Casados há 54 anos, Walter e Claudeli afirmam que o segredo é a paciência

Entre olhares, sorrisos e paqueras, eles se conheceram em 1962 e ‘deu namoro’

Casados há 54 anos, Walter José Nallin, 86 anos, e Waldtraut Schutz Nallin, mais conhecida como Claudeli, de 79 anos, são um exemplo de amor duradouro.
Walter conta que, por volta de 1960, trabalhava em Campinas e, logo que se formou, recebeu uma oferta de emprego na Usina Ester; por conveniência, veio para Cosmópolis.
Ele conheceu a Claudeli em 1962, no famoso trajeto entre a Praça do Coreto e o Cine Avenida, na Avenida Ester, onde os jovens praticavam o ‘footing’, sobe e desce, entre olhares, sorrisos e paqueras. “Eu participava do Grêmio Estudantil em Cosmópolis. Fomos jogar em Jaguariúna. Ela foi com as amigas, e eu, com o meu grupinho. Nos conhecemos assim, começamos a conversar e ‘deu namoro’”, confidencia Walter.
Sorrindo, os dois contam que o primeiro beijo aconteceu na porta da casa da Claudeli. “Na época, o namoro era de muito respeito; não se beijava na rua, na frente do público…”, afirma Walter.
Eles namoraram durante 5 anos e, em 1967, se casaram. Frutos do amor entre os dois, chegaram dois filhos: o Walter, conhecido como Waltinho, em 1969; e a Wiviane, em 1973. Hoje, o casal apaixonado também tem duas netas: Noara, de 17 anos; e Gabriela, de 15 anos.
Quando se desentendem, nunca dormem brigados. Sempre conversam. Segundo eles, o segredo para viver junto tanto tempo é a paciência. “A vida a dois tem que ser vivida em conjunto; não é como quando solteiros, que cada um faz o que quer. Quando casa, tem que haver um ‘freio’ na maneira de viver do casal. É preciso mudar a maneira de se comportar, tem que dar satisfação um ao outro, respeito. Quando temos problemas, os filhos não devem ser afetados. Tem que se fechar no quarto e resolver, numa conversa, sem alteração de voz. Em alguns momentos, a gente se altera, mas, tentamos fazer o possível para nos manter. Devagar, com cautela, chega lá. Se correr, vai cair (risos)”.
Eles se casaram na Igreja Católica, em cerimônia realizada pelo Monsenhor Rigotti. Claudeli era evangélica e Walter era católico, mas, eles se respeitavam religiosamente e até se dividiam para frequentar as duas igrejas, com o intuito de um fazer companhia ao outro. Com o tempo, Walter se converteu e, hoje, eles frequentam a igreja ‘Fonte de Vida’. “O importante é se alimentar da Palavra, do Amor de Jesus”, dizem.
Walter conta que, todos os dias, lê um capítulo do Livro de Provérbios. “Aconselho todos a lerem também. É um exemplo de sabedoria para enfrentar os desafios que a vida nos impõe”, afirma.
Walter não teve a oportunidade de estudar muito. Proprietário de um escritório de despachante em Cosmópolis, ele conta que sempre trabalhou muito. “Chegava cedo e trabalhava até às 22h. Mas, não me arrependo de não ter estudado. Me sinto realizado em saber que, todo o trabalho que fiz, foi correto, fazia o certo, nunca pela metade”.
Ativo, ele trabalha até hoje. “Reduzi a minha carga horária, mas vou trabalhar todos os dias. Ocupo a minha mente, fica ativa. Sou uma pessoa atualizada, falo sobre política, ciência, leio muito, uso internet”.
Juntos, os dois já até fizeram curso de informática para aprender a usar o computador. Pilates também é uma das atividades que praticavam juntos, mas, com a pandemia, decidiram parar por um tempo. Eles também adoram viajar.
Claudeli ama cozinhar e gosta de fazer bordados. “Eu fazia ponto-cruz. Depois, aprendi a bordar chinelos, com pedrinhas. Já fiz mais de 200 chinelos. Só uma pessoa fez questão de pagar. Eu doei todos. Agora, estou fazendo um para dar de presente”, conta. Todo cuidadoso com Claudeli, Walter foi buscar os chinelos para mostrar.
Por coincidência, há dez anos, os dois também passaram por dificuldades com problemas de saúde. Claudeli teve um nódulo no seio. Segundo ela, não dava tanta importância e foi Walter quem tomou a iniciativa de levá-la ao médico para tratar. Ela fez cirurgia e se recuperou muito bem. Walter teve um nódulo na garganta devido a um refluxo que tinha. Fez cirurgia e se recuperou também. “Agradecemos a Deus pela nossa saúde”, afirmam.
Para comemorar as ‘bodas de ouro’, fizeram uma grande festa. “Foi tão lindo! O Pastor Daniel falou tantas palavras que nos tocaram durante a cerimônia… Tinha muita gente. Nos empolgamos e queríamos ter feito outra festa com 52 anos de casados, mas, as dores aqui e ali acabaram nos impedindo (risos)”, afirmam os dois.
Segundo Walter, na inauguração do prédio da antiga Biblioteca Municipal, onde hoje está instalado o Fórum de Cosmópolis, o Monsenhor Rigotti falou uma frase que o marcou e ele leva como ensinamento para a vida: “eu ainda estou aprendendo. Quem é sábio, não sabe tudo; vive em constante aprendizagem”.
Claudeli fala que a mãe era um exemplo de pessoa e se inspira nela para o dia-a-dia. “Minha mãe era uma pessoa simples, veio do sítio, estudou pouco, mas era firme. Ela cuidava da casa, dos filhos, costurava – aprendeu sozinha -, fazia horta. Meu pai era alcoólatra. Minha mãe foi a Campinas com uma amiga para aprender a lidar com um alcoólatra. Depois, com a experiência, meu pai e o Cixto Scursoni abriram o AA – Alcoólicos Anônimos em Cosmópolis. O que minha mãe suportou e fez, com toda simplicidade e humildade, mostrou o que é a perseverança para conseguir objetivos na vida”.
“Sou feliz em acompanhar a evolução. Hoje, a mulher adquiriu os mesmos direitos do homem. Muitas mulheres são líderes na vida como casal; muitas delas fazem o serviço melhor que os homens”, fala Walter.
E assim, a cada dia, eles aprendem a se amar cada vez mais, um cuidando do outro e respeitando com muita sabedoria. “É preciso ser sincero, buscar a Palavra, ter carinho, perdoar, ter jogo de cintura para enfrentar os desafios. Com paciência, o jovem chega lá…”, aconselham.