Quanto mais preocupações levar para perto do horário de dormir, maior a tendência de ter problemas relacionados ao sono
Nos últimos anos, muito tem se falado sobre pandemia, mas já ouviram falar de “infodemia”? Trata-se de uma avalanche de informações acompanhada pelo interesse crescente de assuntos específicos como catástrofes naturais ou sociais. Não é algo novo para a humanidade, mas a transformação digital e a diversidade de canais midiáticos acabaram por potencializar o fenômeno.
Com a pandemia de Covid-19, nos meios de comunicação, principalmente via internet, circularam tanto os conteúdos idôneos e de utilidade pública, quanto os rumores e as teorias conspiratórias com intenções comerciais e até políticas com intuito de desorientar, confundir, manipular e enganar a população e a consequência é um mal estar social tão grave quanto a própria pandemia.
Assim como o vírus, a infodemia também se alastrou, que é essa produção de compartilhamento desenfreado de informações.
O primeiro impacto no comportamento coletivo é a dificuldade na tomada de decisões. O bombardeamento de informações, muitas vezes divergentes (falsas e verdadeiras), causa dúvidas e insegurança. São tantos os canais que chegam até a pessoa que é difícil manter-se indiferente e evitar a sobrecarga. Nesse ponto é que a infodemia ataca e torna as pessoas angustiadas, deprimidas e até mesmo prostradas e apáticas. O nível de estresse se eleva e aciona os mecanismos nocivos do medo, ansiedade e pânico. Ou seja, de alguma forma, adoecemos e a pessoa tende a agir de forma irracional, impulsiva e pouco empática.
Pesquisas sobre fakenews trazem exemplos como do Reino Unido em que cerca de 100 torres de telefonia móvel foram incendiadas e funcionários sofreram violência física quando teorias massivas e infundadas circularam fazendo milhares de pessoas acreditarem que a tecnologia 5G era responsável pela pandemia. No Irã, mais de 700 pessoas morreram com a ingestão de metanol, isso também oriunda de notícias falsas. No Brasil, muito se viu de fakenews, manifestações negacionistas, ações e discursos (favor e contra) ao uso de medicamentos preventivos (Covid), resistência às medidas oficiais e sobre a vacinação.
Estar exposto a um fluxo constante de notícias negativas aumenta o nível de estresse e os sintomas da ansiedade e depressão. As manchetes sensacionalistas chamam mais atenção e consumir esse tipo de informação passiva ou ativamente pode ser muito tóxico, pois o que é ouvido tem impacto direto também no humor, mesmo que seja apenas um ruído de fundo, ainda assim terá um efeito na psique.
Quando experimentamos situações de ameaça reais ou imaginárias, o nosso cérebro ativa a resposta de luta ou fuga e o nosso corpo físico e emocional reage de acordo.
Então, como gerenciar as informações que consumimos? Para a maioria das coisas da vida, a chave para uma saúde mental e física é a moderação, e nesse caso não é diferente.
Algumas dicas são:
– Limitar um tempo para estar exposto a qualquer meio de comunicação.
– Evitar deixar notícias ao fundo enquanto realiza alguma tarefa. Dar preferência a sons relaxantes ou músicas.
– Quanto mais preocupações levar para perto do horário de dormir maior a tendência de ter problemas relacionados ao sono.
– Perceber como se sente antes de consumir notícias, se o estado emocional ou até físico apresenta respostas como irritação, pensamentos pessimistas, entre outros. Procure reduzir o consumo, pois estão afetando.
– Busque agências confiáveis de notícias. Com o aumento do uso de aplicativos de mensagens, a disseminação das notícias aumentou muito. Portanto, mesmo que venham de pessoas conhecidas e confiáveis, ainda assim uma pesquisa sobre o assunto é o ideal, antes até dos compartilhamentos.
Enfim, de forma alguma, a alienação é bem-vinda. Não se deve ignorar ou evitar informações. O intuito é saber filtrar o que é absorvido. Conseguir se certificar que são conteúdos idôneos, baseados em fatos e fontes checáveis. É necessário encontrar o equilíbrio entre sentir-se informado e educado sem ficar sobrecarregado.
Maristela T. Lopes Ramos
Psicóloga -CRP: 06/136159
Tel. 19 98171-8591
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