“O primeiro sintoma da endometriose é a dor pélvica, quase sempre associada ao cicalo menstrual. Por esse motivo,pode ser confundida com cólicas menstruais”
A puberdade nem sempre é um período tranquilo na vida das adolescentes. As mudanças hormonais promovem o amadurecimento dos órgãos sexuais para as meninas, levando à primeira menstruação. Além do sangramento mensal e da acne, a adolescente pode começar a ter cólicas, que, apesar de considerada pela maioria das mulheres como algo normal, pode ser um sinal da endometriose, doença que afeta até 7 milhões de brasileiras, conforme estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Por ouvirem das mães, amigas e, inclusive, dos médicos que ter cólica e desconfortos durante o período menstrual é natural, as jovens podem levar em torno de 7 anos para terem diagnosticada a doença.
O Ginecologista, Rodrigo Rodrigo de Angelis, explica o que é a Endometriose. “É uma condição na qual o endométrio, mucosa que reveste a parede interna do útero, cresce em outras regiões do corpo. Essa formação de tecido ectópico normalmente ocorre na região pélvica, fora do útero, nos ovários, no intestino, no reto, na bexiga e peritônio. A endometriose é um problema comum. Às vezes, ela pode ocorrer em gerações seguintes de uma mesma família. Embora, normalmente, a endometriose seja diagnosticada entre 25 e 35 anos, a doença provavelmente começa já alguns meses após o início da primeira menstruação”.
Sobre os sintomas, o médico esclarece que são bem visíveis. “O primeiro sintoma da endometriose é a dor pélvica, quase sempre associada ao ciclo menstrual; por esse motivo, pode ser confundida com cólicas menstruais. Outros sintomas estão ainda associados, como: Dor no baixo ventre ou cólicas que podem ocorrer por uma semana ou duas antes da menstruação de forma cíclica; Dores nas relações sexuais com penetração; Dores ao urinar e evacuar, especialmente no período menstrual; Infertilidade; Fadiga e Diarreia.
Após a ocorrência desses sintomas, inicia-se uma investigação através de exames específicos, como ultrassom, ressonância magnética e até mesmo laparoscopia exploradora para confirmação do diagnóstico. Por isso, é importante que a adolescente, assim que sentir os desconfortos, procure imediatamente um médico ginecologista”.
As formas de tratamentos são divididas. “Dois tipos de tratamento podem ser utilizados para combater as dores da endometriose: medicamentos ou a cirurgia. Cada um deles tem suas especificidades e cabe ao médico ginecologista avaliar a gravidade da doença em cada caso e recomendar o melhor tratamento. Vale lembrar que, dependendo da situação, ambos os procedimentos são feitos de maneira integrada.
Tratamento cirúrgico:
Nesse procedimento, a endometriose é removida por meio de uma cirurgia chamada ‘laparoscopia’. Em alguns casos, é possível eliminar apenas os focos da doença ou as complicações que ela traz – como cistos, por exemplo. No entanto, em situações mais sérias, o procedimento precisará até remover os órgãos pélvicos afetados pela enfermidade. Dependendo das condições da doença, é possível recorrer a tratamento por laparoscopia, com laser.
Mas, também é possível a realização da ‘videolaparoscopia’, a qual diagnosticará o número de lesões, aderências, a obstrução tubária e já tratará a doença.
Tratamento com medicamentos:
Existem diversos medicamentos disponíveis no mercado para tratar a endometriose, como: analgésicos, anti-inflamatórios, etc. Atualmente, também é possível reduzir os sintomas utilizando o famoso ‘DIU’ (pequeno objeto de plástico em formato de T inserido no útero para atuar como contraceptivo) com levonorgestrel (fármaco usado em contraceptivos hormonais de 2ª geração. É um tipo de progesterona sintética).
É importante compreender que não existe cura permanente para a endometriose. O objetivo do tratamento é aliviar a dor e amenizar os outros sintomas, como favorecer a possibilidade de gravidez e diminuir as lesões endometrióticas, e quanto mais rápido descobrir a endometriose, mais rápido aliviará as dores”, afirma o ginecologista Rodrigo.
“Porém, como na maioria das doenças crônicas, a alimentação saudável, a diminuição do estresse, o repouso adequado e a atividade física seriam alguns dos itens coadjuvantes da melhora na evolução da doença”, completa o especialista.
“Entre 30% e 50% das mulheres inférteis têm endometriose. Em alguns casos, a endometriose leve pode prejudicar a função ovariana, peritoneal, tubas uterinas e endométrio, levando a uma fertilização ou implantação defeituosas. Já quando a doença é moderada ou grave, pode provocar a infertilidade ou a redução nas taxas de gravidez quando comparadas com mulheres com endometriose em estágio inicial. Mas, há uma série de tratamentos que podem tornar possível o sonho de ser mãe, e cada caso deve ser avaliado de acordo com o perfil de cada paciente”, conclui o médico Rodrigo.