Como valeu a pena!

Era um sábado de manhã em que ela poderia estar em casa arrumando as coisas porque trabalhava fora. Deveria estar preparando o almoço para a família, e, no entanto, estava sentada num banco frio de concreto, na arquibancada de um campo de futebol de várzea. Poucas pessoas presenciavam a partida. Um vento gelado que ela soprava as mãos para aquecê-las, arrependida de não ter trazido as luvas, quando um grito ela pode ouvir da entrada do vestiário dos jogadores.

– Senhora… Como é mesmo o seu nome? – Era o treinador de *Eder, de doze anos.

– Seu filho será escalado para o jogo de hoje no time principal. Daqui a pouco, ele entrará em campo com a camisa onze. Ele esforçou-se muito este ano.

– Obrigada – ela respondeu orgulhosa do filho que deu o máximo de si a esse time. Sabia quanto ele queria começar a jogar no time principal. Estava feliz e orgulhosa.

Foi até a lanchonete e pediu um café com leite quente e voltou ao seu lugar.

Segurou o copo entre as mãos, deixando que a fumaça aquecesse seu rosto.

O time entra em campo. Todos os jogadores são mais ou menos parecidos. Procurou o número da camisa do filho. Ele não está ali. É outro que menino que está na ponta esquerda. Ficou sem acreditar. Teve certeza que era outro menino com a camisa onze. “Como poderia ser? O que estaria acontecendo?” Olhou para o treinador. Queria correr até lá e perguntar o que houve, mas sabia que não era sua atitude. Tinha aprendido, naqueles anos, como as mães devem se comportar a não conversar com o treinador durante o jogo.

Logo viu o filho sentado no banco de reserva. Tentava adivinhar seus pensamentos, mas sabia que ele havia aprendido como os homens, a esconder os sentimentos.

Sentia o coração despedaçado. Não compreendia o que levava os garotos a passarem por situações como esta.

– “É por aí…” – grita o pai do menino que substituiu seu filho.

Podia ver o orgulho dele pelo filho. O mesmo pai que uma vez saiu da arquibancada xingando quando seu filho errou um pênalti. Mas por enquanto ele estava orgulhoso. O filho dela estava no banco de reserva. Quando chega o segundo tempo, seu filho está sendo chamado para jogar. Ele se levanta e começa a fazer alongamento e exercícios. Ela se agarra no banco. A partida recomeça.

São mais um tempo de expectativa e torcida por um gol. Quando seu filho pega a bola, sente que a torcida se entusiasma. Os olhos marejam. Tenta controlar.

O jogo termina. Enquanto ela aguarda Eder, o treinador se aproxima.

– Sra. Antonieta. Quero que saiba que seu filho é um ótimo garoto.

– Por quê? – ela pergunta, aguardando que ele explique o combinado no começo.

– Quando eu disse a seu filho que ele poderia entrar no primeiro tempo, ele recusou. Pediu-me que desse a sua vez ao amigo, porque seria muito mais significativo para o seu companheiro.

Ela vira e vê seu filho sendo abraçado por outros colegas. Compreende, então, porque ela está na arquibancada: De onde mais ela poderia ver o filho transformar-se em um homem, em um amigo solidário? Agradece a Deus pelo caráter de Eder!

Oscar do Carmo Silva Neto MTB – 66134-MT/SP
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