Certamente, o casamento nos proporciona muitas coisas que jamais poderíamos obter vivendo sozinhos. Ter alguém para compartilhar nossa intimidade, incluindo nossos sucessos e fracassos, faz com que nos sintamos completos. Mas a verdade é que, após o casamento, a experiência mostra que também perdemos muitas coisas, tais como a privacidade, a individualidade, alguns hábitos etc.
A princípio, essas perdas nos parecem negativas, mas são, na verdade, instrumentos para nosso amadurecimento, e permitem que Jesus trabalhe em nós Sua vontade e personalidade. Se olharmos para a Bíblia, para as pessoas que Deus usou em Seu plano, verificaremos que todas elas precisaram passar pela perda de algo pessoal para ganhar algo de Deus. Abraão, por exemplo, foi um grande modelo de alguém que, cada vez que Deus lhe aparecia, uma promessa lhe era feita e algo dele era removido.
Entretanto, Deus nunca iria exigir dele algo que este não pudesse suportar. No começo de sua jornada com Deus, foi-lhe pedido que deixasse sua terra e parentela. Algum tempo depois, deixou sua serva Agar e o filho que tivera com ela. Por fim, Deus lhe pediu Isaque, seu filho amado, que fora fruto da promessa do próprio Deus já em sua idade avançada. Abraão aprendeu a ceder para Deus e a abrir mão do que lhe era de grande valor.
Dessa maneira, sua intimidade com Deus e seu relacionamento com o Eterno foi se aprofundando pouco a pouco. Como resultado, ele se tornou amigo de Deus, alguém a quem o Todo-Poderoso podia confiar Seus intentos, como no caso do julgamento sobre Sodoma e o livramento de Ló (Gênesis 18).
Em seu serviço a Deus, o apóstolo Paulo também aprendeu que, para crescer espiritualmente, era necessário perder muitas coisas. Em certa ocasião, ele escreveu: “Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu, quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível.
Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo e ser achado Nele” (Filipenses 3:5-9a). Esse tipo de experiência proporcionou a Paulo muita maturidade.
Percebam que não foi só perder, mas considerar aquilo que perdera como refugo, lixo, para ganhar a Cristo. Isto é, a fim de ganhar mais de Cristo, ele precisou abrir mão de algo. Semelhantemente, no casamento, precisamos estar dispostos a perder algo. Embora não seja fácil, se formos diante do Senhor e orarmos com coração sincero, algo Dele será acrescentado a nós e nos fará crescer e ser felizes.
Muitos casais não crescem no relacionamento, pois, em vez de abrir mão de sua própria opinião, ponto de vista e características naturais, disputam e competem um contra o outro, gerando muitos conflitos e infelicidade no casamento. Sejamos mais simples, enxergando o casamento como uma grande oportunidade para conhecer mais o Senhor e amadurecer humanamente.
Vejamos que cada situação apresentada a nós, contrariando nossas expectativas e desejos naturais, pode produzir para nós um peso de glória indescritível e uma alegria que não se pode medir. Se aprendermos a abrir mão do pouco, que não vale nada, provaremos a grande liberdade e a satisfação do que é eterno.
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