Número de mulheres interessadas pela área cresce mais a cada ano
A época em que a Engenharia era exclusividade masculina ficou para trás. Atualmente, as mulheres já fazem parte desse universo, cada vez mais diverso, possibilitando diferentes modos de trabalhar nesta área. Thais O Pandelo Zanelato, de 34 anos, é formada em Engenharia Civil e especialista em Estruturas. Além disso, é Designer de Interiores e licenciada em Matemática.
Dados do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) de 2021 mostram que as mulheres são ainda 19% dos registros ativos de todos os conselhos regionais do país, sendo 183.601 mulheres e 793.759 homens em atuação. Thaís conta que viu de perto a discrepância entre homens e mulheres na engenharia. “De início um pouco assustador, éramos em 3 mulheres em sala de aula com 50 alunos, mas foi bem importante para entender o que nos aguardaria após a conclusão do curso. Não é fácil ter que provar sua capacidade a todo momento, seja por ser muito nova e, principalmente, por ser mulher. Mas, com o passar do tempo, fui me acostumando e, hoje, tiro de letra” explica, a engenheira.
Aos dezessete anos, Thais se mudou de Guarulhos para Cosmópolis, a fim de realizar sua faculdade de Engenharia na PUC-Campinas. “Logo no primeiro semestre, pensei em desistir de tudo, afinal, não é fácil, aos 17 anos, tomar a decisão do que você quer para sua vida.Além do mais, juntou com a mudança de cidade e toda a pressão dos estudos que, se diga de passagem, cursar Engenharia, com todos aqueles cálculos, não é para qualquer um. Mas, através de uma conversa franca com meu pai, que me lembrou da importância de jamais desistir nas primeiras dificuldades, eu continuei”.
Depois de muito esforço e foco nos estudos, Thais se formou. Com o tempo, acabaram vindo alguns dilemas. “Nos primeiros anos de curso, já comecei a trabalhar na área, em um escritório de cálculo estrutural referência no mercado nacional. Passado um tempo, me casei e decidi que seria a hora de engravidar e, como uma grande parcela de mulheres, passei por grandes dilemas em me dividir entre trabalho, maternidade, família e cuidar de casa. Tive o apoio do meu esposo, Leandro, e encarei essa rotina por alguns meses, porém, me dei conta que estava se tornando desgastante toda essa rotina para a Maria Luísa e decidi abrir mão de tudo aquilo. Não foi uma decisão fácil deixar o emprego que poderia ser considerado dos sonhos para grandes profissionais. Passei por uma ascensão rápida dentro da empresa, um bom salário, em um trabalho que gostava e deixar tudo isso foi um pouco complicado. Precisei de um tempo para entender que tomamos escolhas diariamente e era preciso abrir mão de uma situação que não me fazia bem no momento e tinha plena convicção que Deus me preparava para algo maior e melhor”, explica
Depois de um tempo, Thaís decidiu voltar ao mercado de trabalho, mas, desta vez, abrindo seu próprio escritório. “Com o passar de alguns meses, percebi que precisava retomar minha carreira e não seria retornando onde estava, mas sim, abrindo meu próprio escritório de engenharia. No início, a pretensão seria um escritório de projetos e que acabou se tornando uma renomada construtora, a Zanelato Engenharia, graças a Deus, referência na região em construção e manutenção industrial e comercial, facilities e serviços. Mas claro, também não posso deixar de citar a minha menina dos olhos, a Gráfica ZN Soluções, fundada em 2016, inicialmente como minha válvula de escape para as tensões das obras e projetos e que se tornou o que ela é hoje”.
Para a engenheira, a trajetória foi marcante. Ao recordar, ela tem boas memórias. “Tenho muito orgulho de tudo que construí até aqui, amo o que faço. Passei por uma trajetória privilegiada de certa maneira, mas não menos trabalhosa, com seus altos e baixos, muitas dificuldades para chegar onde estou e ainda há muito para construir e aprender”, conclui Thais.