocionais psiquiátricos, religiosos e socioculturais que podem ajudar na compreensão do sofrimento que essa pessoa carrega e, por isso, busca o suicídio.
A psicóloga Maristela explica que o suicídio é uma manifestação humana, uma forma de algumas pessoas lidarem com o sofrimento, uma saída para quando a vida lhe parece insuportável. “Algumas pessoas relatam que ‘dói o corpo, dói o peito, dói a alma’ – a causa precipitante do seu ato suicida, quando afirmam que se matar seria a única forma de se livrarem da dor”.
O ato suicida, muitas vezes, ganha um tom pejorativo na cultura atual, pois é visto como “chamar atenção” por muitas pessoas. “O importante é evitar esse tipo de rotulação diante de qualquer tentativa de suicídio, posto não ser possível avaliar o grau de sofrimento de uma pessoa porque ‘inconscientemente’ ela pode não desejar o êxito do seu ato”.
Como identificar
É importante aumentar a percepção até mesmo em uma comunicação prévia, pois, é nessa situação que as pessoas dão indícios e até verbalizam em algum momento.
Maristela explica que “as pessoas devem prestar atenção em mensagens de adeus, com intenções de bilhetes ou cartas de despedidas; providências finais, ou seja, testamentos; planejamento detalhado, pois muitos pesquisam métodos e, por fim, ausência de pessoas ou ajuda. Muitos procuram verificar horários e lugares que possam estar sozinhos para cometer o ato”.
Sinais de alto risco
Além disso, em algumas pessoas, é necessário tomar mais conhecimento e notar alguns sinais como histórico de tentativas suicidas anteriores; histórico familiar; transtornos psicológicos existentes, como a depressão; grau de letalidade do método utilizado nas tentativas; controle deficiente de impulsos; uso de álcool e drogas; pessoas sem apoio familiar ou social; recente perturbação familiar e acontecimentos estressantes, como perdas, lutos, dívidas e separação.
Tratamento
A psicóloga Maristela Ramos esclarece que, para o tratamento daqueles com tendência suicida, é necessário passar por avaliação psicológica, psicoterapia e farmacoterapia para que haja um acompanhamento até mesmo estendido a familiares.
Os especialistas terão o conhecimento do histórico familiar e condições genéticas para poder avaliar a presença de transtornos mentais e verificar atuais situações humilhantes que a pessoa pode ter passado. “Em caso de alto risco de suicídio, a hospitalização é indicada. O ambiente seguro, como limitar acesso a armas, remover objetos como medicamentos, material cortante, lençóis, entre outros, também será indicado”.
Centro de Valorização
da Vida – CVV
O Centro de Valorização da Vida (CVV) realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail, chat e Skype 24 horas todos os dias.
Site: http://www.cvv.org.br/