Com persistência, duas amigas realizam ‘Caminho da Fé’ juntas

Michela e Aliana contam sobre a sensação de gratidão após fazerem o percurso de 318 km em doze dias

O Caminho da Fé faz completou 18 anos no último mês de janeiro. Percorrido por muitos fiéis católicos, é considerado um desafio imenso para a maioria das pessoas, não apenas pela sua longa distância, mas também pela grande quantidade de morros encontrados no percurso.
As cosmopolenses Michela Valéria Graco de Oliveira, dentista, de 45 anos, e Aliana Aparecida da Silva, microempresária de 40, realizaram a caminhada juntas de mais de 20 mulheres.
O planejamento
De acordo com Michela, a partir de 2019, a ideia ficou mais forte entre elas. Porém, alguns empecilhos apareceram, além de não terem tempo, existia o receio de irem sozinhas. Ao final do mesmo ano, Michela se mudou para Campinas, e seu marido para a Irlanda. A dentista não pode ir à Europa devido à Pandemia. Então, teve de ficar no Brasil, o que a fez ter a motivação necessária para aproveitar o pouco tempo morando aqui a fim de realizar a caminhada. Ela convocou sua amiga, Aliana. “Eu tinha muito forte dentro de mim o sentimento de que precisava fazer o Caminho da Fé antes de me mudar para a Irlanda”, declara Michela.
A ideia de fazer o Caminho já é antiga, as duas amigas frequentavam a Paróquia Nossa Senhora Aparecida e, por alguns anos, participavam de carreatas, porém, as duas iam a pé, e não de carro como a maioria das pessoas, já demonstrando interesse pela prática. Aliana e Michela também já tinham realizado uma inauguração de ramal de Monte Sião a Ouro Fino, em novembro de 2019, percorrendo sofridos 40 km em um dia. “A partir daí, o desejo só aumentava”, diz Aliana.
Durante o planejamento, Aliana encontrou, no Instagram, uma empresa chamada ‘Natrilhas’, que formava grupos para o Caminho da Fé. A partir disso, fizeram os esforços necessários para percorrerem mais de 318 km a pé, caminhando cerca de 15, 20, 22 km por dia pela região.
O Caminho da Fé
De acordo com Michela, o planejamento foi muito diferente da execução, pois há grande quantidade de morros no caminho. Aliana teve de trocar 3 vezes de tênis durante o percurso, devido à grande dificuldade de adaptação do corpo à uma condição sobre-humana. Michela diz que “o caminho te dá aquilo que você precisa e tira aquilo que você não precisa”. Isso simboliza a entrega física e, principalmente, mental e espiritual que os fiéis exercem ao realizarem o caminho, e que a fé e o comprometimento são muito mais importantes do que, por exemplo, ter o tênis ideal, porque, de acordo com Michela, ele não existe.
Em nenhum momento, elas pensaram em desistir, a fé as fazia seguir em frente. De pouco em pouco, conseguiram chegar, uma apoiando a outra. E além do apoio entre elas, os donos das pousadas e os moradores da região se mostraram muito solícitos, sempre oferecendo ajuda ao grupo. Michela conta sobre a dona de uma pousada em Borda da Mata, que ofereceu muito além do serviço da pousada. “Um ato de humanidade”, de acordo com ela, que se sentiu na casa de um familiar.
Ao chegarem à Aparecida, além da sensação de missão cumprida, as duas amigas contaram com a presença dos familiares. ”Confesso que, em um primeiro momento, veio uma vontade imensa de voltar ao início do Caminho lá em Águas da Prata para recomeçar a Jornada. Porque fazer o Caminho da Fé é muito mais que chegar ao destino final, é sobre a Jornada. Mas, chegar em Aparecida também trouxe uma sensação muito boa de ter cumprido a missão, de ter vencido meus medos, de saber que é possível, mesmo quando o corpo quer desistir, porque existe uma força maior que, para mim, é espiritual e eu chamo de Fé. E chegar a Casa da Mãe é ser acolhida por Deus.
Ver meus pais lá me esperando e minha tia, bem como a família da Aliana, me fizeram sentir que também tenho um lar para voltar e tanto a agradecer por tudo aquilo que sou”, declara Michela, orgulhosa.
Aliane também declara que emoções muito fortes invadem o coração. “Vivemos a intensidade dos 12 dias em cada passo e em cada lágrima de superação, alegria e gratidão por estarmos ali. Compartilhar com a Michela esse sonho foi muito especial, uma encorajava a outra, durante todos os momentos de sorrisos e de lágrimas, caminhamos lado a lado por 12 dias, com muito companheirismo e amizade”, finaliza.