Calçados: a importância e os impactos causados por eles

Você sabe como escolher o sapato correto para que a saúde do seu filho não seja prejudicada? Entenda os problemas e soluções para essa questão.
“Até os nove meses de idade, a criança tem a sensibilidade superficial do pé superior até mesmo à da mão e representa o seu principal instrumento de exploração. Por isso, é melhor calçá-los exclusivamente quando sair de casa, para proteger do frio e de pequenos arranhões, usando meias antiderrapantes ou sapatinhos de materiais muito macios. Nos primeiros meses de vida, para estimular o desejo natural do movimento do bebê, é aconselhável mantê-lo de barriga para cima, com total liberdade para mover as pernas e os pés”, explica o ortopedista Paulo Kuroda.
Com o início do engatinhamento, “é aconselhável calçar o bebê nesta fase, escolhendo calçados de materiais flexíveis que não dificultem os movimentos dos pés e tornozelos, com solado antiderrapante e resistente ao atrito”, explica.
Aos 12 meses, a criança começa a andar. “Neste período, o pé recebe os primeiros estímulos plantares causados pelos exercícios dos primeiros passos. Estes conjuntos de estímulos é que irão desenvolver os músculos e formar lentamente o arco plantar. É importante a criança sentir vários tipos de superfícies de apoio e a irregularidade do terreno, para estimular constantemente a formação do pé, por isso, a importância em deixar a criança caminhar descalça. Se o local necessitar de proteção para os pés, o calçado nesta fase deve ser leve, bastante flexível e com solado antiderrapante”, esclarece e ainda completa que “a partir dos 2 anos, a criança já caminha com segurança. É importante possibilitar a corrida com segurança, em locais livres de acidentes”.

Como escolher o calçado
A febre do uso de calçados chamados ortopédicos deu lugar aos anatômicos e, recentemente, surgiram os fisiológicos, que ainda são novidade.
“O calçado ortopédico pode ser indicado em casos de deformações graves nos pés. Trata-se de um sapato rígido, feito sob medida de acordo com a receita e é o médico quem especifica as partes que devem ser reforçadas em couro ou metal para correção de anomalias e defeitos na anatomia. Portanto, não é indicado para qualquer pessoa porque pode causar a atrofia do pé e de parte dele, além de não melhorar os aspectos posturais. Ressalto que as botas ortopédicas não corrigem o pé plano, popularmente conhecido como pé chato; ao contrário, levam-no à atrofia”, diz o especialista.
O calçado fisiológico tem o solado curvo e não plano, “com ele, a marcha é instável e não estável, por isso, os músculos são ativados e não atrofiados. Também tem efeito positivo na postura do corpo em geral. Os modelos fisiológicos costumam respeitar as normas e regras do funcionamento dos pés, uma estrutura complexa que sustenta o corpo e que é fundamental para a mobilidade do ser humano. O calçado fisiológico é aquele que não interfere no desenvolvimento natural dos pés, proporciona o contato com estímulos externos da natureza e provoca a sensação de andar descalço, além de oferecer proteção. O calçado fisiológico é produzido com novos materiais, como plásticos especiais, silicones e tecidos tecnológicos, que os fazem confortáveis e macios. Há modelos para crianças de mais de quatro anos, por exemplo, com sistema de absorção de impacto, transpiração e distribuição da pressão nos pontos de apoio do pé ou, ainda, com palmilha com tratamento antimicrobiano”, explica esclarecidamente o médico Paulo.

Quando trocar o calçado?
O sapato começa a ganhar o status de fundamental na vida da criança no primeiro ano de vida, momento a partir do qual a troca deve ser realizada com mais frequência, antes de ultrapassar três meses. “Nessa fase, o ideal é optar por sapatos de couro ou tecido macio, que deixem os pés ventilados e amplos. Os pais devem valorizar um solado que não derrape, pois, até os dois anos, os tendões são muito flexíveis e a musculatura não está firme”, explica.
Dos quatro aos sete anos, a opinião das crianças começa a contar. O ortopedista Kuroda diz que “é neste momento que os pais devem ser firmes e procurar combinar beleza e saúde na hora de escolher um modelo. Mais uma vez, priorize aqueles fabricados com materiais flexíveis e com espaço suficiente para acomodar os pés sem limitar os movimentos. A numeração deve ser adequada! Sabemos que os pés das crianças crescem rápido e que muitos pais optam por comprar números maiores para aumentar a vida útil do calçado – esse é o tipo de economia que deve ser evitado!
O ideal é comprar, no máximo, dois pares de qualidade e de tamanho adequados. No caso das meninas – cujos pés crescem mais rápido do que os dos meninos –, muita atenção para os modelos com saltinhos, que são totalmente inadequados na fase de crescimento e para o estilo de vida infantil. Não aconselho saltos altos para crianças, muito menos sandálias, porque o risco de sofrerem torções ou fraturas é muito grande”, alerta.

Escolha o que for melhor para o desenvolvimento saudável dos pés
O bom calçado é aquele que proporciona a sensação mais próxima de estar descalço. “Também recomendo que deixem as crianças um pouco descalças na grama ou na praia para exercitarem seus pezinhos. Para isso, observe se o chão está livre de objetos que possam oferecer algum perigo. A biomecânica dos pés foi criada para ser usada, por isso, os modernos sapatos com conceito fisiológico estão cada vez mais presentes no mercado Europeu, inclusive, para adultos.
O uso de um sapato indevido pode trazer problemas de saúde. Mesmo na adolescência, os ossos ainda estão se desenvolvendo.
Eles crescem até o final da fase de crescimento, que pode ir até os 18 anos. Quem usa mais tênis, por exemplo, dificilmente sofre com calos. As jovens, sem prática para se equilibrar sobre o salto, sofrem com torções e dores nos pés e nas pernas, mesmo quando usam o salto alto por pouco tempo”, diz o especialista.
Outra questão é a postura. “Sabendo que determinados modelos de sapatos podem prejudicar a saúde de seus filhos, penso que os pais vão conseguir convencê-los a optar por modelos adequados em tamanho, forma e à fase de desenvolvimento físico da criança. Não sou psicólogo, mas dadas as explicações, pode-se deixar a criança escolher a cor da moda, não é mesmo? E são muitas. Hoje a indústria calçadista oferece muitas alternativas de modelos e está bem longe daquele mercado de décadas atrás, quando só se

Paulo M. Kuroda
Ortopedista
CREMESP 54.046
TEOT 4622
Clínica Previna
Rua Baronesa Geraldo Rezende, 357 – Centro
Fone: 3872 1103

via nas lojas sapatos do tipo boneca, preto ou branco”, explica.
O médico aconselha “que, se detectado qualquer problema nos pés da criança ou mesmo em caso de dúvida, consulte um ortopedista.
Somente um médico pode dizer qual é a terapia para cada caso” conclui.