Como lidar com as emoções do fim de ano

Geralmente, nesta época, as pessoas estão mais estressadas e, ao mesmo tempo, ansiosas pelo novo ciclo

“Então é Natal, e o que você fez? O ano termina, e nasce outra vez”. Esse trecho de uma música é uma frase bastante conhecida nessa época do ano, e que traz um questionamento para as pessoas, sobre o que viveram nesse ano que se finda e o que está por vir.
Se a pessoa tiver a percepção de que seu ano não foi tão proveitoso, talvez as suas expectativas para o próximo ano estejam muito altas. É uma mistura de expectativa de novos planos com as frustrações dos não concretizados em diversas áreas da vida, pessoal, relacionamento e profissional.
Fim de ano também existe aquele clima de pessoas alegres celebrando a vida. Mas, depois de dois anos de pandemia em que a morte se aproximou de todos de alguma forma, esse período pode ter um gosto diferente para centenas de milhares de pessoas.
O momento pode parecer feliz para uns e trazer um sentimento de tristeza para outros, levando essas pessoas até a casos de ansiedade e depressão. Esse fenômeno é conhecido como Síndrome do final de ano ou Depressão Sazonal, entre novembro e final de dezembro, ou seja, há um aumento nas crises de ansiedade e dos quadros depressivos.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país mais ansioso das Américas. A Síndrome é caracterizada pela sensação de medo, preocupações frequentes, dificuldade de concentração, insônia e sintomas físicos como palpitações, desconforto no peito (angústia), inquietação, tremores e falta de ar. Esses sintomas causam prejuízos nas relações sociais, no trabalho e na qualidade de vida.
Nessa época, as pessoas sentem-se mais estressadas com o acúmulo de tarefas, sobrecarga de pensamentos, o ritmo do trabalho aumenta, contas específicas de janeiro e é o período das férias escolares.
Durante todo o ano, as pessoas vão vivendo no automático, muitas vezes, o corpo e o psicológico/emocional dão sinais de cansaço. Sentimento constante de atraso e falta de tempo, muitas vezes, sensação de fracasso, mas, por alguns motivos, muitas dessas pessoas não param para se cuidar ao longo do ano.
Cuidar do físico é essencial, mas não somente. Cuidar das emoções e dos sentimentos ao longo do ano tem que ser cuidado na mesma prioridade. Caso contrário, pode trazer uma “enxurrada pesada” por conta do desequilíbrio desses sentimentos e emoções que vêm se arrastando até esse final de ciclo. A dica maior são aqueles hábitos saudáveis de vida, como conseguir estabelecer rotinas, atividades físicas, exercícios de respiração, meditação e, principalmente, atividades de lazer prazerosas, sim, necessita-se ter momentos de prazer.
Se não se sabe do que gosta, é hora de descobrir. Para conflitos emocionais de maior intensidade com sintomas ansiosos físicos e psicológicos como os mencionados acima que afetam a rotina e as relações da pessoa é indicada a busca da ajuda profissional como acompanhamento psicológico (psicoterapia) ou até médico.
A reflexão que fica para amenizar a ansiedade é pensar que o final de ano significa o término de um ciclo, talvez até com um toque de incompletude e irrealizações. Mas, outro ano vem aí abrindo uma porta da possibilidade de poder se relacionar consigo mesmo e com o mundo de uma forma diferente, em que, principalmente, a pessoa possa se autorizar a não ser no mundo somente a expectativa que os outros têm sobre ela – isso já alivia muito, pois já bastam as próprias expectativas que se tem que lidar.
Enfim, é apenas uma data. A vida não tem que mudar de repente, isso nem é possível. As pessoas é que criam essa ideia que “ano novo, vida nova”. Toda transformação é resultado de um processo, ter paciência consigo mesmo.

Maristela T. Lopes Ramos
Psicóloga
CRP: 06/136159
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