Ciúme: entenda o sentimento que pode afetar as relações de forma negativa

Em algum momento da vida, é possível sentir o ciúme, seja de algo ou alguém. Isso pode ser algo corriqueiro e normal, mas, se não for tratado, pode causar grandes problemas e se tornar uma doença grave.
A psicóloga Abigail Faria cita a frase “Eu sinto ciúme quando alguém te abraça, porque por um segundo essa pessoa está segurando meu mundo inteiro” de Caio Fernando Abreu e explica “mediante a frase citada pelo poeta Abreu, o ciúme é um sentimento avassalador conhecido por todos nós, que perpassa constantemente nas relações humanas. Embora de maneira poética e romantizada, ao desembrulharmos a frase, logo percebemos o desatino, a loucura deste sentimento que nem por um segundo permite seu “objeto amado escapar-lhe de sua mão” – elevando a magnitude (quando se refere “mundo inteiro”) do papel patológico que o ciúme pode assumir na vida humana”.
Desde a infância, se é experimentado o ciúme, como forma de manifestação da dependência que a criança tem pelos pais, o medo de ser abandonada e o possível nascimento de irmãos. “Estes fatores evidenciam o grau de normalidade e racionalidade do papel do ciúme nas relações estabelecidas na infância. Pode-se citar a normalidade neste período do desenvolvimento, pois é o primeiro sentimento que desencadeia o medo de perder o objeto amado, ou de ser substituído na vida de outrem, e até mesmo de ser abandonado. Essas diversas sensações sentidas pela criança, por vezes, passam despercebidas pelos pais e educadores, e quando não elaboradas e compreendidas, é onde mora o perigo para o desenvolvimento humano.
O que preocupa, segundo autores das teorias psicológicas, é que todos vivenciam certo grau de ciúme na vida, isso denota a normalidade, o que gera problema é a ausência, e o excesso causa patologia. Evidentemente, o excesso de ciúme é a forma mais preocupante devido às consequências assombrosas e graves nas relações humanas”, esclarece Abigail.
Poucas são as pesquisas científicas a respeito do Ciúme Patológico, mas as evidências que ele existe, “encontram-se nos casos apresentados pelos noticiários com incidências de crimes passionais, na qual a população “confunde” esse sentimento perturbador como algo normal, e a forma de amar deturpada que ocasiona crime. Matar nunca será por amor!” enfatiza a especialista.
“Cientificamente falando, o ciúme é a manifestação de um profundo complexo de inferioridade de certa personalidade, sintoma de imaturidade afetiva e de um excessivo amor-próprio, pois, o ciumento não se sente somente incapaz de manter o amor e o domínio sobre o objeto amado, de vencer ou afastar qualquer rival que apareça, sobretudo, sente-se ferido, humilhado e impotente em seu amor próprio”, pontua Abigail e completa “o indivíduo, ao sentir ciúme, demonstra possuir sentimento de inferioridade, onde acredita que não consegue nutrir o amor ao objeto amado, além de se sentir ameaçado por qualquer possível rival, seu grau de amor próprio é doentio ao pensar somente nele, e o que lhe pode satisfazer. Com esses pensamentos, as gravidades das situações são quase que inevitáveis, e tragédias muito possíveis de acontecer.
“Há uma diferença entre homens e mulheres no quesito do sentimento de ciúme, o que se percebe nas mulheres persiste na preocupação da infidelidade emocional, enquanto nos homens a preocupação está na infidelidade sexual.
A maioria das mulheres predomina a parte emocional do envolvimento com um parceiro, já nos homens predomina a parte sexual no envolvimento com uma parceira. Mas tanto em homens quanto em mulheres o sentimento é prejudicial, e faz com que ocorram conflitos, separações muitas vezes seguidas de violência que podem acabar em tragédias”, explica a especialista.
O sentimento do ciúme quando não elaborado na infância pode se tornar um grande problema na vida adulta, até mesmo uma patologia. Abigail alerta que “em casos graves, o ciúme se alia com o ódio, ambos os sentimentos são autodestrutivos que corrompem a normalidade, tornando muito possíveis crimes passionais nas relações amorosas.
É imprescindível apontar que matar por ciúme ou ódio, infelizmente, se tornou algo corriqueiro, e um agravante social. No qual, nos leva a refletir a ineficiência da educação dos valores e/ou até mesmo a falta dos mesmos na educação atual. Pois, tudo quanto retratamos sobre sentimentos e emoções, logo nos referimos à infância que é a f

Abigail M. Faria, psicóloga graduada pela Universidade Paulista – UNIP. CRP 06/140725. Contato 19 99356-0327. Email: bigafaria@yahoo.com.br

ase de desenvolvimento crucial de aprendizagem”.
Deste modo, retratar sobre ciúme patológico é dizer que todo excesso esconde uma falta, e que toda falta demonstra vazio e necessidade.
“A partir desta reflexão sobre o tema, percebamos a importância de se cuidar das emoções, e o quanto elas são influenciáveis nas relações humanas e no cotidiano. A realização das sessões de psicoterapia é eficaz para a compreensão das emoções, além da ressignificação de experiências.
Assim, cabe salientar que ciúme patológico existe, e pode se aliar com o sentimento do ódio para a execução de atitudes cruéis e graves. Porém, se tratado com a eficiência da psicoterapia, torna-se grande aliada para a mudança de comportamento”, conclui a psicóloga.