Como IAs podem criar um padrão de estética inalcançável

A cada nova interação, elas aprendem a lidar melhor com a tarefa que está fazendo, independente do cenário

Para quem está por fora desse universo, deixe-me dar 2 dedos de contextualização antes de entrar no tópico principal desse artigo.

O que são inteligências artificiais?

Quem acompanha a cultura pop dos últimos 100 anos já deve ter se deparado ao menos uma vez com o conceito de Inteligência Artificial, às vezes retratados como robôs, outras vezes apenas como programas rodando em um grande computador. Em geral, na ficção, as IAs (Inteligências Artificiais) trazem características humanas na forma de agir e ocasionalmente são até impossíveis de distinguir humanos de máquinas. Porém, esse conceito já deixou de ser simplesmente obra da ficção há alguns anos, e cada vez mais nos aproximamos de um cotidiano permeado pelas IAs.
Mas o que difere uma inteligência artificial daquele robô que te atende quando você tenta conversar com a sua operadora de celular?

Capacidade de aprendizado!

Diego Tetzner
F. 19 98114-0353
Cabelereiro e visagista
@studio_diego_tetzner

Ao contrário de um programa comum de computador, que é limitado a seguir um roteiro programado, uma IA aprende a realizar uma tarefa específica, porém, não está restrita a seguir um roteiro linear, pelo contrário, a cada nova interação, ela aprende a lidar melhor com a tarefa que está fazendo, independente do cenário.

Vamos trazer esse conceito para a prática. A geração de imagens por IA é um exemplo de uso que vem avançando com certa rapidez, onde por meio de uma descrição escrita é possível gerar uma representação gráfica em poucos segundos. Entenda que ela não está limitada a algumas palavras, ela interpreta qualquer termo dado pelo usuário e, por uma busca de imagens relacionadas ao termo, ela tenta gerar uma nova representação, e a cada novo resultado que ela gera, ela fica melhor em gerar novas imagens.

A disseminação da tecnologia

E como quase toda tecnologia que é criada, lentamente recortes dela vão sendo introduzidos para o público geral, e é aí que entra a trend de avatares gerados por IA que se iniciou nessas últimas semanas. A ideia é bem simples, você baixa um aplicativo e envia cerca de 20 fotos suas, para ensinar à inteligência artificial como é seu rosto, uma vez que ela tenha aprendido ela consegue criar milhares de fotos suas, nos mais diversos cenários, roupas e estilos em poucos minutos.

Mas qual é o problema de fato?

Assim como ocorreu com a popularização dos filtros do Instagram, onde os usuários se sentiam tão presos àquela figura perfeita que inventavam na rede social, que se viam pressionados a buscarem intervenções médicas para se parecerem com as suas versões com filtros, eu temo que ocorra o mesmo fenômeno com a criação de avatares e fotos por inteligências artificiais.

Note que na mesma medida que IAs chegam para otimizar processos, elas têm a força para inflamar alguns problemas já antigos. O poder de ter em poucos segundos uma representação sua que se encaixa perfeitamente em todos os padrões divulgados massivamente nas redes sociais acaba se tornando uma arma contra quem utiliza, exposto agora a uma versão inalcançável de si mesmo.

Sei que o tema pode até ser controverso, e não quero que entendam que sou contra as IAs, pelo contrário, vejo grandes possibilidades de avanço com essa tecnologia e como designer me vejo cada vez mais imerso e empolgado em como minha vida mudará com a evolução dessa e de outras ferramentas, porém, não poderia deixar de trazer esse lado que ainda me intriga muito e que mais do que tudo, me deixa em estado de alerta.

Afinal de contas, com a evolução, teremos máquinas e personagens cada vez mais parecidos com seres humanos ou seres humanos cada vez mais parecidos com máquinas e personagens?

Por Diego Tetzner