Em uma pesquisa realizada pelo Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (Erica), verificaram as condições de saúde de mais de 75 mil estudantes de escolas públicas e particulares. Nessa pesquisa, foi identificado que 20% dos jovens entre 12 e 17 anos estão com colesterol LDL acima do limite recomendado e 46,8% estão com níveis baixos de HDL.
Segundo a endocrinologista Valéria Meira, o aumento de jovens com colesterol alto está ligado aos hábitos da vida. “Essa doença está ligada ao sedentarismo, erros alimentares, alcoolismo que está cada vez mais frequente e precoce entre os jovens, o stress e, consequentemente, a obesidade e diabetes, não podendo nos esquecer dos fatores hereditários”.
O colesterol pode ser classificado como bom e ruim. Os dois tipos são gorduras importantes para o funcionamento do organismo, quando estão em níveis corretos. “Tudo o que existe naturalmente no corpo é bom e útil. O excesso ou a falta é que trazem prejuízo”, esclarece.
O organismo utiliza o colesterol como matéria prima para produzir hormônios sexuais, produzir energia e também carboidratos.
O colesterol pode ser classificado de duas maneiras, o HDL e LDL. O HDL significa lipoproteína de alta densidade, s
endo formado por moléculas densas e pequenas que liberam energia rapidamente e não obstruem a circulação.
O colesterol ruim é o LDL, lipoproteína de baixa densidade, formada por placas que bloqueiam a passagem do sangue pelas veias e artérias. “Elas descamam os vasos, liberando fibrina e formando as placas que tanto diminuem a passagem do sangue”.
Assim, o ideal é ter índices mais altos de HDL e mais baixos de LDL. O resultado da pesquisa revela uma situação preocupante entre os jovens. De acordo com a médica Valéria, as taxas de colesterol não devem ultrapassar de 160mg%. “Cada caso é um caso e deve ser avaliado de acordo com todos os parâmetros”.
Segundo Valéria, o aumento do LDL é danoso e pode levar a sérios problemas de saúde. “Pode levar a formação de trombos que obstruem os vasos sanguíneos, podendo levar a tromboses periféricas, infartos e acidentes vasculares cerebrais”.
Na mesma pesquisa, foi identificado que o quadro está diretamente relacionado a hábitos de vida e padrões. A proporção de jovens sedentários é muito alta, sendo que 54,3% dos adolescentes não praticam atividades físicas regulares e 66,6% passam duas ou mais horas por dia na frente da televisão. Cerca da metade dos jovens tem maus hábitos alimentares.
Segundo Valéria, os jovens devem passar a ter hábitos saudáveis. “Os jovens devem evitar as gorduras de origem animal em excesso na alimentação e também devem praticar exercícios. Consumir carboidratos em excesso, fumar e se estressar demais também aumenta os triglicerídeos, que posteriormente se transformam em colesterol”.
Para finalizar, Valéria deixa alguns alertas para os jovens. “Essas placas de ateroma também podem levar ao infarto agudo do miocárdio e até mesmo a morte em jovens. Lesões cerebrais que favorecem a demência precoce também acontecem nos jovens”.
O desequilíbrio nos níveis de colesterol pode ser combatido por meio de mudanças simples de hábitos. O jovem que pratica atividades físicas regulares e se alimenta adequadamente tem grandes chances de não ter altos níveis de colesterol.