Conheça a história de Ariel contra o preconceito por ser transexual

Ariel Campos Ortmann, de 25 anos, se considera trans não binário, pois nunca se identificou com algum gênero

Desde a infância, Ariel tinha certeza de que era um menino. Sempre se viu como uma pessoa cisgênera (que se identifica com o gênero que nasceu), pois nunca entendeu a diferença entre o papel de gênero, entre menino ou menina. Após se assumir em 2010, como homossexual, não chegou a sofrer preconceito por parte da própria família, porém, fora de casa, a situação foi diferente.

Preconceito
Ariel diz ter sofrido preconceito em entrevistas de emprego, inclusive, até perdeu um emprego simplesmente por causa de sua voz grossa. Em uma viagem, foi retirada de um banheiro feminino por um policial… Mas, o lugar onde mais sofreu foi na igreja.

Identificação
Ariel se considera um trans não binário, pois nunca teve identificação de gênero. “O que me fez abrir os olhos e me encontrar no mundo trans foram o preconceito e minha maior vontade de tirar os seios. Eu passava vontade, em shopping, para ir ao banheiro; as pessoas me olhavam torto, achando que estava no banheiro errado. Tinha medo de entrar no masculino e alguém perceber que era uma mulher”, diz.
Desde novo, ele se veste com roupas masculinas. Sua mãe até hoje diz que Ariel, quando criança, descobriu a diferença entre uma saia e uma calça, e que, desde então, nunca mais colocou uma saia na vida. Foi também na infância que começou a ter interesse por garotas, assim como o sonho de tirar os seios.
Hoje, Ariel é do sexo masculino e tem barba, pois acha que assim sofrerá menos preconceito. “A barba me faz tentar criar coragem e entrar no banheiro masculino sem que ninguém veja que sou um trans, dentre outros preconceitos que nos rodeiam e o gênero masculino para que, um dia, eu possa registrar meu filho sem burocracia, que é um sonho pós-cirurgia que realizarei”.
A cirurgia a que Ariel se refere é a mastectomia, responsável pela remoção completa da mama. Ele diz que nunca deixará de mostrar sua identidade e dizer que é uma pessoa trans, pois lutou até hoje para se encontrar, e finalmente conseguiu.
O estudante de Educação Física diz não se importar em ser chamado no masculino ou feminino, por isso, escolheu um nome unissex, justamente por não se identificar com gênero.
“Este ano, estou prestes a realizar o meu maior sonho que é a mastectomia. Posso dizer que sou alguém realizado em todos os sentidos. Tenho pessoas que me amam como sou, e um emprego onde me respeitam”, finaliza.