Comumente vemos pessoas mexendo em seus smartphones e, normalmente, completamente vidradas. A dependência de internet, termo de maior domínio na literatura, começou a ser pesquisada no ano de 1996 quando os usuários começaram a apresentar sinais clínicos de dependência idênticos aos critérios do DSM-IV (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5.ª edição) para aqueles que eram dependentes de jogos de azar. Ainda não se chegou a um consenso sobre uma terminologia apropriada para essa condição ou comportamento do uso excessivo da internet, por isso, a comparação com esse outro tipo de dependência.
Com base nessa ideia, o diagnóstico desse vício inclui sintomas como:
– Preocupação excessiva com a internet.
– Necessidade de aumentar o tempo online para ter a mesma satisfação.
– Demonstrar esforços repetidos para diminuir o tempo de uso.
– Presença de irritabilidade e/ou depressão.
– Quando o uso de internet é restringido apresenta oscilações emocionais (agressividade, choro sem motivo aparente).
– Permanecer mais online do que o programado.
– Trabalho e relações sociais em risco pelo uso excessivo.
– Mentir aos outros a respeito da quantidade de horas online.
“Estar conectado atrai os usuários porque causa uma sensação de bem estar online e, consequentemente, as pessoas começam a ter preferência pelo contato virtual muito maior do que por relações face a face que acabam por compensar a falta de habilidade social e baixa autoestima. Traz uma ilusória distração conveniente, atrativa e fisicamente segura dos problemas da vida real. É uma fuga psicológica para situações difíceis vivenciadas que são absorvidas pelo mundo virtual cheio de fantasia e fascínio.
É inegável que a internet uniu pessoas, grupos e comunidades com interesse em comum, porém, ao mesmo tempo, trouxe o uso excessivo que tem sido reconhecido como um transtorno psicológico, principalmente, no que diz respeito a sites de redes sociais (Facebook, Instagram, Tinder, entre outros); o vício em jogos na internet também possui uma incidência alarmante de dependência”, explica a Psicóloga Maristela Ramos.
O problema do uso excessivo vem ganhando atenção pelas implicações que provoca em crianças, indivíduos e famílias. “Estão cogitando incluir essa dependência em internet em um apêndice do DSM-V. Isso aumentará a legitimidade clínica do transtorno. Provável que seja incluído entre os transtornos impulsivo-compulsivos”, explica Maristela. Esse quadro inclui quatro componentes:
1- Uso excessivo (perda noção do tempo/negligências corporais básicas).
2- Abstinência (sentimentos de raiva, tensão, depressão quando offline).
3- Tolerância (necessidade de equipamentos melhores, mais softwares, mais horas online).
4- Repercussões negativas (brigas, mentiras, baixo desempenho, isolamento social e fadiga).
“Os sintomas do vício de internet são graves e podem causar prejuízos físicos e psíquicos significativos, e, portanto, a preocupação com seu diagnóstico e tratamento não pode ser deixada de lado.
Não existe um tratamento padronizado para essa dependência, mas, o primeiro passo para uma recuperação é que, no tratamento psicoterápico, sejam investigadas comorbidades (físicas, psíquicas e emocionais) as quais o dependente talvez esteja lidando e as motivações que o estejam levando ao uso excessivo da internet.
Essa investigação permitirá que a pessoa compreenda como usa a internet para compensar suas necessidades sociais e emocionais. Ou seja, não se pode simplesmente afastar o indivíduo do mundo virtual, sem oferecer suporte para as outras problemáticas que este sofre. Tratamentos farmacológicos também têm sido explorados, principalmente, para quadros afetivos e ansiosos”, conclui a psicóloga.