Como diferenciar a “ansiedade normal” da ansiedade patológica

Ansiedade é algo comum. Em algum momento, todos nós sentimos, mas, como esse sentimento mexe com o nosso corpo, deve ser observado e, caso necessário, tratado. Aprenda a diferenciar a ansiedade “comum” de uma ansiedade que precisa de tratamento e acompanhamento:
“O Brasil, de acordo com matéria publicada pela IstoÉ em fevereiro de 2017, apresentava 18,6 milhões de pessoas com algum transtorno de ansiedade, ou seja, cerca de 9% da população, o que, em comparação com outros países, o colocava na primeira posição em relação ao transtorno.

Mas o que é ansiedade? Existe ansiedade boa e ruim? “Normal” ou patológica?
A ansiedade é uma emoção comum à maioria dos seres humanos e, assim como as demais emoções (alegria, raiva, tristeza, etc.), tem a função de nos auxiliar a ajustar a relação entre o modo como pensamos e agimos diante das situações.
A grande maioria das pessoas acredita que a ansiedade está vinculada apenas a situações desagradáveis, embora não funcione bem assim. Ela está presente em momentos tanto “favoráveis” como “desfavoráveis”.
Existem muitas situações em que a experiência da ansiedade é vivida com prazer e até mesmo desejada: aquele primeiro encontro; a espera por uma viagem; a surpresa de um presente. Já em outras, como quando se realiza uma prova ou vai a uma entrevista, ela é vivida de forma desagradável, o que não necessariamente significa que seja prejudicial.
O fato é que, para quaisquer uma dessas situações, o relato das pessoas é praticamente o mesmo, já observaram? Todos costumam relatar que o coração ficou acelerado, que suaram, tremeram, ficaram tensos, com dor de barriga (“friozinho”), inseguros, preocupados, inquietos e até paralisados.
Isto ocorre porque estas, entre outras respostas, fazem parte de um complexo sistema que envolve diferentes hormônios toda vez que nos deparamos com alguma situação nova ou que remeta a algum tipo de perigo. Vale destacar que este mecanismo é acionado por situações reais ou através da nossa imaginação, ou seja, se uma pessoa costuma pensar antecipadamente em tudo que pode dar errado numa situação, é provável que ela desencadeie as reações da ansiedade.

Sabrina Fernandes
Tanajura
Psicóloga Clínica Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental
Contato: (19) 98184-6878 / 3827-1227

Desta forma, torna-se possível dizer que a ansiedade, assim como qualquer outra emoção, tem dois lados dependendo da forma como é interpretada e gerida. Aqui vale um destaque especial sobre os pensamentos, pois eles têm a capacidade de ligar ou desligar as emoções.
Por exemplo, se uma pessoa está andando à noite por uma rua escura e pouco movimentada, ela estará alerta para qualquer sinal de perigo de forma que possa se salvar. Quem faz isso é a ansiedade a qual foi acionada pela interpretação de que a situação apresentava risco. Sendo assim, ela é extremamente útil, pois mobiliza nosso sistema de proteção e nos deixa alerta, aumentando nosso nível de atenção.
Por outro lado, se a pessoa do nosso exemplo fica alerta não somente na rua escura, mas também em casa, no trabalho, na escola, na presença de amigos ou familiares por interpretar que não está segura ou corre algum tipo de risco ou constrangimento e isso passa a interferir em sua qualidade de vida, assim como em seu desempenho, isso pode ser um sinal de que sua ansiedade está desregulada.
Além disso, também são sinais de que a ansiedade está desmedida quando há muitas crises e sua intensidade tem sido muito alta. É comum as pessoas também apresentarem pensamentos catastróficos e absolutistas como: “Fui mal na prova, então nunca mais terei chance na vida. Sou burro e incapaz.”.
O que se observa é uma desregulação da emoção, pois ela se manifesta de modo desproporcional. Desta forma, ao invés de ajudar a pessoa nas situações em que é necessária, ela passa a prejudicá-la ao aparecer em momentos pouco desejáveis e com muita intensidade.
Outro ponto importante é que por se apresentar de forma desproporcional dificulta ainda mais a interpretação do real risco da situação, provocando ainda mais ansiedade. É como se uma pessoa estivesse diante de uma lagartixa, mas enxergando um dinossauro prestes a devorá-la. Falando assim parece estranho, mas para quem a experimenta, uma prova de escola pode se tornar o fim do mundo, falar em público é devastador ou estar no meio da multidão pode ser tão catastrófico como um tsunami.

 

Quem passa por essa experiência apresenta vários níveis de desgaste: emocional, cognitivo e físico. E a ansiedade desregulada (patológica), quando não gerida pode levar a quadros de stress e depressão.
Sendo assim, é importante saber que a ansiedade desregulada possui tratamento. Atualmente, existem estratégias a fim de torná-la menos nociva, passível de convivência e que permitem realizar sua gestão com o objetivo de utilizá-la da melhor forma. As estratégias atuais podem envolver terapia e intervenção medicamentosa.
A ansiedade patológica pode se apresentar de diferentes formas: Transtorno do Pânico, Transtorno de Ansiedade Generalizada, Transtorno de Ansiedade de Separação, Ansiedade Social, Fobia Específica e Mutismo Seletivo.
Desta forma, é preciso que um profissional da saúde mental seja consultado para avaliar qual ou quais dessas “roupagens” a ansiedade assumiu a fim de traçar a melhor estratégia de tratamento.

Por Sabrina Fernandes Tanajura