Como saber se seu filho está entrando na pré-adolescência

O fim das brincadeiras de criança vem acompanhado de muitas mudanças, e a entrada na pré-adolescência costuma assustar tanto filhos quanto pais. Por essa razão, os pais devem ficar atentos às mudanças físicas e emocionais para entender e ajudar os filhos a passarem por essa fase.

Segundo a Psicóloga Kaleandra Quaiatti Resta, a menina começa a deixar de lado seus brinquedos e quer começar a usar batom e a pintar as unhas, e o menino, antes tão carinhoso, não quer mais ser beijado na porta da escola. “Nessa fase, eles ainda não são adolescentes, ou seja, não chegaram ao clímax da puberdade. Quando a menina tem a menarca (a primeira menstruação) e o menino, a polução noturna (ejaculação involuntária que ocorre durante o sono), significa que eles estão passando por um período de transição, mas ainda são muito infantis. Depois da puberdade, as mudanças se intensificam”, esclarece ela.

Não existe uma data exata para o início desta etapa, explica Kaleandra, mas, geralmente, começa entre os 9 e os 12 anos. “Normalmente, a transformação acontece antes para as meninas por causa das modificações no corpo. Muitas, aos nove, começam a apresentar desenvolvimento das mamas. Nos meninos, o processo é mais lento e ocorre, em média, entre dez e 12 anos. Diante da mudança, o susto dos pais é grande e alguns tentam refrear o processo e estimular as brincadeiras de criança. Em vão. Não adianta ficar insistindo para brincar. É também comum existir uma flutuação. A criança pode ter uma recaída e recuperar a boneca em alguns momentos. O importante é deixá-la fazer essa seleção espontaneamente”, adverte a Psicóloga.

As alterações hormonais das meninas começam antes e dependem, em grande parte, da data em que aparece a primeira menstruação. “As mãos e os pés podem ser as primeiras partes do corpo que começam a crescer. A estatura aumenta, começam a ter pelos nos órgãos genitais e nas axilas, o corpo ganha formas e os seios começam a crescer. A pré-adolescência de uma menina dura cerca de três anos”, explica a especialista.

Nos rapazes, esta alteração começa mais tarde e dura mais tempo, uns quatro anos. “Da mesma forma que nas meninas, a rapidez e a época de crescimento dependem da ‘herança’, da saúde, da alimentação e das emoções. À medida que crescem, os ombros alargam-se, as pernas ficam mais finas e compridas e os órgãos sexuais aumentam de tamanho. Também crescem os pelos no rosto e noutras partes do corpo, incluindo os pelos púbicos e as alterações de voz”, informa a profissional.

Seja como for o seu desenvolvimento físico, a Psicóloga explica que uma característica comum a todos os pré-adolescentes é que não se sentem confortáveis com os seus corpos. “Sobretudo, as meninas, se ficam obcecadas com o peso, podem deixar de comer ou começar a fazer dietas nada saudáveis. A preocupação com o aspecto físico estende-se também à pele. É a época da temida acne, causado pelas mudanças hormonais. A higiene e uma dieta baixa em gorduras são fundamentais para que se consiga controlar este problema, no entanto, se a acne se tornar mais séria deve levar o seu filho a um especialista para que este lhe recomende um tratamento adequado.

Uma criança na pré-adolescência tem a noção de ser demasiado jovem ou demasiado velho para certas coisas, o que acaba por produzir altos e baixos emocionais. “Estes podem ter a forma de birras, choro, descuidos, expressões de aborrecimento, suscetibilidades, etc. Os transtornos produzem, sobretudo, nas reações evidentes que o seu filho apresenta de acordo com o estado emocional. Esta falta de autocontrole deve-se às alterações hormonais que o organismo sofre. Por exemplo, chateiam-se com facilidade, sobretudo, quando não lhes dão autorização para fazerem alguma coisa para a qual acham que já estão preparados (como saírem sozinhos com os amigos), e têm reações como fecharem-se no quarto, gritar ou chorar”, informa Kaleandra.

De acordo com a Psicóloga, esta é, acima de tudo, uma etapa de rebeldia em relação aos pais e à autoridade. Na pré-adolescência querem e não querem ser independentes. Querem liberdade, querem decidir por eles mesmos, terem as suas próprias opiniões, contudo, por vezes sentem-se perdidos no mundo e necessitam de conselhos e carinhos da parte dos pais. Têm necessidade de valorizarem-se, de afirmarem-se e de se sentirem aceitos e reconhecidos pelas pessoas que se encontram ao seu redor”, acrescenta ela.

Além disso, ela afirma que os pré-adolescentes exigem uma vida privada, tanto física como sentimental. “Dependendo da personalidade de cada um, podem ser pessoas abertas ou extremamente recatadas. Muitos dos sentimentos estão relacionados com o amor e com o sexo. Por isto mesmo é que é tão fácil ouvir-se uma criança falar destes temas com os amigos, no entanto, não quer dizer que o façam com os seus pais. Por isso, a comunicação fluida entre os pais e os filhos pré-adolescentes é fundamental para se evitar males posteriores”, alerta a profissional.

Kaleandra Quaiatti Resta Psicóloga CRP: 97227

Kaleandra Quaiatti Resta
Psicóloga
CRP: 97227