Com maiores oportunidades no mercado de trabalho, PcD’s fazem parte da evolução do comércio municipal

A Lei Brasileira de Inclusão tem como principal objetivo introduzir portadores de deficiências no mercado de trabalho. Empresas com mais de 100 funcionários são obrigadas, por legislação, a possuírem em torno de 5% do quadro de contratados composto por PcD’s (Pessoas com Deficiência).

Essa iniciativa de introdução não beneficia apenas o indivíduo portador de deficiência, que, por estar imerso em um novo universo, com novos desafios e exigências, tende a ganhar certa autonomia; mas, também o desenvolvimento econômico da cidade.

A gerente operacional do Supermercado Enxuto, Sandra Silva, conta um pouco do processo de inserção da comunidade de deficientes na empresa. “A loja aceita currículos desse pessoal. Temos parceria com a APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) e, quando precisamos, entramos em contato”, explica. A gerente ainda afirma que, apesar da exigência de 5%, o mercado sempre mantém um funcionário da cota a mais, totalizando um número de 12 PcD’s no Enxuto.

Segundo Sandra, a fase de adaptação desses indivíduos não é fácil e demanda um tratamento especial. “Eles demoram um pouco mais para se adaptar. Quase sempre contratamos pessoas que já possuem experiência, mas, quando é o primeiro emprego, exige mais comunicação e adaptação, até porque, muitas vezes, eles são mais sensíveis, o que nos exige mais cuidado”, conta a gerente.

Os cargos são escolhidos de acordo com as maiores facilidades do portador e o processo de experiência é, como sempre, de três meses. Apesar disso, Sandra afirma que sempre buscam averiguar e dar um pouco mais de tempo, se necessário.  “Cada caso é diferente; alguns se acostumam mais rápido do que outros”.

E as mudanças são eminentes. Por se verem em um cargo que demanda responsabilidade e cooperação, os deficientes passam a exercitar capacidades que antes não eram exigidas em seu cotidiano. “Eles ficam mais comunicativos. Aprendem a mexer com dinheiro e, segundo os familiares, melhoram muito o comportamento dentro de casa. Um dos nossos funcionários afirma que aprendeu a falar aqui conosco, pois todos nós o ajudávamos a aprender”.

Ela ainda afirma que a empresa busca ter um relacionamento bom com os familiares, assim pode contar com outra ajuda em determinadas ocasiões. “Geralmente, recorremos aos parentes. Por exemplo, quando estamos com dificuldade de entender ou lidar com uma situação, os pais nos aconselham e nos dão dicas de como agir com eles”, conta Sandra.

Desenvolvimento

Ao iniciar uma vida dentro do mercado de trabalho, a comunidade de PcD’s torna-se, consequentemente, mais consumidora, impulsionando a economia da cidade. “Quando começam a ganhar o próprio dinheiro, eles sentem muito orgulho. Às vezes, chegam com algo recém-comprado e saem mostrando para todos”, afirma com alegria.

Além disso, a gerente deixa claro que considera muito importante ter essa inclusão no comércio. “Não é só pela questão econômica. Na verdade, todos nós aprendemos um pouco, crescemos um pouco. Conviver com esse público nos ajuda a repensar certos preconceitos que carregamos, além de nos ensinar a termos mais compaixão e paciência para com o próximo. Muitas vezes, com a correria do dia, queremos tudo no nosso tempo, e com eles temos margem para parar e pensar que existe outra pessoa que não está no mesmo ritmo que nós. É gratificante ver essa evolução, tanto deles, quanto nossa”, finaliza.