Bruna Souza fala de superação dois anos após o acidente

Com muita personalidade e perseverança, supera o trauma

“É um recomeço, todos os dias…”

Bruna Nascimento Sousa tem 35 anos idade e sua história ficou marcada após um fatídico acidente em dezembro de 2017, há dois anos, na garagem de sua casa, onde vive com a sua família. Apesar do trauma sofrido e, até hoje, se adapta diariamente, Bruna afirma que prefere ser reconhecida como uma mulher que trabalha, que é tia coruja, irmã fiel, filha amada e que possui muitos sonhos, “Infelizmente, as pessoas ainda me reconhecem como ‘a menina do acidente’ e se esqueceram que tenho uma identidade. Sei que foi algo muito impactante, mas, me incomoda ser encaixada apenas como a ‘menina do acidente’, sou muito mais do que isso, graças a Deus!”.

Pós-traumático
Bruna comenta que um dos principais desafios, mesmo após dois anos da amputação de sua perna esquerda, é em relação a dor. “Sinto muita dor ainda na locomoção. Estou no processo de regular minha prótese, ainda sem desistir de buscar a prótese eletrônica. Com esta, por ser hidráulica, preciso pensar mais para andar. Uma prótese completa, eletrônica, custa hoje R$ 120 mil. Por isso, apesar das dificuldades, foco muito no meu trabalho”.

Apoio
O apoio da família foi fundamental para que Bruna superasse o pesadelo que viveu. “Meus pais, meus sobrinhos, namorado, irmã e, com certeza, meu trabalho. É ali que me realizo novamente, me sinto totalmente independente, é minha terapia”.


A ferramenta da Confeiteira Bruna é a fé. “Ainda tenho marcas, lutas diárias, recomeço todos os dias… Ainda cuido de uma anemia por ter perdido muito sangue, imunidade baixa, meu corpo não funciona mais da mesma forma em relação a retenção de líquidos. Meu psicológico, no segundo ano, se abalou muito. Surgiram alergias, precisei cuidar da mente e nos dias que estou muito angustiada, somente as orações me ajudam. Orar, ter fé. Às vezes, batem o desespero, os questionamentos, mas, é questão de tempo, é orar, ouvir uma música que me acalma, que ajuda muito, colocar a prótese e seguir!”.

Determinação
“Sempre digo que tenho duas escolhas. Seguir em frente ou ficar parada lamentando e sofrendo. E eu decidi buscar. Amo a Confeitaria, usar minha criatividade na cozinha, com meus doces, estar perto da minha família… Escolho focar no que é bom”, enfatiza Bruna.

Superação
“Tive picos de felicidade após o trauma. O primeiro deles, quando consegui voltar a trabalhar na confeitaria. Este trabalho, além de ser algo familiar, é uma conquista pessoal muito grande. Era um sonho que se tornou realidade e que, inicialmente, apenas com três meses de inauguração da primeira loja, foi interrompido pelo acidente. Mas, agora, voltou a todo vapor, e essa é minha campanha para chegar ao meu objetivo: trabalhar, oferecer meu produto.
Outra felicidade foi voltar a pegar os meus sobrinhos no colo. Sempre fui uma tia apegada e, quando cheguei, pela primeira vez, com a prótese, eles perguntaram se eu poderia voltar a pegá-los no colo. Eu consegui e foi uma sensação maravilhosa.
A terceira foi voltar a entrar no mar. Sempre amei a praia, desde criança. Certa noite, sonhei que estava na beirada e aquela água geladinha tocava meus pés. Foi muito real, não era um simples sonho. Quando cheguei, não tive dificuldade de andar naquela areia, comecei a rodar, sentir o vento, a brisa do mar… Me senti viva e completa novamente!”, relembra ela.

Feliz Dia Internacional da Mulher
“Mulher ainda é considerada frágil. Mas, a mulher é capaz. A mulher precisa trabalhar, precisa cuidar dos filhos, precisa ser respeitada e ainda não é como deveria. Parece clichê, mas, ainda somos subestimadas. Mulher nasceu para realizar, para ter multifunções. Deus preparou a mulher para abraçar o mundo. Somos muito fortes!”, finaliza Bruna.