O Dia Internacional da Mulher é comemorado no dia oito de março no mundo inteiro. A mulher tem ganhado cada vez mais espaço na sociedade e no mercado de trabalho, e a ela são atribuídas as importantes funções de ser mãe e cuidar do lar. Conquistando mais independência com o passar do tempo, a maioria das mulheres se vê responsável por diversos papeis da casa, o que deve ser muito bem administrado e medido.
A maternidade é uma importante fase em que quase a totalidade das mulheres vivencia. A Psicóloga Patrícia Poletti explica como a mulher encara esta fase. “Até bem pouco tempo atrás, a mulher quase sempre tinha apenas um caminho a seguir, traçado antes mesmo de nascer: casar, ter filhos e cuidar da família. Papel este que até hoje é esperado que ela cumpra. Desde que a menina nasce, lhe oferecemos bonecas para brincar de mamãe, panelinhas para brincar de casinha. Crescemos acreditando que ser mãe é o instinto e único destino de uma mulher. Claro que o tempo passa, a sociedade muda, mas, este papel ainda permanece colado no que deve ser a mulher, e além deste a mulher conquistou outros vários, como o de trabalhar, estudar etc. Com estas mudanças e os novos caminhos que a mulher pode assumir, a maternidade passou de algo natural e único destino para algo que pode acontecer se a mulher escolher”, informa.
A experiência da maternidade é encarada de diferentes formas, dependendo de cada mulher. “A forma de encarar a maternidade sofre influência de inúmeras variáveis, mas, principalmente, de como aquela pessoa experimentou os cuidados maternos. A forma como fomos criados incide diretamente nos nossos valores e forma de ver o mundo, e assim de como vemos a maternidade. Claro que a fase da vida que estamos, se trabalhamos ou estudamos, ou se queremos estudar, tem impacto direto em como enxergamos a maternidade, mas nunca de maneira ruim, e sim, como uma escolha que quer ou não ter.
Contudo, ainda temos o outro lado, sabemos que quanto menor a escolaridade, principalmente, no caso de adolescentes, maior a chance da maternidade precoce. A maternidade implica em mudanças drásticas na vida de uma mulher, e, por isso, hoje temos uma outra relação com ela, não mais como algo obrigatório, mas como algo que ela possa querer ou não. É claro que a sociedade ainda vê com pesar as mulheres que escolhem não serem mães”, observa a especialista.
Muitas mães ainda passam pela depressão pós-parto, a qual a Psicóloga explica como e por que ocorre. “A depressão pós-parto é um quadro que aparece após o parto ou até um mês depois e se caracteriza como uma tristeza, melancolia, irritabilidade, desesperança, que se intensifica ao invés de desaparecer e incapacita a mulher de prover os cuidados ao bebê ou a si mesma”, afirma.
“Os principais sintomas são tristeza, perda do interesse pelas coisas do dia a dia, sonolência, falta de energia, alterações de apetite, ansiedade. É importante destacar que é normal a mulher, após o parto, se sentir melancólica, triste, mas que esses sentimentos tendem a desaparecer. Chamamos de baby blues, e se deve principalmente as alterações hormonais e ao novo papel que desempenhará. Na depressão, esses sentimentos se intensificam ao invés de desaparecerem e outros aparecem. Além disso, a mãe se sente incapacitada de cumprir com sua rotina e o quadro de depressão se instala em até um mês”, acrescenta a profissional.
Entretanto, Patrícia salienta que a depressão pós-parto é um quadro que não podemos prevenir ou adivinhar que alguém vai desenvolver. “Porém, é claro que há fatores que predispõem (quadros de depressão anteriores, histórico familiar, uso de drogas, etc). Além disso, é um quadro muito comum, cerca de 15% das mulheres têm depressão pós-parto, e isso não faz delas uma mãe pior ou melhor e nem é também por culpa ou frescura delas. Entender que isso é um quadro que necessita de atenção e tratamento é o primeiro passo para sua superação. O apoio da família e do companheiro são indispensáveis na recuperação da mulher doente”, adverte.
Antes de engravidar, a mulher deve fazer um planejamento, o que é essencial a fim de evitar problemas como o da depressão. “A mulher deve procurar seu médico ginecologista para realizar exames e tomar os suplementos necessários. Aquelas que têm depressão ou histórico podem dar início a uma terapia para terem mais apoio e suporte psicológico para enfrentar a gravidez e o pós-parto, que não são fáceis para nenhuma mulher”, enfatiza a especialista.
Contudo, muitas mulheres de diferentes idades acabam engravidando “por engano”, sem planejamento prévio. “Qualquer situação inesperada, seja uma gravidez, uma crise no casamento, perda de um emprego deve ser encarada como uma situação nova a que tenho que me adaptar agora. Buscar ferramentas para encarar a situação inesperada da melhor maneira possível. Claro que o apoio da família e do companheiro são essenciais para que a mulher encare a gravidez não como um problema, mas uma conquista. Ajudar a mulher nas tarefas do dia a dia, dar suporte quando está sensível etc.”, aconselha a Psicólogia.
Com o avanço da sociedade, hoje, o papel da mulher mudou e a especialista explica que o companheiro tem de auxiliar em todas as atividades, especialmente, as do lar. “Hoje em dia, os papeis de pai e mãe não são mais tão rígidos como antes, que a mulher era responsável por educar os filhos, cuidar da casa, alimentá-los e o homem aquele que trabalha e traz o dinheiro para casa. Agora, falamos em papel de cuidadores que homem e mulher desempenham juntos. A mulher e o homem podem escolher se trabalham ou cuidam da casa; se ambos trabalham, revezam nos cuidados dos filhos e afazeres domésticos. Sendo assim, a mulher compartilha das responsabilidades com o homem para com sua família. Ambos devem educar os filhos, os dois devem tomar as decisões para com os filhos juntos, os dois devem cuidar dos filhos juntos, um dando suporte ao outro”, finaliza.